Com o assim chamado projeto do Estado Nação, o Likud, a ultra-direita sob controle de Binyamin
Netanyahu, e que tem o apoio da Direita e da extrema-direita, intentam conferir à coalizão que ora controla
a terra de Israel uma proposta que cria "a pátria nacional do povo judeu"
e igualmente identifica os símbolos nacionais para essa aliança encabeçada por
Binyamin Netanyahu.
Para que se tenha bem presente o
desígnio dessa proposição, ela deseja uma espécie de refundação de Israel, de forma
bastante diversa da Declaração de Independência, firmada pelos fundadores de Israel, entre os quais Ben Gurion e Golda Meir.
Contudo, o texto presente, que busca
arremedar o histórico documento firmado pelos fundadores, em 1948, tem
mudanças que retiram os valores democráticos do Estado, pois silencia sobre direitos
iguais aos habitantes árabes, que não
mais têm "igual cidadania e representação em todas as instituições".
Ao invés das palavras de 1948, sobre
o texto presente - projeto do Estado
Nação, que terá status
constitucional, e rebaixa a língua do
grupo minoritário, o árabe, a um status dito "especial", que apenas
camufla o rebaixamento do árabe a idioma a que se despoja do status oficial, que é somente outorgado
ao hebraico.
Mas a direita israelense, que ora
predomina, faz autorizar a criação de
comunidades homogêneas com base em religião
e nacionalidade. A dita Cláusula 7B tem sido condenada como
antidemocrática e racista por parlamentares opositores, membros da comunidade
árabe, além de grupos de direitos humanos.
Em correspondência ao Primeiro
Ministro Netanyahu, o presidente Reuven
Rivlin disse que a lei não é equilibrada e poderia "prejudicar os judeus em todo o mundo e em
Israel. Poderia mesmo ser usada como arma por nossos inimigos."
Falando da tribuna, representante
árabe no Knesset, Yousef Jabareen,
chamou o projeto de lei de apartheid,
aludindo ao sistema racista e descriminatório que governou a União Sul
Africana.
Israel
tem atualmente 8,5 milhões de habitantes, dos quais 75% são judeus. Muçulmanos
e árabes cristãos constituem mais de 20% da população, e grupos minoritários não-judeus
somam 5%. Além disso, vivem em Israel
populações que são etnicamente etíopes e russas, cujo status judaico é por
vezes questionado pelo Estado israelense.
Amir Fuchs, do Israel
Democracy Institute enfatiza um grave desvirtuamento na Lei Básica que se
pretende implementar: "não existe
país no mundo que não preveja o direito de igualdade na Constituição."
"Esse direito está contido nos valores mencionados na Declaração de Independência,
que vem sendo o documento definitivo que molda o caráter do Estado de Israel
pelos últimos 70 anos." Segundo ele,se o projeto for aprovado,
vai-se sobrepor a outras leis básicas.
Por sua vez, em representação
da direita - sob cuja fatal influência o documento foi redigido - Avraham
Diskin, professor de ciência política da Universidade Hebraica de
Jerusalém, afirma que a lei foi pensada
para fazer frente a inimigos de Israel, incluindo os palestinos (sic), que não reconhecem o direito à
existência do Estado judaico."
Esse expoente do pensamento
facistóide que ora prevalece na terra que foi antes de Ben Gurion, representa
um tipo de mentalidade que defende apenas os seus supostos direitos, votando ao
Povo palestino uma atitude que nos traz presente a mentalidade racista que
antes predominava na União Sul-Africana. A adoção de tais modelos, por sua linha
de hegemonia racista, garante que ocorra aos Estados respectivos a mesma sorte
que coube a outras sociedades humanas que, fundadas no cego preconceito e na
exploração de raças consideradas
inferiores, tendem a criar as condições
para o seu próprio desfazimento.
(Fonte:
O Estado de S. Paulo)
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