De
forma reiterada desde o início da crise mundial do coronavírus, o presidente Jair
Messias Bolsonaro tem dado declarações nas quais busca minimizar os
impactos sanitários da doença. Simultaneamente, não se peja de tratar como
exageradas algumas medidas tomadas no exterior, assim como por governadores e
prefeitos, neste país.
De
maneira igualmente irresponsável o presidente também provoca aglomerações,
muitas vezes sem o uso de máscara, que é amplamente recomendada para evitar o
contágio. Mas isso infelizmente, não é tudo. O presidente se tem negado - e o
faz de forma sistemática - já não digo liderar, mas mostrar-se uma presença
atuante e que se preocupa com essas desgraças que o coronavírus, como
verdadeiro flagelo que é, vem provocando nas famílias brasileiras. Além de não
liderar, o presidente se omite no indispensável de orientação e de
colaboração no esforço comum de enfrentar essa terrível enfermidade, a que ele
trata como se fora coisa de somenos.
Ontem foi um dia marcado no Brasil como um dos mais letais desde o
início da pandemia, com 1.312 novas mortes. O país já soma 66.868 óbitos, e um milhão e seiscentos e setenta e quatro mil e seiscentos e cinquenta
e cinco casos de novos infectados (1.674.655 ).
O histórico presidencial quanto à Covid-19
tem sido marcado até o presente pelo desrespeito contumaz (gripezinha) ou um agressivo menosprezo - e daí?
Com isso, Bolsonaro perde a condição de
liderar a opinião pública nacional. O e
daí ? é uma manifestação
análoga, que lhe tira qualquer toque de simpatia, no que tange ao número de
mortos com a Covid-19.
Será que o presidente irá ao cabo mudar, e mostrar que aprendeu algo com
esse grande desafio? Até o presente,
nada indica que ele vá mostrar que, de
alguma forma, ele aprendeu a lição.
O que seria bastante triste, pois uma das mostras da inteligência e da condição
de reagir contra grandes desafios, está na capacidade de vencer e sobrepujar tais
lições.
A probabilidade é que Bolsonaro, por motivos estranhos e pouco inteligíveis,
continuará a menosprezar o desafio e, por conseguinte, a relevância do vírus. O
que seria demasiado contristador, porque o que se espera dos grandes dirigentes
é que tenham condições de sobrepujar a magnos desafios, como o presente.
Ninguém vence um repto se se limita a tentar minimizá-lo e, por conseguir, falha
tanto em o dominar, quanto situá-lo de forma adequada no contexto nacional. De
nada vale tentar menosprezá-lo, pois para vencer um adversário - qualquer que
ele seja -, a conditio sine qua non é a de respeitá-lo, para melhor
fazer entender a nada irrelevante provocação - e por conseguinte, ameaça - que
ele representa.
(
Fontes: Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo)
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