Segundo
informa o jornal O GLOBO, o atual
governo organizou ontem, 5ª feira, nove de julho, vídeo-conferência com grandes
investidores estrangeiros, com a intenção de mostrar o que tem sido feito para
aumentar a proteção da Amazônia.
A
preocupação se deve à estratégia do Planalto para evitar fuga de recursos
devida à agressiva política ambiental do regime. No encontro, o vice Hamilton Mourão
pediu aos partícipes que financiassem projetos na área de Meio Ambiente no
Brasil. Os empresários, satisfeitos com o novo discurso oficial, não deixaram de deixar claro que precisam de
resultados concretos para garantir novos investimentos.
Como é do geral conhecimento, participaram do encontro dez grandes
instituições financeiras - Storebrand, BlueBay, NN investment, Robeco, KLP,
SEB, AP2, Legal and General Investment Management, Nordea e Sumitomo Mitsui.
Tais empresas fazem parte do grupo de investidores - gestores de US$
3,75 trilhões em ativos - que encaminhara, diante do estranho papel do atual
Governo na suposta defesa do meio ambiente, carta aberta para oito embaixadas
brasileiras, manifestando preocupação (concern) com o aumento do desmatamento
no Brasil e em especial na Amazônia.
Além de Mourão, o governo
contou com a presença dos ministros
general Braga Neto (Casa Civil), Tereza Cristina (Agricultura), Ernesto Araújo
(Itamaraty), e o presidente do Banco Central , Roberto Campos Neto. De forma
insólita, o ministro titular do Meio Ambiente, Ricardo Salles,também esteve
presente. Compreende-se que tal presença haja causado tanto surpresa, quanto
desconforto entre os investidores, que têm criticado, com sobejas razões, a
"política" adotada por esse senhor à testa da Pasta ambiental.
Na lista de projetos apresentados por Mourão estavam alguns financiados
pelo Fundo da Amazônia (Floresta Mais e o Adote um Parque), pelo qual serão oferecidos mais de cem parques nacionais para empresas privadas manterem e
conservarem tais espaços.
- Em nenhum momento, eles se comprometeram com alguma política dessa
natureza. Eles querem ver resultados e qual é o resultado que nós podemos
apresentar? É que haja efetivamente uma redução do desmatamento - afirmou o
general Mourão.
Assinale-se que a
pressão sobre o governo Bolsonaro por causa de sua política ambiental também
vem de dentro do país. No início da corrente semana, um grupo de 40 empresários,
além de representantes de 4 entidades setoriais encaminhou para Mourão - que
preside o Conselho Nacional da Amazônia - carta encarecendo maior
comprometimento do Planalto com o combate ao desmate. Nesse sentido, Jeanette
Bergan, chefe de in- vestimentos responsáveis do KLP, o maior fundo de pensão da Noruega, disse à
coluna Capital que, embora seja positivo o novo discurso do Governo brasileiro sobre a Amazônia, os
gestores não estão muito interessados em narrativas - querem resultados
concretos sobre a redução do desmatamento e comprometimento do Brasil com o
Acordo de Paris. Mas precisamos ver resultados concretos. Quando avaliamos o
risco de investimento, avaliamos fatos. Então não interessa muito o que se
fala, a não ser que o discurso seja seguido de atos concretos - afirmou a
executiva.
Durante
o encontro, Mourão chegou a afirmar que 84% da Floresta Amazônica estão
preservados. Ele também argumentou que o desmonte dos órgãos ambientais,
outro foco de questionamentos de parte dos investidores, não é culpa da gestão
Jair Bolsonaro. Nesse contexto, essa assertiva pode ser objeto de dúvidas,
notadamente a presença à testa do Ministério do Meio Ambiente do senhor Ricardo
Salles, cuja presença em qualquer reunião sobre a matéria é bastante para
causar desconforto e mesmo surpresa entre os inversores, que tem criticado - e
com sobejas razões - o arremedo de política que este senhor adota à frente da
Pasta.
"Nosso governo
não é responsável pelo desmonte de estruturas das agências ambientais. Nós
herdamos tanto o Ibama como o ICMBio com reduzido número de servidores. Com as
questões orçamentárias que nós vivemos e a proibição de concursos, nós estamos
buscando uma solução - disse o vice.
Dentro do
pacote de promessas, Mourão também destacou a suspensão por 120 dias de
queimadas no país. Segundo acrescentou ele:"Esse decreto deve estar pronto
para firma do presidente da República na próxima semana."
Após a
reunião, os investidores divulgaram nota conjunta, assinada por Jan Erik
Saugestad, da firma norueguesa Storebrand:
"Ficamos encorajados pela resposta inicial e pelo diálogo com os
representantes do governo brasileiro e esperamos pela sua continuação e por
resultados concretos. É somente por meio de colaboração entre governos,
empresas e investidores que podemos alcançar as mudanças necessárias. Isso
marca um começo." Nesse sentido, os investidores pediram redução significativa
nas taxas de desmatamento que, segundo eles, demonstraria "esforços críveis para cumprir o
compromisso estabelecido na legislação brasileira para o clima."
A par disso,
querem a aplicação do Código Florestal; fortalecimento das agências ambientais;
prevenção de queimadas na região da Amazônia, e acesso público a dados sobre o
desmatamento, cobertura florestal e rastreabilidade de cadeias de suprimento de
commodities.
Depois dos
estrangeiros, o Governo Bolsonaro terá hoje reunião com empresários
brasileiros. Os executivos nacionais querem que o Palácio do Planalto dê
garantias ao setor privado de que
algumas das ações e compromissos assumidos para aumentar efetivamente o combate
ao desmatamento saiam efetivamente do papel.
(
Fonte: O Globo )
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