Com
dívidas, que vão a R$ 98 bilhões, a Odebrecht pede a maior recuperação da
história, na América Latina. Considerado como
um dos maiores impérios empresariais no Brasil, o grupo vinha sofrendo
uma série de reveses, desde que se tornara um dos pivôs da Lava-Jato.
O
pedido abrange 21 companhias, incluindo
as controladoras Kieppe e ODBinv, e no total, R$ 83,6 bilhões poderão ser
renegociados judicialmente.
Acresce notar que as empresas operacionais, como Engenharia e
Construção, Enseada e OR, ficaram de fora e vão renegociar suas dividas em
separado. Os rumores de um pedido de
recuperação vinham desde a semana passada, mas o toque final foi o pedido de execução de uma dívida do Estádio do
Corinthians pela Caixa.
O banco em questão vem há várias semanas intentando receber parte das
dívidas da companhia. Além da Caixa,
Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Santander, BNDES e FI-FGTS são os maiores
credores da Odebrecht.
Assinale-se
que o pedido de recuperação
judicial feito pela Odebrecht SA, ontem na 1ª Vara de Falências e
Recuperação Judicial, desmonta um dos maiores impérios industriais que o
Brasil já teve. Com dívidas de R$ 98,5 bilhões (incluindo empréstimos
intercompanhias) a mega empresa - que já foi símbolo da bonança na economia
brasileira - agora em um melancólico revertere é responsável pela maior recuperação judicial da história
do País e da América Latina.
Desde que virou um dos pivôs do maior escândalo de corrupção do Brasil,
a Operação Lava Jato, o conglomerado vem sofrendo um revés atrás do outro. Nesse período , os
contratos minguaram e a dívida tornou-se grande demais para as novas dimensões do grupo baiano, que não teve outra alternativa a não ser recorrer à
Justiça para se proteger do ataque dos credores.
O pedido feito ontem inclui 21 companhias, incluindo a Kieppe e a ODBinv
- controla-doras da Odebrecht. Já as
empresas operacionais, como Engenharia e Construção, Enseada e OR (braço
imobiliário do Grupo) ficaram de fora da
recuperação, segundo comunicado da empresa. Dessarte, elas continuarão
renegociando suas dívidas separadamente.
Dos R$ 98,5 bilhões, R$ 51 bilhões serão de fato renegociados com os
credores; R$ 33 bilhões são de empréstimos intercompanhias; e R$ 14,5 bilhões
são alienação fiduciária - boa parte relativa a dívidas garantidas com ações da
Braskem.
Consoante o parecer de especialistas, embora esse montante esteja fora
da recuperação judicial em um primeiro momento, os credores poderão aderir ao
processo mais tarde. Isso significa que, no total, R$ 83,6 bilhões poderão ser
renegociados no âmbito judicial.
O pedido feito pela Odebrecht começou a ganhar mais força na semana
passada. A empresa tentativa de todas as
formas escapar de uma recuperação judicial por acreditar que o processo destrói
o valor da empresa. Mas, com a pressão promovida pela Caixa Econômica Federal
nos últimos dias, o grupo Odebrecht
sucumbiu à necessidade de recorrer à
Justiça. Ontem, antes de seguir para o Fórum, em São Paulo, advogados e executivos do grupo ficaram reunidos
durante boa parte do dia. O despacho com o juiz estava marcado para as quatro
da tarde; Quase 50 minutos depois, o pedido
já havia sido protocolado pelo
escritório E. Munhoz.
A gota d'água para o grupo foi o
início do pedido de execução de uma dívida do Itaquerão pela Caixa. Desde que a Atvos - empresa de açúcar e
álcool da Odebrecht - entrou em recuperação judicial em maio, o banco iniciou campanha para receber parte
das dívidas do Grupo. O objetivo da Caixa era conseguir ações da Braskem como
garantia à sua exposição ao grupo. Dos bancos credores, apenas Caixa e o Banco
Votorantim não têm seus créditos junto ao grupo cobertos por ações da petroquímica. A exposição da Caixa na Odebrecht
supera R$ 2 bilhões. (a continuar)
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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