Segundo o INPE, o
Brasil registrou em junho o maior número de queimadas na Amazônia, desde 2007.
Tal representa um aumento de 19,57% em relação a junho de 2019. Foram
registrados 2,248 focos de calor na região, volume que não era atingido desde o
citado ano de 2007.
Diante de um poder estatal
aparentemente desarvorado defronte tal ameaça,
não estranha que essa situação preocupe o agro-negócio, na medida em o
que resta de nossa imagem ambiental no exterior se veja duramente atingida
Desde maio, o controle do desmatamento
é liderado (?) pelo vice Hamilton Mourão.
Nesse sentido, a operação militar
gerou custo mensal de quase 80% do
orçamento anual de fiscalização do Ibama. Como se vê, os resultados são
decepcionantes.
Além de seriedade, falta
liderança. É interessante a propósito ter presente o que declara Marcio
Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima: "O governo optou por
atacar todos os que defendem o meio-ambiente no Brasil e enfraquecer a
capacidade dos Estados de combater o crime nesta área. O aumento das queimadas e do desmatamento na Amazônia são resultado
diretos de um presidente que fez da destruição ambiental uma política de
governo." Dessarte, se não há
mudanças no pensamento dos líderes desse governo - e aí estão Bolsonaro e o seu sédulo operador,
Ricardo Salles, para que ressalte a triste coerência, o que está ocorrendo não
pode surpreender a ninguém.
Mantendo uma estrutura que é
vocalmente favorável ao amplo desmatamento - ressoam e não ao longe as frases
ominosas de deixar passar a boiada... - não impressionou (nem deu a sinalização
de que seja realmente para valer) eis que o emprego das Forças Armadas na
floresta amazônica resultou em um custo mensal de R$ 60 milhões, quase 80% do
orçamento anual de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), mas a resposta aos altos índices de
desmate não chegou. "As queimadas contribuem para as crises globais do
clima, da biodiversidade e com a catástrofe sanitária. O Brasil precisa fazer
mais, se quiser detê-las", asseverou Rômulo Batista, da Campanha Amazônia
do Greenpeace.
Quem está na chuva, é
para se molhar. Na verdade, o alerta paraç o descontrole na Amazônia já havia
sido dado há uma semana, quando o jornal Estado de São Paulo mostrara que os
alarmes feitos pelo sistema Deter do
INPE apontavam para mais um novo récorde de desmate - na realidade, de
primeiro de agosto de 2019 até onze de junho de 2020, foram realizados alertas
para a derrubada de 6.870 km2 de Floresta. Há um processo que ominosamente
avança, pois entre 1° de agosto de 2018 e 31 de julho de 2019 haviam sido já
6.844km2
O
diretor-executivo do WWF-Brasil, Maurício Voivodic, lembra que as queimadas de
2019 ecoam até hoje no exterior. "O que vimos em junho será muito mais
dramático nos próximos meses, sem uma resposta contundente e eficaz",
afirma.
Não surpreende
que os planos de combater o desmate e todo o aspecto de controle dos órgãos
governamentais são deixados por conta de quem já se passou de há muito para o
outro lado da trincheira. Tampouco espanta, por conseguinte, que os planos,
projetos e programas se descubram órfãos em ambiente em que o cinismo
prevalece, e o tempo vai passando...
( Fonte: O Estado de S.
Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário