domingo, 26 de julho de 2020

Brasil: fracasso na testagem da Pandemia ?


               
     Hoje faz cinco meses que a Covid-19 chegou ao Brasil. Nesses 150 dias, mais de 2,3 milhões de brasileiros foram infectados e mais de 85 mil morreram, o que nos coloca no macabro e embaraçoso segundo lugar mundial em mortes, só abaixo dos EUA de Trump. Na maioria das unidades federativas, os casos estão em aceleração - com  a liderança de Santa Catarina.
        Não é dificil explicar porque estamos em segundo lugar nas mortes. Para quebrar o enigma, basta ter presente o fracasso do Estado - e quando escrevo Estado não me refiro às suas parcelas federativas, mas ao Estado Brasil.  Ainda no começo da luta contra a Covid-19, o Ministro Luiz Henrique Mandetta anunciou a compra de 22,9 milhões de testes para Covid-19. Ao mostrar proficiência no engajamento da luta do Estado brasileiro contra a Covid-19, Mandetta terá deixado entrever ao presidente Bolsonaro não só capacidade profissional, mas também causado o surgi-mento de uma aceitação popular do então Ministro da Saúde, como alguém em condições de enfrentar a pandemia.
             A exoneração de Mandetta pelo Presidente deixa essa interrogação não só em aberto. Dada a singular atitude de renúncia do presidente Bolsonaro, no que tange ao magno desafio do coronavírus, há muitas coisas que foram mal resolvidas na república brasileira. Não foi por acaso que Jair Messias Bolsonaro saudou o desafio desse vírus, no sentido que lhe dá o historiador Arnold Toynbee nos doze volumes de  seu monumenntal  A Study of History -  como um problema que não concernia diretamente ao Presidente da República. Por isso, a omissão que caracterizou a sua resposta à ameaça à nossa população de parte da infestação desse vírus, que motivara, por exemplo, o seu colega argentino a fechar as fronteiras de seu país à imigração estrangeira. A resposta de Bolsonaro às mortes causadas por tal flagelo estaria formulada no seu E Daí?   
             Por outro lado, não há causa material que motive a exoneração de Mandetta pelo Presidente, se admitirmos que um bom ministro não pode ser afastado sem causa, pois então seria entronizar o absurdo como razão admissível, o que obviamente não faz nenhum sentido.
              A renúncia presidencial de lidar com esse desafio, como todo problema não resolvido, na verdade deve levar a uma revisão urgente desta  postura. 
               Como O Globo assinala no editorial hodierno, "o Brasil é um dos países que menos testam no mundo. Um termômetro disso é a taxa de resultados positivos no total de testes (quanto mais se testa, mais se previne, e maior a proporção de negativos). Para a OMS, o ideal é que os positivos fiquem abaixo dos 5%. No Brasil, são 66,3%, segunda a plataforma Our World in Data. Superamos em muito nações como Alemanha (0,5%), Itália (idem), Coreia do sul (idem), EUA (8,6%) e Índia (11,1%). Paises que tem mantido a epidemia sob controle, como Coréia do Sul e Alemanha, promoveram testagem em larga escala, alem de terem adotado medidas para frear o contágio, como distanciamento, uso de máscaras e higienização."
                  Por isso, é óbvio ululante que o governo carece de empenhar-se para aumentar a  testagem da população. Sem testes suficientes, todas as iniciativas caem no vazio.
                   Há dez dias, como assinala o editorial de O Globo, ao comentar as mortes pela Covid-19, Bolsonaro alegou não haver como reduzir os óbitos.
                    Ora, um caminho possível é seguir o exemplo dos países que tiveram êxito no combate à doença, com testagem maciça, isolamento dos infectados e respeito à Ciência. Na verdade, o oposto de que o Governo Bolsonaro tem feito nesses últimos cinco meses.           

( Fonte:  O  Globo )

Nenhum comentário: