sábado, 4 de julho de 2020

Moro ataca Aras e o Revisionismo


               
      O bom juiz Sérgio Moro volta a público para associar a própria voz ao espírito da Lava Jato, e, por conseguinte. criticar as manifestações do Procurador-Geral da República, Augusto Aras.

         Como se sabe, este último questiona a necessidade da existência de núcleos 'autônomos' que se dediquem a investigações específicas. Como se vê, Aras é uma espécie de opositor ao espírito da Lava Jato e o que pressupõe de autonomia de investigação.

           Moro também - que já pagou e caro o seu quinhão de acreditar nas promessas do Presidente Bolsonaro - ataca o chamado revisionismo contra a Lava Jato. Para Moro, a Lava Jato - e ele decerto contribuíu bastante para tanto -  da sua trincheira de Curitiba - para o surgimento e reforço de o que representou  "uma grande vitória contra a impunidade da grande corrupção".

            Se a sua negativa quanto a eventuais pretensões de se lançar candidato em 2022 não deva ser levada ao pé da letra, pois se ele voltar à arena - e não estou decerto a referir-me ao antigo partido situacionista -  é um direito que lhe assiste a vários títulos, pois o seu exemplo apontara um ideal a muitos que dele se mostravam em extremos carentes.  Até por vias reversas, como na incrível proposta de associação anti-Moro, a validade de seu nome cresce.

              Por outro lado, não é difícil de entender porque os procuradores federais entraram em choque após o PGR Augusto Aras determinar diligência para o compartilhamento de dados da Lava Jato no Parana, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Ao propor a criação da Unidade Nacional Anti-Corrupção na sede do  MPF, tal importaria em centralizar em Brasília o controle das operações. o que equivaleria na prática a um desvirtuamento do espírito libertário dessa Operação anti-corrupção, pois a operação Lava Jato corresponde a uma reação das bases na batalha contra a corrupção. Trazê-la para Brasília e transformá-la em uma sucursal do poder equivaleria a tirar-lhe o espírito libertário e de luta sem quartel contra a corrupção, que foi o grande lema que conduziu o seu combate nos anos precedentes. Arrancar-lhe a autonomia é tirar-lhe o espírito de fronda que foi responsável pelo grande êxito da Operação junto ao Povo brasileiro.

                  Embora todos os seus antecedentes, como juiz em Curitiba, tornem natural que se apresente e com muitos títulos a candidato - a despeito dos arreganhos de movimento que lhe ressalta o valor se atentarmos para as mesquinharias com que pretendem atacá-lo - o ex-juiz Moro se apresenta às urnas do porvir com o peso de popularidade que não lhe veio por acaso. Nesse sentido, já se apresenta com o necessário acumen a sua observação sobre a aproximação do presidente Jair Bolsonaro com o  notório Centrão, eis que tal "articulação deveria ocorrer com parlamentares que têm  "histórico de correição".

                     Nada como um bom divisor de caminhos para que, em nossa jornada democrática, tenhamos presente que é bom e decerto necessário não confundir alhos com bugalhos.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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