domingo, 5 de julho de 2020

Declarações de Tereza Cristina


               

       A Ministra da Agricultura,   Tereza Cristina, em declarações ao Estado de S. Paulo diz que o agro tem crescido em áreas já desmatadas do País e que a Amazônia, com seu clima e terras diferentes de outras regiões, não seria atraente para a implantação de tal cultivo, além de não ter infraestrutura logística.
           A competente ministra, cuja presença no gabinete do Presidente Jair Bolsonaro, constitui na verdade uma exceção nessa equipe, pela sua qualidade e eficiência de gestão, se manifesta de uma forma que parece não responder à pergunta, eis que o desmatamento na Amazônia constitui um sério desafio para o Brasil e de alguma maneia teria de ser dada uma resposta satisfatória para tal problema, que não obstante continua a agravar-se.
            Tem de haver um basta ao desmatamento da hiléia amazônica, e até o presente as respostas dadas - em que, ao invés, avançam as áreas de desmate - tem de ser satisfatórias, o que decerto não vem ocorrendo. O Governo Bolsonaro tem de dar uma resposta bastante ao desafio de desmate, e a impressão que persiste é a de que o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, com as suas declarações de "passar a boiada" e outras mais,  dá claras, insofismáveis mostras de que não está afinado com os objetivos do mercado internacional quanto ao imperativo da defesa da Amazônia... 
               Dada a posição do presidente Bolsonaro - que não é exatamente um defensor do meio ambiente - e a sua postura que é contrária à defesa da Amazônia, por mais bizarro que tal possa parecer, transmite nesse campo uma impressão assaz molesta, com desastrosos efeitos na opinião pública mundial.  Não é decerto sustentável perante o mundo civilizado e a opinião internacional que se possa sequer conviver com esse tipo abstruso de tese, que está objetivamente na contramão do interesse do Brasil e da própria Humanidade.
                   Diante da estranha ineficácia de fazer frente aos desafios, que se repetem, com a acintosa derrubada da grande floresta, enquanto a área desmatada cresce como enorme chaga, a ponto de o abate amazônico já atingir à area equivalente da extensão do Chile. E como se tal não bastasse, a destruição se alarga, riscando-se grande vazio na área que o barão von Humboldt desbravara no século XVIII. É o caso de perguntar-se a que servem os sistemas de observação via satélite e toda a capacidade da tecnologia moderna? Tais providências tecnológicas tem sido  regular-mente superadas com estranha facilidade, como se as rústicas, criminosas queimadas fossem bastante para rasgarem enormes chagas na hiléia. Assim,  abatida por magotes  enquanto  neste campo as picadas e as operações de desmate se vem sucedendo na destruição da floresta, como foi o caso deste brutal derradeiro desmatamento. Falharia, então,  a operação  que visava a  impedir o criminoso desmate, sem embargo de que dela se ocupasse a referida superior instância. 

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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