terça-feira, 18 de junho de 2019

Odebrecht pede inédita recuperação


                
       Com dívidas, que vão a R$ 98 bilhões, a Odebrecht pede a maior recuperação da história, na América Latina. Considerado como  um dos maiores impérios empresariais no Brasil, o grupo vinha sofrendo uma série de reveses, desde que se tornara um dos pivôs da Lava-Jato.
           O pedido  abrange 21 companhias, incluindo as controladoras Kieppe e ODBinv, e no total, R$ 83,6 bilhões poderão ser renegociados judicialmente.
            Acresce notar que as empresas operacionais, como Engenharia e Construção, Enseada e OR, ficaram de fora e vão renegociar suas dividas em separado.  Os rumores de um pedido de recuperação vinham desde a semana passada, mas o toque final foi o pedido  de execução de uma dívida do Estádio do Corinthians pela Caixa.
              O banco em questão vem há várias semanas intentando receber parte das dívidas da companhia.  Além da Caixa, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Santander, BNDES e FI-FGTS são os maiores credores da Odebrecht.
              Assinale-se  que o pedido de recuperação  judicial feito pela Odebrecht SA, ontem na 1ª Vara de Falências e Recuperação Judicial, desmonta um dos maiores impérios industriais que o Brasil já teve. Com dívidas de R$ 98,5 bilhões (incluindo empréstimos intercompanhias) a mega empresa - que já foi símbolo da bonança na economia brasileira - agora em um melancólico revertere é responsável  pela maior recuperação judicial da história do País e da América Latina.
                Desde que virou um dos pivôs do maior escândalo de corrupção do Brasil, a Operação Lava Jato, o conglomerado vem sofrendo  um revés atrás do outro. Nesse período , os contratos minguaram e a dívida tornou-se grande demais para as novas dimensões do grupo baiano, que não teve outra alternativa a não ser recorrer à Justiça para se proteger do ataque dos credores.
                 O pedido feito ontem inclui 21 companhias, incluindo a Kieppe e a ODBinv - controla-doras da Odebrecht.  Já as empresas operacionais, como Engenharia e Construção, Enseada e OR (braço imobiliário do Grupo)  ficaram de fora da recuperação, segundo comunicado da empresa. Dessarte, elas continuarão renegociando suas dívidas separadamente.
                  Dos R$ 98,5 bilhões, R$ 51 bilhões serão de fato renegociados com os credores; R$ 33 bilhões são de empréstimos intercompanhias; e R$ 14,5 bilhões são alienação fiduciária - boa parte relativa a dívidas garantidas com ações da Braskem.
                   Consoante o parecer de especialistas, embora esse montante esteja fora da recuperação judicial em um primeiro momento, os credores poderão aderir ao processo mais tarde. Isso significa que, no total, R$ 83,6 bilhões poderão ser renegociados no âmbito judicial.
                   O pedido feito pela Odebrecht começou a ganhar mais força na semana passada.  A empresa tentativa de todas as formas escapar de uma recuperação judicial por acreditar que o processo destrói o valor da empresa. Mas, com a pressão promovida pela Caixa Econômica Federal nos últimos dias,  o grupo Odebrecht sucumbiu  à necessidade de recorrer à Justiça. Ontem, antes de seguir para o Fórum, em São Paulo, advogados  e executivos do grupo ficaram reunidos durante boa parte do dia. O despacho com o juiz estava marcado para as quatro da tarde;  Quase 50 minutos depois, o pedido já  havia sido protocolado pelo escritório E. Munhoz.
                   A gota d'água  para o grupo foi o início do pedido de execução de uma dívida do Itaquerão pela Caixa.  Desde que a Atvos - empresa de açúcar e álcool da Odebrecht - entrou em recuperação judicial em maio,  o banco iniciou campanha para receber parte das dívidas do Grupo. O objetivo da Caixa era conseguir ações da Braskem como garantia à sua exposição ao grupo. Dos bancos credores, apenas Caixa e o Banco Votorantim não têm seus créditos junto ao grupo cobertos  por ações da petroquímica. A exposição da Caixa na Odebrecht supera R$ 2 bilhões. (a continuar)     

( Fonte: O Estado de S. Paulo  )       

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