terça-feira, 28 de julho de 2020

Toffoli salva Witzel ?


               Toffoli salva Witzel ?

        Numa ousada judicialização do processo de impeachment contra o governador Wilson Witzel, o atual Presidente pro-tem do Supremo, Dias Toffoli determinou, em postura liminar, que (a) Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) dissolva a Comissão formada para analisar o processo que pode (ou não) discricionariamente determinar o afastamento de Witzel do cargo.
             A decisão atende a um pedido da defesa do Governador, que alega-ra falta de proporcionalidade na representação de cada partido político, ao ser feita a escolha dos nomes que integrariam o grupo.
               Toffoli determinou que outra comissão seja formada, respeitando o peso de cada legenda na Casa."Ante a iminência do prazo para o reclamante apresentar sua defesa (29/07/2020), defiro a medida liminar para sustar os efeitos dos atos impugnados, desconstituindo-se, assim, a comissão especial formada, para que se constitua outra comissão, observando-se a proporcionalidade de representação dos partidos políticos e blocos parlamentares, bem como a votação plenária dos nomes apresentados pelos respectivos líderes, ainda que o escrutínio seja feito de modo simbólico", diz trecho da decisão de Toffoli.
                   Desde o início das articulações dentro do Legislativo fluminense - que investiga uma possível participação de Witzel  no escândalo envolvendo  compras de respiradores e na construção de hospitais de campanha durante a pandemia do novo coronavírus- o governador tenta ganhar tempo. Ele já alegou que não poderia se defender das acusações porque a própria Alerj, de acordo com seus advogados, não tinha acesso ao conteúdo do inquérito que está no Superior Tribunal de Justiça. Por ter foro privilegiado, o governador responde às denúncias no STJ. A Assembleia, então, pediu que a corte compartilhasse as provas do inquérito, mas o pedido foi denegado.
                  A decisão do atual presidente do STF dará mais tempo a Witzel que também busca fazer mudanças no primeiro escalão do governo para tentar uma aproximação com os parlamentares. Parte dos problemas do governador  vem também da perda de sustentação política na Alerj. Sem a liminar concedida ontem pelo presidente do Supremo, Witzel teria até quinta-feira para apresentar sua defesa.  Agora, após a formação de uma nova comissão, o governador volta a ter um prazo de dez sessões para apresentar suas alegações no processo.
                      Na última semana, Witzel trouxe de volta para seu governo André Moura, que reassume a Casa Civil, depois de haver deixado a secretaria  poucos dias antes de o processo de impeachment ser instaurado na Assembleia. Moura é visto por muitos deputados e integrantes do governo como uma das últimas cartadas do governador para se manter no cargo. Ele espera se beneficiar do bom trânsito de Moura entre os deputados estaduais cariocas.
                           Para o Deputado Chico Machado (PSD), presidente da comissão de impeachment que deverá ser desconstituída, poucas peças podem mudar, com a liminar, a formação de uma comissão: - Decisão judicial a gente cumpre, mas amanhã vamos ver com o corpo técnico da Casa o que pode ser feito. Nunca tivemos como objetivo cassar o mandato de alguém, mas, sim, de levar a verdade para a população. Se precisamos mudar algo para essa verdade vir à tona, que seja feito.
                           O advogado Manoel Peixinho, que defende Witzel, comemorou a decisão:  - A Alerj tem a legitimidade democrática de abrir o processo de impeachment , mas o governador, por seu turno, tem o direito sagrado de defesa.

( Fonte:  O Globo )  

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