O
presidente Jair Bolsonaro foi forçado a abrir negociações para contornar o
desgaste com militares de baixa patente, reservistas e pensionistas. Um dia depois do pagamento do reajuste
('penduricalhos') que beneficiou sobretudo os oficiais, o governo teve de
convocar às pressas reunião de última hora com representantes dos praças,
porque o grupo ameaçava protestar com panelaços na frente dos palácios
presidenciais.
O encontro com líderes de associações de
categoria foi realizado anteontem pelo ministro da Secretaria de Governo,
general Luiz Eduardo Ramos, no Palácio do Planalto, e também contou com a presença
de parlamentares. No afã de conter a revolta generalizada, Ramos escalou para
a audiência a cúpula dos ministérios da Defesa, da Economia e da Casa Civil
O
pagamento de adicionais que elevam o salário dos militares está no centro de
insatisfação não debelada na base das Forças Armadas. De um lado, os praças
reclamam de aumento desigual em 'adicional de habilitação' que incide sobre o
soldo e sobe à medida que o militar concluir cursos e atinge patentes mais
altas na carreira. Pensionistas, por sua vez ,se queixam de redução nos
vencimentos por contribuições compulsórias ao fundo de saúde. Lei sancionada em maio proibira reajustes no
funcionalismo até o fim de 2021. Como
foi aprovado antes, o aumento dos adicionais para oficiais militares escapou do
congelamento. O Ministério Público de Contas pede, porém,sua suspensão em
momento de cortes de salários e dificuldades para o pagamento do auxílio
emergencial de R$600 para a população mais afetada pela Covid-19.
Fragilizado por investigações e pedidos de
impeachment, Bolsonaro tenta aplacar descontentamento em seu celeiro
eleitoral. Associações cobram envio de novo projeto de lei ao Congresso
(mudanças salariais).Se, porém, o governo ceder às pressões e ampliar acesso
dos praças a 'penduricalhos' (elevam remuneração e mais favorecem os
oficiais) haverá ulterior aumento de despesas com o funcionalismo castrense.
Atualmente, o impacto do reajuste previsto para 2020 é de R$1,3 bilhão
apenas com o "adicional de habilitação". Em cinco anos,serão gastos
R$ 26 bilhões.
Reação.Em
reunião de mais 3 horas com representantes da categoria,os senadores Major
Olímpio (PSL-SP) e Izalci Lucas (PSDB-DF) vice-líder do governo, passaram a
estimular os protestos. Interlocutores do grupo, afirmaram que o Planalto
"enrolava" e "tripudiava" a militares de baixa
patente. "Se esse negócio não for
resolvido, quando voltar a presencial, abandonarei a vice-liderança. Como
falarei em nome de governo que não cumpre a palavra? Não dá!, disse Izalci. Por
outro lado, o Major Olímpio afirmou: "Vamos pressionar politicamente.
Tornou-se questão política, não uma questão de caserna." No passado,
apoiamos. (Mas) se começar com uma coisa dessas, vamos provocar o desgaste
devido."
( Fonte: O Estado de S. Paulo _
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