quarta-feira, 8 de julho de 2020

Bolsonaro, o anti-exemplo


                                            

         De forma reiterada desde o início da crise mundial do coronavírus, o presidente Jair Messias Bolsonaro tem dado declarações nas quais busca minimizar os impactos sanitários da doença. Simultaneamente, não se peja de tratar como exageradas algumas medidas tomadas no exterior, assim como por governadores e prefeitos, neste país.

           De maneira igualmente irresponsável o presidente também provoca aglomerações, muitas vezes sem o uso de máscara, que é amplamente recomendada para evitar o contágio. Mas isso infelizmente, não é tudo. O presidente se tem negado - e o faz de forma sistemática - já não digo liderar, mas mostrar-se uma presença atuante e que se preocupa com essas desgraças que o coronavírus, como verdadeiro flagelo que é, vem provocando nas famílias brasileiras. Além de não liderar, o presidente se omite no indispensável de orientação e de colaboração no esforço comum de enfrentar essa terrível enfermidade, a que ele trata como se fora coisa de somenos.

             Ontem foi um dia marcado no Brasil como um dos mais letais desde o início da pandemia, com 1.312 novas mortes. O país já soma 66.868 óbitos, e um milhão e seiscentos e setenta e quatro mil e seiscentos e cinquenta e cinco casos de novos infectados (1.674.655 ).

              O histórico presidencial quanto à Covid-19 tem sido marcado até o presente pelo desrespeito contumaz (gripezinha)  ou um agressivo menosprezo -  e daí? 
              Com isso, Bolsonaro perde a condição de liderar a opinião pública nacional.  O e daí ?  é uma manifestação análoga, que lhe tira qualquer toque de simpatia, no que tange ao número de mortos com a Covid-19.

               Será que o presidente irá ao cabo mudar, e mostrar que aprendeu algo com esse grande desafio?  Até o presente, nada indica que ele vá mostrar que,  de alguma forma, ele aprendeu a lição.

                  O que seria bastante triste, pois uma das mostras da inteligência e da condição de reagir contra grandes desafios, está na capacidade de vencer e sobrepujar tais lições. 
                      A probabilidade é que Bolsonaro, por motivos estranhos e pouco inteligíveis, continuará a menosprezar o desafio e, por conseguinte, a relevância do vírus. O que seria demasiado contristador, porque o que se espera dos grandes dirigentes é que tenham condições de sobrepujar a magnos desafios, como o presente. Ninguém vence um repto se se limita a tentar minimizá-lo e, por conseguir, falha tanto em o dominar, quanto situá-lo de forma adequada no contexto nacional. De nada vale tentar menosprezá-lo, pois para vencer um adversário - qualquer que ele seja -, a conditio sine qua non é a de respeitá-lo, para melhor fazer entender  a nada irrelevante  provocação - e por conseguinte, ameaça - que ele representa.

( Fontes: Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e  O Globo)

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