Em
artigo para o Washington Post, Philip
Kennicott se reporta não só à desgraça
de Oscar Alberto Martínez e sua filha Valeria, como àquela do menino Alan Kurdi, que aparecera em
praia pedregosa de ilha perdida no mar Jônico, em imagem que comovera o mundo, pois se diria dormir, com o rosto
oculto pelos bracinhos inocentes, no que é talvez a epítome da provocada
barbárie, com que Bashar al-Assad salvou
a sangrenta presidência, com a cavilosa ajuda de Vladimir Putin.
O
garoto Alan parece repousar placidamente. Nunca foto de criança morta terá
exposto naquele grácil corpo em que semelha dormitar a cruel antítese entre a
bestialidade da guerra e o seu rastro
maldito de vítimas. Ali, se diria tira
uma sesta criancinha inocente, em descanso que desejamos provisório, pois Alan
cochila apenas sob aquele céu complacente do mar Jônico, enquanto sua mãe não
volta.
E
a imagem, na sua placidez, fustiga com
mais força tudo que ela parece ocultar, como se a mãe já estivesse a caminho
para abraçar a criança e levá-la para o abrigo seguro.
O
drama, na verdade a tragédia, das diferenças na sorte me parece também presente
na morte de pai e filha que pensaram possível enfrentar e vencer o desafio da
fronteira entre México e Estados Unidos. De um lado, a cara fechada que parece
querer encarnar a força da superpotência. Donald Trump é um embuste ambulante, o cenho
carregado, a encenação levada ao cúmulo, como se possível fosse enfiar-se a
terrível carantonha para intimidar a López Obrador.
Tanto um, quanto outro, Amlo e Donald, apesar dos esforços que fazem,
não impressionam. Aquele por não entender o que sua gente mais do que quer,
precisa; este, por pensar que cara feia, significa firmeza.
Nesta semana, consumida por doença, Angela Merkel não enjeita
compromissos oficiais. O seu povo a conhece e decerto lamenta a próxima
partida. Logo ela que enquanto os mais fechavam os portões das duanas, as abriu
para um milhão de sírios desesperados.
Na coragem, ela deu uma
lição a líderes europeus que mais acreditavam na solução do arame farpado.
Enquanto outros se escondiam, ela mostrou destemor. Os timoratos, com suas
caras feias e sisudas, pensaram que ela
cairia breve.
Estavam equivocados.
Hoje, depois de anos, ela tem de arrostar um desafio ainda maior. Terá, por
força superior, de sair da Chancelaria
federal. Mas o fará com a determinação e
a firmeza que lhe marcaram na coragem política e na conhecida humanidade a sua permanência à testa da Bundeskanzlei
que, no passado, fora de Konrad Adenauer
(CDU) e Willy Brandt (SPD).
( Fontes: Phillip Kennicott, O Estado do S. Paulo, Washington Post, The New
York Times , Der Spiegel,
Nouveau Larousse Encyclopédique )
Nenhum comentário:
Postar um comentário