sexta-feira, 13 de julho de 2018

Um novo apartheid em Israel ?


         
        Com o assim chamado  projeto do Estado Nação,  o Likud, a ultra-direita sob controle de Binyamin Netanyahu, e que tem o apoio da Direita e da extrema-direita,  intentam conferir à coalizão que ora controla a terra de Israel uma proposta que cria "a pátria nacional do povo judeu" e igualmente identifica os símbolos nacionais para essa aliança encabeçada por Binyamin Netanyahu.
         Para que se tenha bem presente o desígnio dessa proposição, ela deseja uma espécie de refundação de Israel, de forma bastante diversa da Declaração de Independência, firmada pelos fundadores  de Israel, entre os quais Ben Gurion e Golda Meir.
          Contudo, o texto presente, que busca arremedar o histórico documento firmado pelos fundadores, em 1948, tem mudanças que retiram os valores democráticos do Estado, pois silencia sobre direitos iguais  aos habitantes árabes, que não mais têm "igual cidadania e representação em todas as instituições".
           Ao invés das palavras de 1948, sobre o texto presente  - projeto do Estado Nação, que terá status constitucional,  e rebaixa a língua do grupo minoritário, o árabe, a um status dito "especial", que apenas camufla o rebaixamento do árabe a idioma a que se despoja do status oficial, que é somente outorgado ao hebraico.
            Mas a direita israelense, que ora predomina,  faz autorizar a criação de comunidades homogêneas com base em religião e nacionalidade.  A dita Cláusula 7B tem sido condenada como antidemocrática e racista por parlamentares opositores, membros da comunidade árabe, além de grupos de direitos humanos.
             Em correspondência ao Primeiro Ministro Netanyahu, o presidente Reuven Rivlin disse que a lei não é equilibrada e poderia "prejudicar os judeus em todo o mundo e em Israel. Poderia mesmo ser usada como arma por nossos inimigos."
              Falando da tribuna, representante árabe no Knesset, Yousef  Jabareen, chamou o projeto de lei de apartheid, aludindo ao sistema racista e descriminatório que governou a União Sul Africana.
              Israel tem atualmente 8,5 milhões de habitantes, dos quais 75% são judeus. Muçulmanos e árabes cristãos constituem mais de 20% da população, e grupos minoritários não-judeus somam 5%.  Além disso, vivem em Israel populações que são etnicamente etíopes e russas, cujo status judaico é por vezes questionado pelo Estado israelense.
               Amir Fuchs, do Israel Democracy Institute enfatiza um grave desvirtuamento na Lei Básica que se pretende implementar: "não existe país no mundo que não preveja o direito de igualdade na Constituição." "Esse direito está contido  nos valores mencionados na Declaração de Independência, que vem sendo o documento definitivo que molda o caráter do Estado de Israel pelos últimos 70 anos." Segundo ele,se o projeto for aprovado, vai-se sobrepor  a outras leis básicas.
                 Por sua vez, em representação da direita - sob cuja fatal influência o documento foi redigido - Avraham Diskin, professor de ciência política da Universidade Hebraica de Jerusalém,  afirma que a lei foi pensada para fazer frente a inimigos de Israel, incluindo os palestinos (sic), que não reconhecem o direito à existência do Estado judaico."
                  Esse expoente do pensamento facistóide que ora prevalece na terra que foi antes de Ben Gurion, representa um tipo de mentalidade que defende apenas os seus supostos direitos, votando ao Povo palestino uma atitude que nos traz presente a mentalidade racista que antes predominava na União Sul-Africana. A adoção de tais modelos, por sua linha de hegemonia racista, garante que ocorra aos Estados respectivos a mesma sorte que coube a outras sociedades humanas que, fundadas no cego preconceito e na exploração  de raças consideradas inferiores, tendem a criar as condições  para o seu próprio desfazimento.

(Fonte: O Estado de S. Paulo)

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