sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Quem furtou 500 milhões de usuários?

                    

         Segundo informa o Yahoo - com dois anos de atraso - hackers furtaram dados de 500 milhões de usuários.   
         Dos dados surripiados desse veterano operador na informática só agora os interessados são inteirados. Especialmente na área da informática, é muito, demasiado tempo mesmo, para inteirar os clientes afetados por uma quebra de segurança dessa amplitude.
         Se justamente agora, quando a Verizon Communications, uma das maiores companhias atuantes na internet, está adquirindo o Yahoo, por  $4.8 bilhões,  parece difícil descartar a possibilidade de que seja justamente por causa do processo de aquisição que tal maciço roubo de informações tenha vindo a lume.
          O que foi roubado se deve à ação realizada por agente patrocinado por um Estado. Esta é a  única indicação disponibilizada  tendente a fornecer alguma luz sobre esse mega-ladrão cibernético. 
           A sua fome informativa, segundo refere a notícia do "New York Times",  abrangeu nomes, endereços de e-mail, números de telefone, datas de nascimento, senhas encriptadas, e, em alguns casos, questões de segurança.
             Há varios elementos neste negócio que podem prejudicar a transação acima mencionada. Primo, dois anos é tempo demais para descobrir invasão de tal gênero. Secondo, vazamentos relativos a quebras na segurança começam a aparecer. Assim, nesta quinta-feira uma quebra potencial nos sistemas da Yahoo  foi sinalizada em primeira mão pelo site de notícias tecnológicas Recode na manhãzinha de quinta feira.   
              No submundo da informática, quando se alude a agente patrocinado por um Estado,  os principais suspeitos são a RPC, que recentemente invadiu o setor de informática do Estado Americano, roubando as identidades, endereços e dados bancários dos funcionários americanos; a Rússia, com o seu grande números de hackers e as características éticas do regime imperante na Federação Russa (para quem tem dúvidas, recomenda-se a leitura do livro 'Putin's Kleptocracy', da profª Karen Dawisha, embora essa professora universitária não se ocupe diretamente do mundo da informática. Contudo, pelas informações que dá acerca da interação com o racket, já é mais do que suficiente para tornar a Rússia um dos principais candidatos a calçar os sapatos de "agente patrocinado por um Estado").
                 De qualquer forma, os recentes vazamentos sobre a enorme  quebra de segurança cibernética da veterana Yahoo, deverão afetar e muito, não só o preço da transação, mas também e sobretudo eventual  possibilidade de  quebra de confiança que inviabilize o negócio.
                Depois entra em cena  o russo Tessa88 - agindo em site clandestino e exibindo amostra de coleção furtada para que fosse autenticada - mas não pôde ajudar na 'autenticação', ao não ter condições de  determinar se a coleção procedia da própria Yahoo ou de uma terceira parte.
                Já em agosto, um segundo hacker que se chama 'a paz da mente' (peace of mind) passou a oferecer grande coleção de credenciais roubadas da Yahoo - inclusive nomes de usuários, senhas facilmente quebradas, datas de nascimento, códigos ZIP e endereços de e-mail - em um site denominado TheRealDeal (o verdadeiro negócio), onde os hackers podem comprar e vender  dados roubados, segundo informa  Alex Holden, o fundador de Hold Security, que consider o furto na Yahoo "uma das maiores quebras da privacidade do povo e de extremo alcance".
                De qualquer forma, dois anos é um tempo pouco comum para identificar um incidente de hacking (invasão cibernética).  De acordo com o Instituto Ponemon, que se ocupa de quebras de dados, o tempo médio para que uma organização identifique um ataque de hacking é de 191 dias, e o tempo médio para conter a invasão é de 58 dias depois da descoberta.
                 Os expertos em segurança afirmam que esta quebra maciça pode acarretar processos coletivos de categorias eventualmente prejudicadas, em adendo a outros custos. Nesse contexto, relatório anual do Ponemon  Institute em julho último determinou que os custos envolvidos por um furto de dados é de US$ 221, por arquivo surrupiado.  Se computarmos tal informação,  o valor seria superior ao preço de venda de US$ 4.8 bilhões da Yahoo.
                 Diante de tanta confusão, a pergunta que  está na mente dos interessados é se a transação entre a  Verizon Communications e a Yahoo continua em pauta.
                 Por último, o Senador democrata da Virginia, Mark R. Warner,  antigo diretor tecnológico, emitiu declaração em que reconhece: "é enorme a seriedade desta quebra (breach) na Yahoo."
                  A sua proposta é que a questão, ao invés de ser tratada por leis estaduais,  passe a ser regulada  por lei federal, especialmente no que tange  "ao padrão de notificação de quebra (breach)". Atualmente, pela sistemática utilizada, o prazo das notificações por  quebra de segurança de dados varia de estado para estado. Por outro lado, Mr Warner se reconhece muito perturbado pelo fato de que o público só venha a saber de tal incidente  dois anos depois da ocorrência do fato.


( Fonte: The New York Times )    

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