Sem
isolamento crise dura 2 anos!
Franz
Kafka, o genial escritor austro-húngaro (1883-1924) nos introduziu às histórias
fantásticas, a ponto de que o próprio sobrenome passa a designar um mundo
estranho e fora do comum (ambiente kafkiano).
Por decisão presidente Jair Bolsonaro o
Ministério da Saúde, depois de ter à frente dois médicos (Mandetta, este com
sucesso, e Teich, apagado) passou a ter à testa um interino, militar (esfera
logística) Eduardo Pazuello, com grau de general.
Como se a crise médico-social não fosse
suficiente, desabilitou-se, na prática, a instância oficial que, por razão de
ofício, deveria ocupar-se desse magno desafio. Enquanto o presidente Bolsonaro
não se serve, por decisão própria, da assessoria médica e especializada da
Saúde, que é entregue a um oficial-general leigo no assunto, o que no tempo de Getúlio Vargas se chamava
de Chefe
da Nação, agora repousa da covid 19 que parece lhe foi repassada como
se fora castigo, depois de seu estentórico E daí?! , que tem ares de interjeição, mas na verdade nos
chega paramentado de sarcástica
cobrança, como se o número de óbitos se lhe afigurasse irrelevante.
Consoante nos avisa O Estado de S. Paulo, técnicos do comitê do Coronavírus
no Ministério da Saúde alertaram o ministro interino Pazuello em reunião a 25
de maio que, sem medidas de isolamento
social, os impactos da Covid 19 serão sentidos por até dois anos.
Nesses termos, segundo ata da reunião do COE (Comitê de Opera-ções de
Emergência) todas as pesquisas levavam a crer que o distancia-mento é
"favorável" inclusive para a recuperação mais rápida da economia. "Sem
intervenção, esgotamos UTIs, os picos vão aumentar descontrolada-mente, levando
insegurança à população, que vai se recolher mesmo com tudo funcionando,o que
geraria um desgaste maior ou igual ao isolamento na economia", afirmaram
os técnicos.
No mesmo documento, o COE discute a
criação de um aplicativo para monitorar pacientes da Covid-19 e até dez pessoas
que tiveram contato com o indivíduo infectado, ideia essa que não saíu do
papel.
Auditoria do TCU aponta que até
25 de junho, o Ministério gastou apenas cerca de 30% dos R$ 38,9 bilhões reservados para o
comba-te à pandemia. Técnicos
afirmam não ter logrado identificar a
estratégia de compras, logística, distribuição de insumos e os "critérios
para transferência de recursos."
Consoante os técnicos, sem medidas de isolamento social, os impactos da
doença serão sentidos por até dois anos.
Dessarte, segundo a equipe da Saúde, "todas as pesquisas levam a
crer que o distanciamento (social) é favorável, até mesmo para o retorno da
economia mais rápido.
Sem intervenção,
esgotamos UTIs, os picos vão aumentar descontroladamente, levando insegurança à
população que se vai recolher mesmo com tudo funcionando, o que geraria um desgaste
maior ou igual ao isolamento na economia", afirmam técnicos da Pasta.
"Sem isolamento,
um tempo muito grande de um a dois anos para controlarmos a situação", é o
que informa a ata de reunião ocorrida em 25 de maio no Ministério da Saúde.
No mesmo documento,
o comitê discute a criação de um aplicativo para monitorar pacientes da
Covid-19 e até dez pessoas que tiveram contato com a pessoa infectada (isso
nunca saíu do papel).
Para Paulo Lotufo,
professor de epidemiologia da USP, o distanciamento social se provou eficaz em
diversos países, inclusive Brasil. "Veja na cidade de S. Paulo.
Conseguimos ter um número de mortos bem abaixo de outros locais. Em Manaus, foi
uma catástrofe.". Nesse contexto, contudo, é mister ter presente a abissal
diferença entre os dois centros urbanos citados, e as consequentes manifestas vantagens
tecnológicas e de especialização médica, que diferenciam marcadamente os dois
centros.
Em uma decisão que só é
inteligível pelo contexto militar do governo Bolsonaro, depois que a Saúde
passou à gestão do oficial militar, técnicos do Ministério deixaram de
ressaltar o benefício do distanciamento
social. Questionado em primeiro
de julho se a aceleração de casos no Brasil tenha relação com a flexibili-zação
de quarentenas, o secretário da Vigilância
em Saúde, Arnaldo Correia esquivou-se.
Para o professor Lotufo, da USP, criou-se uma corrente de negacionismo
sobre a pandemia no Brasil: "Tenho a impressão de que a coisa no
Ministério da Saúde é totalmente no estilo militar (sic). (A) esse tipo de
Conselho (Conselho de Operações de Emergência - COE, não dão a mínima
importância."
Significado do COE.
Procurado,
o Ministério da Saúde declarou que o resultado da reunião do COE foi a
publicação de portaria, em 19 de junho de 2020, que estabelece
"orientações gerais" para a prevenção, controle e mitigação da
Covid-19.
O texto traz recomendações gerais
sobre distanciamento social, etiqueta respiratória, higienização de ambientes
e uso de equipamentos de proteção individual. Também orienta a elaboração de
"plano de ação para a retomada" por todos os setores da economia.
Ulterior recomendação é para triagem e monitoramento de pessoas que podem estar
doentes. Na citada portaria, o Ministério da Saúde (sob intervenção) recomenda
distanciamento social de um metro (sic)
e uso de máscara em locais públicos e de "convívio social".
Ainda nesse
contexto, o Ministério da Saúde não informou a relação completa dos
participantes da reunião do COE, nem explicou os pontos levantados na ata. No
dia da aludida reunião, a agenda do general Pazuello informava de outros
compromissos.
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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