O
bom juiz Sérgio Moro volta a público para associar a própria voz ao espírito da
Lava Jato, e, por
conseguinte. criticar as manifestações do Procurador-Geral da República, Augusto
Aras.
Como
se sabe, este último questiona a necessidade da existência de núcleos
'autônomos' que se dediquem a investigações específicas. Como se vê, Aras é uma
espécie de opositor ao espírito da Lava Jato e o que pressupõe de
autonomia de investigação.
Moro também - que já pagou e caro o seu quinhão de acreditar nas
promessas do Presidente Bolsonaro - ataca o chamado revisionismo contra a Lava Jato. Para Moro, a Lava Jato - e ele decerto contribuíu
bastante para tanto - da sua trincheira
de Curitiba - para o surgimento e reforço de o que representou "uma grande vitória contra a impunidade
da grande corrupção".
Se
a sua negativa quanto a eventuais pretensões de se lançar candidato em 2022 não
deva ser levada ao pé da letra, pois se ele voltar à arena - e não estou
decerto a referir-me ao antigo partido situacionista - é um direito que lhe assiste a vários títulos,
pois o seu exemplo apontara um ideal a muitos que dele se mostravam em extremos
carentes. Até por vias reversas, como na
incrível proposta de associação anti-Moro, a validade de seu nome cresce.
Por outro lado, não é difícil de
entender porque os procuradores federais entraram em choque após o PGR
Augusto Aras determinar diligência para o compartilhamento de dados da
Lava Jato no Parana, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Ao propor a criação da
Unidade Nacional Anti-Corrupção na sede do
MPF, tal importaria em centralizar em Brasília o controle das operações.
o que equivaleria na prática a um desvirtuamento do espírito libertário dessa
Operação anti-corrupção, pois a operação Lava Jato corresponde a uma reação das
bases na batalha contra a corrupção. Trazê-la para Brasília e transformá-la em
uma sucursal do poder equivaleria a tirar-lhe o espírito libertário e de luta
sem quartel contra a corrupção, que foi o grande lema que conduziu o seu
combate nos anos precedentes. Arrancar-lhe a autonomia é tirar-lhe o espírito
de fronda que foi responsável pelo grande êxito da Operação junto ao Povo
brasileiro.
Embora todos os seus antecedentes, como juiz em Curitiba, tornem natural
que se apresente e com muitos títulos a candidato - a despeito dos arreganhos
de movimento que lhe ressalta o valor se atentarmos para as mesquinharias com
que pretendem atacá-lo - o ex-juiz Moro se apresenta às urnas do porvir com o
peso de popularidade que não lhe veio por acaso. Nesse sentido, já se
apresenta com o necessário acumen a sua observação sobre a aproximação do
presidente Jair Bolsonaro com o notório
Centrão, eis que tal "articulação deveria ocorrer com parlamentares que
têm "histórico de correição".
Nada como um bom divisor de caminhos para que, em nossa jornada
democrática, tenhamos presente que é bom e decerto necessário não confundir
alhos com bugalhos.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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