É
um reflexo, sem dúvida, da crise que atravessa o Rio de Janeiro, o interminável
inquérito para determinar a autoria do assassínio de Marielle Franco, e de seu motorista Anderson Gomes. Ocorrido em meados de março de 2018, a
não-determinação até hoje de quem mandara matar Marielle (e seu motorista
Anderson) é decerto reflexo indireto dessa situação no Rio de Janeiro, em que
até agora os serviços policiais cariocas ainda não lograram indicar o provável
suspeito do megacidio.
Em ulterior
desenvolvimento do caso, a Polícia
Civil prendeu o sargento da PM Rodrigo
Jorge Ferreira, o Ferreirinha,
que chegara a ser havido como a principal testemunha do inquérito sobre o
assassinato da vereadora Marielle Franco
(PSOL) e de Anderson Gomes.
Em
seu depoimento,, prestado à Divisão de Homicídios, dois meses depois do
crime, ele acusara o vereador Marcello
Siciliano (PHS) e o miliciano Orlando
Oliveira de Araújo, o Orlando de Curicica, de tramarem a
morte de Marielle. Nessa ocasião, Ferreirinha
afirmou ter acompanhado encontro entre Orlando (para quem prestava serviços) e
Siciliano. Ambos, segundo essa fonte, criticaram a vereadora por atrapalhar
negócios de uma milícia na Zona Oeste.
Tanto Orlando - que está preso em penitenciária federal - e Siciliano
negaram qualquer envolvimento com o crime. Ferreirinha passou a ser investigado
em inquérito da Polícia Federal, e foi acusado de tentar atrapalhar a apuração
da morte de Marielle e Anderson. Na manhã de ontem o PM Ferreira foi preso em Pedra de
Guaratiba, durante a Operação
Entourage, da qual participaram a Delegacia de Homicídios da Capital, o
Gaeco
(Grupo de Atuação especial de Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público e a Corregedoria da PM.
Ferreirinha foi preso sob a acusação de integrar, entre 2015 e 2017. a
milícia comandada por Orlando. Também foram presos na mesma operação Rafael
Carvalho Guimarães e Eduardo Almeida Nunes Siqueira. Os dois haviam sido
apontados por Ferreira como responsáveis pela clonagem do carro empregado pelos
assassinos de Marielle e Anderson.
Segundo o Delegado Daniel Rosa,
titular da Delegacia de Homicídios da Capital, eles integram a quadrilha de Orlando de Curicica, acrescentando que
o miliciano continua a ser suspeito de envolvimento no megacídio.
De acordo ainda com este Delegado, Ferreirinha foi segurança e motorista
de Orlando, até romper com ele, quando passou a denunciá-lo. O Delegado Rosa afirmou que ele e o PM também
cobravam taxas de moradores e comerciantes da região de Curicica. Ferreirinha,
que foi procurado em quatro endereços, e que acabou se entre-gando após
negociação conduzida por sua advogada, Camila Nogueira.
Consoante
a polícia, foram identificados 28 integrantes da milícia, tendo sido oito deles
presos ontem.
- As investigações
mostraram que esse bando atuava na extorsão de comerciantes e explorava o comércio
de água e gás, além de estar envolvido em grilagem e invasão de propriedades -
explicou a respeito o Promotor do Gaeco
Michel Zoucas.
Por sua vez, esse intrincado
tapete de dados sobre o megacídio, segundo reportagem do Estado de S. Paulo, o
dito Ferreirinha, que trabalhara como motorista para Orlando de Curicica,
e é jurado de morte por este último,
o mesmo Ferreirinha disse à polícia que o bando de Curicica seria o responsál
pelo crime. Completando essa explosiva combinação, o dito Ferreirinha declarou
que o mandante do crime seria o vereador
Marcelo Siciliano. Os dois apontados sempre negaram o envolvimento.
Para complear o quadro, investigação da P.F.
concluíu que Ferreirinha mentira, atrapalhando as investigações.
Ainda enquanto à
autoria, a advogada Camila Nogueira,
que defende Ferreirinha, afirmou à P.F. que desconfia da versão do cliente e
que se sente usada por ele.
A quadrilha
(milícia) é acusada de atuar em catorze comunidades, aterrorizando moradores e
comerciantes. Os inquéritos
levantaram que o grupo explora
ilegalmente serviços básicos na região, como transporte, lazer, alimentação e
segurança. Os milicianos (a maior parte oriunda da PM) cobram as chamadas taxas de
"proteção" de comerciantes e "pedágios" de trabalhadores de
vans (caminhonetes de transporte alternativo nos subúrbios cariocas), além de
dominarem associações de moradores.
( Fontes: O
Globo e Estado de S. Paulo )
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