quinta-feira, 2 de julho de 2020

O Escândalo de Hong Kong


                      
       A volta de Hong-Kong à China, pactuada em 1997 pela RPC e o Reino Unido, que timbrara em que fosse reconhecida a vocação democrática de seus habitantes,  pela impossibilidade aparente da ditadura chinesa, de que é digna representante Carrie Lam - que perfaz o figurino da Governadora infiel aos respectivos súditos e sempre pronta a cumprir as ordens unânimes do poder imperial.
            Ontem, foi o primeiro dia da vigência da Nova Lei de Segurança Nacional, imposta por Beijing ao território de Hong-Kong.
              Xi Jin-ping terá decerto mandado cumprir a ordenação, para variar monotonamente aprovada pelo Parlamento da metrópole.  Como é manifesto, Beijing, por ordens do maoista Xi, ao tentar desmantelar o que acredita inadmissível oposicionismo libertário dos naturais de Hong Kong,  se apresta no seu sanhudo afã, a matar a galinha dos ovos de ouro.
                 O deputado e líder oposicionista Kwok Ka-ki, a respeito, declarou: "É o fim de nosso país como o conhecemos, o fim do "um país, dois sistemas" declarou o representante político, a saber, o término do regime híbrido vigente em Hong-Kong, onde há  liberdade econômica quase total, o que viabiliza a área com centro de circulação - e captação de valores (o que, decerto, não é enjeitado pela ditadura celestial chinesa). Quanto à liberdade política, ela era decerto bem maior nos tempos da Colônia de Sua Majestade britânica,e todo o tipo de lema foi brandido para assegurar que os ares democráticos - cujo caráter é contagioso em demasia - uma vez inspirados - e a história recente de Hong Kong é prova eloquente disso - tendem a mudar a atitude das pessoas, que dificilmente tendem a conformar-se com ambientes menos livres.
                     Dadas a dureza e suposta inflexibilidade das leis preparadas pelo parlamento de Beijing, não há espaço para dissenso e até mesmo a prisão de uma garota de quinze anos, que portava cartaz com os dizeres: "Independência de Hong Kong, revolução do nosso tempo". Se o conflito coloca os manifestantes em uma situação difícil - a lei é tão draconiana que se levado ao pé da letral qualquer ativista que foi às ruas desde 2019 é  passível de prisão. manifestante  

            A RPC trabalha para  transmitir a impressão de que a |Zona de Livre Mercado não lhes influenciará o tratamento, marcado por uma tolerância bastante do que a observada em outras situações, de. maior tolerância. Os Estados Unidos têm anunciado sanções e outras ameaças comerciais contra a transformação de Hong Kong em outra grande cidade chinesa.  Desde 1997, essa área vive sob o sistema que o deputado Kwok disse estar morto: "um país, dois sistemas".
               Pelo tratado pactuado em 1997 será permitido um multipartidarismo local e certo grau de autonomia do Judiciário e do Executivo.  A imprensa é livre. Isto tudo valeria até 2047.  Qualquer semelhança com o resto da China é, por certo, inexistente.
                 A dúvida que permanece quanto ao status de Hong Kong está no que tange à autonomia, que Beijing procura dar a impressão de querer esmagar. Ora, isto vai contra o seu interesse, pois ao mexer com a autonomia, estaria perdendo um instrumento relevante para Beijing.  O risco seria de  perder essa área como posto avançado capitalista.  Boa parcela de o que faz 290 empresas americanas  terem quartéis-generais asiáticos naquela área é a liberdade de movimento.

                   Para Beijing, Hong Kong seria uma questão interna chinesa. Para o governo, os países rivais fomentam os manifestantes, como alegadamente fizeram os americanos em 2019. Com novas sanções agora, para desestabilizar a ditadura.  O mais firme aliado dos Estados Unidos, o Reino Unido, se acha na linha de frente contra Beijing, atendido o passado colonial, findo em 1997. Nessa 4ª feira, Londres confirmou o plano de possibilidade de imigração facilitada para três milhões dos 7,5 milhões de habitantes de Hong Kong.  Se essa possibilidade for realmente aberta, transformaria o território em mais uma trincheira da Guerra Fria, promovida por Donald Trump diante da crescente ambição da RPC. Mas isso são conjeturas.

( Fonte: Folha de S. Paulo )

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