segunda-feira, 15 de março de 2010

Chávez e a Internet

Não há decerto de surpreender que o caudilho Hugo Chávez tenha agora assestado suas baterias contra a internet. Movido pela paranóia que é característica de sua estirpe, o coronel bolivariano já inclui entre os seus alvos a imposição de restrições à internet.
Pouco lhe importa que a liberdade seja o traço distintivo desse novo meio de comunicação. Assim, neste fim de semana, o presidente venezuelano determinou à Procuradoria Geral e ao presidente da Comissão de Telecomunicações da Venezuela, que tomem medidas judiciais contra o portal ‘Noticiero Digital’, por divulgação de notícia falsa. Nessa oportunidade, Chávez encareceu maior controle sobre a internet, eis que a divulgação de falsa notícia era “um crime”.
A esse propósito, o loquaz primeiro mandatário aduziu: “a internet não pode ser algo livre onde qualquer coisa pode ser feita ou dita. Não, cada país tem que poder ter suas regras e normas.”
A despeito das críticas que tem recebido, inclusivo da própria OEA, quanto a acosso da imprensa e sobretudo de redes de televisão abertas e a cabo, inclusive com o fechamento de 34 rádios em 2009, o caudilho não acena em mudar de estratégia.
Nesse contexto, a inclusão da internet é uma decorrência natural, se encarado o fenômeno sob a ótica distorcida e autoritária do coronel presidente.
O chavismo, pela sua mátriz de índole ditatorial, não pode conviver com a liberdade de informação, na qual vê ameaça conspiratória. Nos meios livres de comunicação entrevê a sinistra possibilidade de que as mentes de ouvintes e espectadores possam ser abertas para um juízo crítico das notícias porventura veiculadas pelos dóceis órgãos oficiais.
A ‘doutrina’ do coronel não mais se limita aos confins da Venezuela. No Equador, o seu discípulo Rafael Correa se empenha em aprovar nova lei de comunicação, que prevê sanções contra jornalistas e meios de comunicação, indo de advertências e multas à cassação de licença de funcionamento.
Não estranha, de resto, que o presidente Rafael Correa engrosse o coro dos que se associam à diarquia dos Castro. É do equatoriano a seguinte pérola: “O próprio Raul Castro me informou que Zapata não era um preso político e sim um delinquente, acusado de vários delitos. Está sendo feita uma grande propaganda com a morte de um dissidente preso.”

( Fonte: O Globo )

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