A
liderança do Governo na Câmara dos Deputados marca a insatisfação dos aliados
com a articulação política do governo Bolsonaro.
Por
isso, há movimentos para tentar substituir o líder Vitor Hugo (PSL-GO). Sem
embargo, como os próprios aliados não se unem, fica difícil afastá-lo,
sobretudo porque o Presidente tem prestigiado o deputado.
O
governo Bolsonaro - que até agora em vão busca alargar sua base, o que explica
a sua escolha pelo malvisto Centrão - tomou outra atitude contraditória, i.e.
retirou da vice-liderança do Governo no Congresso a deputada Bia Kicis
(PSL-DF), apesar de ser ela uma das maiores defenso-ras do governo na Câmara.
Ela perdeu o cargo porque votou contra o Fundeb, contrariando a orientação do
Governo que decidira apoiar a proposta
depois de fracassar no intento de
realizar alterações profundas no texto.
As
idas e vindas do Governo Bolsonaro explicam a circunstância de que a bancada
situacionista seja um poço de contradições. Bolsonaro tem simpatia por Vitor
Hugo e elogiou, nas redes sociais, sua atuação no debate do Fundeb.
Os deputados foram visitar o Presidente no Alvorada. Chi
se ne frega (quem acaso se importa), se Bolsonaro brinque
com a verdade, ou jogue com involuções futuras?
Pelo afluxo de visitas ao Presidente, quem diria que ele continue a
testar positivo para a Covid-19? Pois o Sua Excelência - que teima em não usar
máscara, o que decerto devera - entrelaça fatos com ironias, e para segui-lo
não é fácil para quem queira saber a quantos anda o Governo na Câmara... Em um
clima de corte - o importante seria o que pensa o Chefe -o deputado federal
Ricardo Barros (PP-PR), que é um dos vice-líderes, afigura-se como o ungido
pelo Presidente para o lugar de Vitor Hugo.
Na linguagem da live i.e., a entrevista ao vivo, em que
todas as suposições teriam cabimento:
"Agora há pouco fiquei sabendo que ele (Vitor Hugo) tinha sido
demitido da liderança. É isso mesmo, major? Veio aqui me cobrar alguma coisa ?
Semana passada demitiram o Salles (Ministro do Meio Ambiente), aquele que na
reunião da presidência falara em aproveitar a pandemia para "passar a
boiada". - Ricardo Salles, o inimigo do Meio Ambiente, é uma figura
dantesca somente crível na governança anti-ambiental da Administração
Bolsonaro.
Apesar
de a troca na liderança do Governo contar com a simpatia de ministros
palacianos e do Senador Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso,
o nome de Ricardo Barros - um dos
vice-líderes do governo no Congresso Nacional, e que é o principal cotado para
o posto de Vitor Hugo - não agradaria sobremaneira ao líder do PP, Arthur Lira (Alagoas)m que é uma espécie de líder informal do Governo...
Barros tem muita cancha em termos de representação do governo, eis que já foi líder de FHC, e também
vice-líder de Lula e Dilma Rousseff, além de Ministro de Michel Temer, mas nada
disso o garante, nos ires e vires da atual governança.
É de notar-se que a coluna política - em que os jornalistas que cobrem o
Congresso buscam intuir, no pior dos casos, sobre as preferências do Poder - no
caso Bolsonaro, que tem raízes longas vindas dos anos compridos em que apenas
ganhou experiência, mas não participara de questões próprias do poder, representa um caso sui generis (como se sabe, a expressão latina pode ser empregada para eventuais experiências que não agreguem muito)...
( Fonte: O
Globo )
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