domingo, 12 de julho de 2020

Projeto de fake news contraria acordos ?


                
        O projeto de Lei - já aprovado pelo Senado e em tramitação na Câmara - tem dispositivos que contrariam acordos internacionais, de que o Brasil é signatário, segundo alertam ONU e OEA.

        Duas correspondências oficiais com tal aviso foram enviadas ao governo brasileiro, desde a aprovação do projeto pelo Senado.A de sete de julho, a mais recente, está assinada por Joseph Cannataci, relator especial da ONU sobre o direito à privacidade. Dias antes, também se manifestaram pelos canais diplomáticos oficiais o relator da ONU para a Liberdade de Expressão, David Kaye, e Edison Lanza, que exerce a mesma função na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (OEA).

       Nas duas cartas, os funcionários internacionais argumentam que, se o projeto for aprovado como está, poderá violar compromissos que o Brasil assumiu com a comunidade internacional. Eles estão preocupados de que o projeto aprovado "possa conter disposições contrárias à natureza dos direi-tos humanos e ao artigo 12 do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e ao artigo ll da Convenção Americana sobre Direitos Humanos", escreveu Joseph Cannataci. O relator se refere  a dispositivos dos dois acordos que asseguram aos cidadãos proteção legal ao direito à privacidade.
         Sem embargo, especialistas contrários ao projeto consideram que as maiores ameaças ao direito à privacidade são a previsão de rastreabilidade de comunicações pessoais e as restrições ao anonimato nas redes sociais.

           Nesta segunda-feira, dia treze, a Câmara vai fazer a primeira discussão pública sobre o projeto aprovado no Senado. O evento será transmitido pela internet, e deverá ter, em princípio,  a  participação do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

             No entanto, a discussão do projeto na Câmara propõe ouvir órgãos internacionais, e tal se deve justamente às manifestações já recebidas da ONU e da OEA. Na Câmara, os deputados Felipe Rigoni (PSB-ES), Tabata Amaral  (PDT-SP) e Orlando Silva (PCdoB -SP) preparam uma bateria de discussões públicas a partir de amanhã.

                  "Não está em debate no Brasil qualquer ameaça à liberdade de expressão", diz Silva. "Ouviremos David Kaye e Edison Lanza", diz o representante do PCdo B -SP). O deputado afirmou também que a Câmara quer ouvir ainda autoridades que dão apoio ao parlamento alemão, com o objetivo de saber detalhes da experiência deles contra a propagação de discursos de ódio.

(Fonte: O Estado de S. Paulo )

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