segunda-feira, 10 de junho de 2019

Novo prazo para MPs serve para quê ?


            
          O governo Bolsonaro deverá pagar um preço exorbitante  pela nova Proposta de Emenda Constitucional  (PEC) , que altera radicalmente os prazos para tramitação de medidas provisórias (MPs), o que exigirá maior capacidade de articulação política do governo.
              A imposição dessa nova PEC, relativa às medidas provisórias, que como uma camisa de força torna a aprovação de vindouras PECs mais trabalhosa, eis que altera para menos os prazos para a tramitação das medidas provisórias, o que deverá exigir mais capacidade de articulação política do Governo.
               Por que o Congresso dita tais normas? É apenas uma manifestação de seu maior poder?  Dada a pouca articulação política da Administração Bolsonaro, a imposição de tais regras draconianas - prazo de quarenta dias em uma comissão especial  (sem embargo, a média de tempo nessa primeira fase de tramitação é superior ao dobro da autorizada - 87 dias ! )
                 Atualmente, há um prazo de 60 dias, prorrogável por mais sessenta. Não há,  entretanto, qualquer distinção entre o tempo de tramitação na Câmara e no Senado.
                   Além disso (prazo da comissão especial), as novas regras precisam ser aprovadas em 40 dias pela Câmara, e em 30 pelo Senado, e em mais outros dez dias pelos deputados, caso os senadores façam alterações no texto.
                     Para que se tenha ideia da dificuldade imposta pelas novas regras, apenas quatro das 206 medidas (editadas pelos governos desde 2015) teriam sido aprovadas nos governos Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro.

                      Para Antônio Queiroz, diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) a PEC articulada pelo Congresso é "uma resposta precipitada, impensada e imatura", que pode "levar à ingovernabilidade."                
                        Para Queiroz é justo estabelecer um tempo igual de tramitação entre Câmara e Senado, mas o erro é a previsão da PEC de a MP caducar, caso não aprovada na comissão.

                         Na avaliação de Queiroz - "é uma atitude imprudente, porque a MP é um instrumento imprescindível em alguns casos urgentes.  E se por ressentimento ou interesses econômicos o relator decide sentar em cima na comissão?  Será um problema para esse e outros governos. Essa possibilidade de caducar já na fase da comissão mista é, no mínimo, temerário. Beira a irresponsabilidade."

                            A lider do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) nega que seja inviável cumprir os prazos estabelecidos na PEC, caso ela seja aprovada esta semana pelo Senado.
                             - Tem, sim (como cumprir). Com prazo estabelecido, os partidos terão que indicar rapidamente os membros e nós vamos ter que dar conta do recado - diz a líder do Presidente Bolsonaro.

                               A despeito do otimismo da novel líder do governo Bolsonaro, estou com o parecer de Antonio Queiroz, diretor do DIAP. Se para governos com adequada articulação política, essa túnica de Nesso já seria um formidável impedimento, o que dizer do politicamente até hoje desarticulado governo Bolsonaro?

( Fontes: O Globo, mitologia )

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