sábado, 10 de setembro de 2016

Da postura de Temer e da AGU

                          
        Sei que o governo de Michel Temer atravessou fase difícil, em que carecia de legitimidade e sofria sob a artilharia do PT. Por falar nisso, quero crer que a oposição fará bem não sei se a Lula e aos outros pajés petistas, mas à turma intermediária e aos militantes.
        Gato gordo depois de tantos anos a mamar do poder, fica difícil encontrar-lhes veracidade nas próprias causas.
        Agora que Dilma não é mais a moradora do Alvorada - por especial cortesia de Ricardo Lewandowski lhe ficaram algumas prebendas dos faustosos tempos - e Lula caminha para de novo encontrar-se com os Javert da Lava-Jato, os militantes têm que tirar água de pedra, e ganhar confiança com as suas palavras de ordem.
        Fora Temer!! é um slogan com certo appeal para eles, por ter poucas sílabas. Por enquanto, a militância - como o mergulhador de Paestum - tem que lançar-se às águas revoltas da oposição nas ruas. Sabe-se lá, o que lhes espera. Aqueles que vierem por esse caminho, como Lindbergh, talvez percam as gorduras do poder, ainda que estejam nas mordomias do Senado Federal, mas de qualquer forma não podem ter esquecido as agruras da oposição.
        O tal slogan parece que faz ainda mais efeito com o titular. Ele não semelha muito seguro da própria legitimidade. Enquanto não perder esse encabulamento - evitando usar a faixa presidencial, quando é devida - e tentando fazer passar de fininho a sua condição de presente em alguma solenidade que lhe reclama o comparecimento, não vai bem com quem não está aí por acaso. Querendo ser Presidente da República de todos os brasileiros, a sua posição ficará mais fácil se tiver a ombridade de assumi-la.
        O seu Governo tem de assumir a Lava-Jato. Ela é de todos os brasileiros, e é muito por causa dela que o Senhor está onde está.
        É meio marota essa queda rápida do AGU, mas havia causas bastantes para explicá-la. A principal talvez era o pouco trânsito de Fábio Medina Osório com os ministro do Supremo. Nesse contexto,  um dos ministros da Corte se queixou a pessoas  próximas a Temer  de que o Chefe da AGU não tinha habilidades políticas...
           Outros fatos negativos se foram acumulando na ficha de Padilha. Apesar de que fosse o seu padrinho político no cargo, ele se foi estranhando com Eliseu Padilha. Ao chamá-lo para um despacho, Medina Osório teria dito que preferia despachar com o Presidente.
           Também o AGU não tinha afinação com o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle (a antiga CGU), a respeito do processo de leniência.
            Apesar de reconhecer que pensava achar-se na linha de fogo para ser demitido, ao concretizar-se a respectiva impressão da iminência da própria demissão, ele pediu de forma um tanto patética que ela só fosse oficializada após a posse da Ministra Carmen Lúcia como Presidente do STF, que está marcada para a segunda-feira,  dia doze de setembro. Nem isso foi possível.
             Ao manifestar o próprio desconforto com a forma da demissão - quero ser demitido pelo Presidente! -, teve de aceitar a resposta de Padilha:
"Mas eu estou falando em nome do Presidente".
              O Governo Temer escolheu para sucedê-lo a advogada Grace Mendonça. Nos últimos treze anos, Grace é funcionária de carreira da AGU, e comandou a Secretaria-Geral do Contencioso, órgão responsável por representar judicialmente a União junto ao Supremo.
               Consultados pelo Planalto, Ministros do STF elogiaram a escolha do Planalto.


( Fonte:  O  Globo )

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