sábado, 17 de setembro de 2016

A Farsa Venezuelana

                                  
          O Conselho Nacional Eleitoral tem mostrado que é apenas uma das peças no esquema do Governo Maduro de evitar de qualquer jeito o referendo revocatório.

         Na noite de quinta-feira, 15 de setembro, o Conselho Nacional Eleitoral confirmou que é apenas dócil instrumento nas mãos do Presidente Nicolás Maduro. Mostrando um cinismo escrachado, não se pejou de afirmar em nota ter sido "obrigado a suspender atividades  em sua sede". Acrescentando à mentira o deboche, declarou que "os protestos colocariam em risco seus funcionários."

         Em resposta, convocados pelos opositores, milhares de venezuelanos desceram às ruas ontem, 16 de setembro. O panelaço organizado rapidamente foi bastante para que, o governo chavista, em pânico, fechasse 13 estações do metrô, sob o descarado pretexto de  "resguardar usuários".  
         Como se não bastasse, chegou a mobilizar a polícia, para tentar bloquear os mesmos manifestantes, que em outras declarações oficialistas se agiria apenas para 'protegê-los'.

         A farsa de Maduro, que acusa a oposição, enquanto se empenha, nos organismos oficialóides, assim como nas forças de segurança (tratando manifestantes com se fossem delinquentes), coloca um grande problema para os líderes oposicionistas.

         Todos os caminhos até agora para que a população venezuelana possa exercer o lídimo direito de valer-se das garantias constitucionais, legais e mesmo eleitorais se tem chocado como série de manobras tanto praeter-legais quanto ilegais, do oficialismo chavista, não se pejando de superlotar a Suprema Corte, anular diplomas de deputados oposicionistas  sob espúrios pretextos de ilegalidade (quando o único escopo era o de impedir a Mesa de emendar a Constituição e de implantar medidas reclamadas pela maioria da população).

        Quando um governo corrupto e incompetente, e por conseguinte nefasto para o Povo Venezuelano, se serve de todos os meios ou na para-legalidade, ou em cínica ilegalidade, para evitar a realização do recall - instituto constitucional criado por Hugo Chávez na Venezuela - e ele próprio se submeteu a um referendo revocatório, e logrou sobreviver ao desafio constitucional, fica muita clara o propósito ilegal e mesmo inconstitucional da Administração Maduro. Todos os seus atos se encaminham no sentido de ir ao arrepio da Constituição.  E se da ilegalidade ele passa à deslavada, crua inconstitucionalidade, a sociedade venezuelana forçosamente terá de chegar a um consenso quanto à necessidade de afastar esse Governo, que pelos seus atos, já demonstra claramente que não mais pretende valer-se do poder constitucional das maiorias.

         Toda a sua cínica, antiética ação confirma essa posição que é a de manter-se no poder a todo custo, mesmo contra a maioria do Povo venezuelano.

         Ao agir de tal forma, Nicolás Maduro mais do que cai, se afunda na ilegalidade, pois ele apenas se vale de instrumentos legais e supostamente constitucionais para contrapor-se ao espírito da Constituição Venezuelana e à vontade da enorme maioria do Povo Venezuelano. Toda a sua ação, sinuosa, cínica, ilegal e inconstitucional, apenas confirma esta conclusão.

         Como ninguém pode servir-se da Lei para lograr fins a ela contrários, e tampouco da Constituição como se ela fosse o  abrigo para o caos chavista, o desabastecimento, a corrupção, e a própria negação do Governo como empenhado no Bem Público - é mais do que hora que a Sociedade venezuelana tome as medidas constitucionais indispensáveis para afastar esse arremedo de tirano, que nada mais será na História da Pátria de Bolívar que um dos seus mais deletérios e corruptos  inimigos da democracia com que, para seu infortúnio,  se deparou a Pátria Venezuelana.
              

( Fonte:  O Globo )

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