terça-feira, 27 de setembro de 2016

Notícias da Corte (II)

                              

Operador do PMDB depõe na Lava-Jato


         A 35ª fase da Lava-jato, a Operação Omertà, em operação de condução coercitiva e de buscas e apreensões, levou para interrogatório o lobista  Milton de Oliveira Lyra  Filho, que é ligado ao Presidente do Senado,  Renan Calheiros (PMDB-AL).
         A Omertà identificou relações de Lyra  com recebedores de propinas da Odebrecht, que estão identificados nas meticulosas  planilhas do Setor de Operações  Estruturas  da empreiteira - que é apontado, de resto, pela força-tarefa da Lava-Jato como o "departamento da propina".
         Milton Lyra, segundo registra o Estadão, é empresário sediado em Brasília.  Já há alguns anos chefia o empreendimento comercial Meu Amigo Pet, que uma rede de produtos destinada a animais de estimação. Essa rede, além de valer-se da internet, dispõe igualmente de lojas físicas. 
          Relacionado com numerosos políticos, Milton |Lyra se aproximou do presidente do Senado, Renan Calheiros, já há cerca de dez anos.   Lyra também já trabalhou  com o usineiro e ex-deputado João Lyra. A sua última eleição foi em 2010, pelo PTB, das Alagoas, mas mais tarde se filiou ao PSD.
           Lyra apareceu em delação premiada, firmada com a Procuradoria-Geral da República, por Nelson Mello, ex-diretor  de Relações Institucionais do Grupo Hypermarcas.  Mello afirmou  que pagou R$ 30 milhões a dois lobistas com trânsito no Congresso para efetuar repasses  para senadores do PMDB, entre eles o Presidente do Congresso, Romero Jucá (RR) e Eduardo Braga (AM).  Além de Milton Lyra, foi igualmente citado Lúcio Bolonha Funaro.  Lyra afirmava agir em nome dos senadores da "bancada do PMDB", que teriam sido  destinatários da maior parte da propina, informa o delator.
            Mas Lyra também é investigado em outra área, aquela que apura desvios nos fundos de pensão. Ele aí aparece como operador de duas empresas que captaram R$ 570 milhões do Postalis, fundo de pensão dos Correios.
                    
            Além disso, o lobista é beneficiário da offshore Venilson Corp., aberta em fevereiro de 2013 no Panamá, segundo assinalam os documentos do Panama Papers.  Essa empresa foi usada para abrir conta  numa agência do banco UBS na Alemanha.  Tal instituição bancária encerrou as relações com o brasileiro cerca de dois meses mais tarde, quando houve tentativa de movimentar  alta quantia pela conta sem que fosse esclarecida a origem do numerário.
             Por outro lado, em fins de 2015, o lobista Lyra aparece em um bilhete apreendido  na casa de Diogo Ferreira, então chefe do gabinete do Senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS), que tratava de suposta propina de R$ 45 milhões. Lyra nega qualquer tipo de  conexão com o aludido caso.
 
Comissão de Ética vai examinar fala de Moraes      


             Nesta terça-feira, a Comissão de Ética Pública, vinculada ao Planalto, irá discutir se abre ou não procedimento para investigar as declarações do Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, acerca da Operação Lava-Jato.
              Já no Congresso a oposição a Michel Temer anunciou duas providências: PT e PCdoB entraram com representação na PGR contra o Ministro da Justiça, assim como parlamentares oposicionistas estudam convocá-lo para prestar esclarecimentos sobre a afirmação  de que uma nova fase da Operação Lava-Jato poderia ser deflagrada nesta semana.
               Não basta que o Presidente Temer faça saber que chamou Moraes a palácio para dar-lhe um puxão de orelhas. Preservar a operação Lava-Jato de ingerências políticas é algo mandatório, e tem de ser respeitado.



( Fontes:  O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo )

Nenhum comentário: