quinta-feira, 2 de julho de 2020

Dizer ao que veio ?


                       
         Segundo o INPE, o Brasil registrou em junho o maior número de queimadas na Amazônia, desde 2007. Tal representa um aumento de 19,57% em relação a junho de 2019. Foram registrados 2,248 focos de calor na região, volume que não era atingido desde o citado ano de 2007.

            Diante de um poder estatal aparentemente desarvorado defronte tal ameaça,  não estranha que essa situação preocupe o agro-negócio, na medida em o que resta de nossa imagem ambiental no exterior se veja duramente atingida

            Desde maio, o controle do desmatamento é liderado (?) pelo vice Hamilton Mourão.
              Nesse sentido, a operação militar gerou custo mensal de quase 80%  do orçamento anual de fiscalização do Ibama. Como se vê, os resultados são decepcionantes.

                Além de seriedade, falta liderança. É interessante a propósito ter presente o que declara Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima: "O governo optou por atacar todos os que defendem o meio-ambiente no Brasil e enfraquecer a capacidade dos Estados de combater o crime nesta área. O aumento das queimadas e do desmatamento na Amazônia são resultado diretos de um presidente que fez da destruição ambiental uma política de governo."  Dessarte, se não há mudanças no pensamento dos líderes desse governo - e  aí estão Bolsonaro e o seu sédulo operador, Ricardo Salles, para que ressalte a triste coerência, o que está ocorrendo não pode surpreender a ninguém.
                   Mantendo uma estrutura que é vocalmente favorável ao amplo desmatamento - ressoam e não ao longe as frases ominosas de deixar passar a boiada... - não impressionou (nem deu a sinalização de que seja realmente para valer) eis que o emprego das Forças Armadas na floresta amazônica resultou em um custo mensal de R$ 60 milhões, quase 80% do orçamento anual de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), mas a resposta aos altos índices de desmate não chegou. "As queimadas contribuem para as crises globais do clima, da biodiversidade e com a catástrofe sanitária. O Brasil precisa fazer mais, se quiser detê-las", asseverou Rômulo Batista, da Campanha Amazônia do Greenpeace.  

                          Quem está na chuva, é para se molhar. Na verdade, o alerta paraç o descontrole na Amazônia já havia sido dado há uma semana, quando o jornal Estado de São Paulo mostrara que os alarmes feitos pelo sistema Deter  do  INPE apontavam para mais um novo récorde de desmate - na realidade, de primeiro de agosto de 2019 até onze de junho de 2020, foram realizados alertas para a derrubada de 6.870 km2 de Floresta. Há um processo que ominosamente avança, pois entre 1° de agosto de 2018 e 31 de julho de 2019 haviam sido já 6.844km2

                            O diretor-executivo do WWF-Brasil, Maurício Voivodic, lembra que as queimadas de 2019 ecoam até hoje no exterior. "O que vimos em junho será muito mais dramático nos próximos meses, sem uma resposta contundente e eficaz", afirma.
                              Não surpreende que os planos de combater o desmate e todo o aspecto de controle dos órgãos governamentais são deixados por conta de quem já se passou de há muito para o outro lado da trincheira. Tampouco espanta, por conseguinte, que os planos, projetos e programas se descubram órfãos em ambiente em que o cinismo prevalece, e o tempo vai passando...


( Fonte: O Estado de S. Paulo )


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