A
volta de Hong-Kong à China, pactuada em 1997 pela RPC e o Reino Unido, que
timbrara em que fosse reconhecida a vocação democrática de seus habitantes, pela impossibilidade aparente da ditadura
chinesa, de que é digna representante Carrie Lam - que perfaz o figurino da
Governadora infiel aos respectivos súditos e sempre pronta a cumprir as ordens
unânimes do poder imperial.
Ontem, foi o primeiro dia da vigência da Nova Lei de Segurança Nacional,
imposta por Beijing ao território de Hong-Kong.
Xi Jin-ping terá decerto mandado cumprir a ordenação, para variar
monotonamente aprovada pelo Parlamento da metrópole. Como é manifesto, Beijing, por ordens do
maoista Xi, ao tentar desmantelar o que acredita inadmissível oposicionismo
libertário dos naturais de Hong Kong, se
apresta no seu sanhudo afã, a matar a galinha dos ovos de ouro.
O deputado e líder oposicionista Kwok Ka-ki, a respeito, declarou: "É o fim de nosso país como o
conhecemos, o fim do "um país, dois sistemas" declarou o
representante político, a saber, o término do regime híbrido vigente em
Hong-Kong, onde há liberdade econômica
quase total, o que viabiliza a área com centro de circulação - e captação
de valores (o que, decerto, não é enjeitado pela ditadura celestial chinesa).
Quanto à liberdade política, ela era decerto bem maior nos tempos da Colônia de
Sua Majestade britânica,e todo o tipo de lema foi brandido para assegurar que
os ares democráticos - cujo caráter é contagioso em demasia - uma vez
inspirados - e a história recente de Hong Kong é prova eloquente disso - tendem
a mudar a atitude das pessoas, que dificilmente tendem a conformar-se com
ambientes menos livres.
Dadas a dureza e suposta inflexibilidade das leis preparadas pelo
parlamento de Beijing, não há espaço para dissenso e até mesmo a prisão de uma
garota de quinze anos, que portava cartaz com os dizeres: "Independência
de Hong Kong, revolução do nosso tempo". Se o conflito coloca os
manifestantes em uma situação difícil - a lei é tão draconiana que se levado ao
pé da letral qualquer ativista que foi às ruas desde 2019 é passível de prisão. manifestante
A
RPC trabalha para transmitir a impressão
de que a |Zona de Livre Mercado não lhes influenciará o tratamento, marcado por
uma tolerância bastante do que a observada em outras situações, de. maior tolerância.
Os Estados Unidos têm anunciado sanções e outras ameaças comerciais contra a
transformação de Hong Kong em outra grande cidade chinesa. Desde 1997, essa área vive sob o sistema que
o deputado Kwok disse estar morto: "um país, dois sistemas".
Pelo tratado pactuado em 1997
será permitido um multipartidarismo local e certo grau de autonomia do
Judiciário e do Executivo. A imprensa é
livre. Isto tudo valeria até 2047.
Qualquer semelhança com o resto da China é, por certo, inexistente.
A dúvida que permanece quanto
ao status de Hong Kong está no que tange à autonomia, que Beijing procura dar a
impressão de querer esmagar. Ora, isto vai contra o seu interesse, pois ao
mexer com a autonomia, estaria perdendo um instrumento relevante para
Beijing. O risco seria de perder essa área como posto avançado
capitalista. Boa parcela de o que faz
290 empresas americanas terem
quartéis-generais asiáticos naquela área é a liberdade de movimento.
Para Beijing, Hong Kong
seria uma questão interna chinesa. Para o governo, os países rivais fomentam os
manifestantes, como alegadamente fizeram os americanos em 2019. Com novas
sanções agora, para desestabilizar a ditadura.
O mais firme aliado dos Estados Unidos, o Reino Unido, se acha na linha
de frente contra Beijing, atendido o passado colonial, findo em 1997. Nessa 4ª
feira, Londres confirmou o plano de possibilidade de imigração facilitada para
três milhões dos 7,5 milhões de habitantes de Hong Kong. Se essa possibilidade for realmente aberta,
transformaria o território em mais uma trincheira da Guerra Fria, promovida por
Donald Trump diante da crescente ambição da RPC. Mas isso são conjeturas.
(
Fonte: Folha de S. Paulo )
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