terça-feira, 27 de setembro de 2016

O PT e a Lava-Jato

                              

       Fazia muito que pesava sobre Antonio Palocci a suspeita das 'consultorias'. Visto com um bom, excelente mesmo quadro do PT, a sua trajetória no grande serviço público se viu várias vezes prejudicada por suspeitas que se lhe atravessaram no caminho.
      Tal ocorrera na Casa Civil de Dilma e no Ministério da Fazenda, no governo Lula, quando o estranho caso do caseiro interrompeu-lhe a exitosa trajetória.
       No tempo anterior à Lava-Jato, gerou suspicácia o cabedal acumulado por Palocci. Demasiadas consultorias, que por seu  montante acumulado se tornam algo difíceis de engolir.
        Hoje,  Antonio Palocci inaugura a 35ª fase da Lava-Jato, com o cognome de 'omertá' (que é o silêncio dos mafiosos sobre os respectivos crimes). O fato que venha a ser retirado da penumbra  por essa nova fase da Lava-Jato, é mais um golpe no Partido dos Trabalhadores, já enfraquecido pela carga excessiva da corrupção que não parece ter recato algum.
         Ele é investigado como operador de propinas das empreiteiras, uma espécie de elo para essa corrupção sistêmica. Levantar os véus deste melancólico período, é um exercício necessário, embora deprimente. Sendo solícito atuante em favor das negociatas entre PT e empreiteiras. Na  mensagem do gárrulo Marcelo Odebrecht  (presidente afastado da empresa), este último afirma que Palocci iria 'compensar' revés sofrido em lobby de uma Medida Provisória em 2009: "Ele mesmo pediu, além dos argumentos para a sanção/veto parcial, que levássemos alternativas  para nos compensar. Sejamos criativos." Nunca se viu tanto cinismo, ou tão pouca cura do desastre iminente. Parecem moradores de Pompéia que  levantam taças do bom vinho da terra em homenagem ao Vesúvio que logo os sepultaria na  lava que vomitaria da própria cratera.
          Palocci também teria atuado na licitação da Petrobrás para compra de 28 navios-sonda, no desenvolvimento  de  submarino e no financiamento do BNDES  para obras em Angola.
           A prisão de Palocci teve outras repercussões. Para a Pasta mais antiga do governo, e que tem como norma a discrição, é forçoso convir que o Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes fala demais e, por conseguinte  constrange desnecessariamente ao Presidente Michel Temer. Mexeu em casa de marimbondos ao antecipar a nova etapa da Lava-Jato. Parece que não entendeu ainda a autonomia da Polícia Federal  em termos de tais operações.
             A sua posição na Pasta esteve por um fio, mas ao fim e ao cabo Michel Temer optou por suavizar a ´bronca´, pois não lhe interessa ter mais uma crise na esplanada dos ministérios.
             Essa operação da Lava-Jato en passant  vibra ulterior golpe nos latagões do Partido dos Trabalhadores. Faz tempo que a sua presença saíu da página política para esparramar-se na reservada aos escândalos.
             A figura de Lula parece uma sombra do fasto antigo. Lembram-se da sua então enésima operação de eleger postes, com o acordo de última hora, com esse estadista do governo militar, Paulo Salim Maluf, que muito folgou em apoiar o jovem professor universitário Fernando Haddad  para a prefeitura paulistana.
              Passa o tempo, e Haddad, decerto empurrado pelo PT, faz carreata em São Paulo, na qual se entrevê  um Lula que em nada parece com o espécime anterior, que ria  solto com o favor popular e a sua valsa dos postes.Vejam ilustres passageiros como se acabou o belo tipo faceiro que se agarra ao bonde da história. Desapareceu-lhe o sorriso, que vira esgar.  E  o seu candidato olha  inquieto o incômodo trajeto, ansiando por um pronto fim para a comédia. Então poderá voltar para a própria cátedra, que agora lhe parece tão mais interessante...


( Fontes: O Estado de S. Paulo; Folha de S. Paulo )

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