domingo, 29 de julho de 2018

O fenômeno Imran Khan


                                    
          Tudo indica que Imran Khan vencerá as eleições no Paquistão.  Voltou da Inglaterra à sua pátria com um objetivo bem determinado.  Como se refere, Imran é mais do que uma celebridade na sua pátria natal - ele é um mito.
            Considerado um dos oito melhores jogadores de cricket da história, multimilionário, retornou à sua pátria depois de vencer todos os torneios e ser um bon vivant por 20 anos na Inglaterra. A sua caminhada política se estende aos últimos 22 anos.
             Apesar da resistência adversária - acirrada em especial pela sua condição de homo novus na política - Imran Khan reivindica a vitória de seu partido nas eleições legislativas, mas o resultado tarda a ser confirmado pela Justiça Eleitoral e os adversários.  Como seria de esperar, a contagem de votos segue com grande atraso. Encerrada a votação,  havia sido apurada apenas menos da metade dos votos.
              O partido governista, Liga muçulmana do Paquistão (PMLN) rejeitou os resultados das urnas e afirmou  que a votação fora "manipulada". Não obstante, milhares foram às ruas comemorar.
             Imran Khan transformou-se em mito a partir de 1992, quando ele liderou a seleção paquistani de cricket ao único título de campeã mundial de sua história, em triunfo incontestável  sobre a ex-metrópole. 
              Nascido em 25 de novembro de 1952, Imran Ahmad Khan Niazi  é  um pashtun de Lahore, no Punjab.  Sua família fazia parte da elite educada e altamente anglicizada.  Com vinte anos, foi estudar na Inglaterra e jogou pela equipe de Universidade de Oxford até se formar, com honras, em filosofia, política e economia, em 1975.  Transcorreu os seguintes dezessete anos jogando e residindo na Inglaterra.
              Tornou-se celebridade. Acostumado à vida boêmia, frequentava os clubes noturnos de Londres, sempre na companhia de belas mulheres e de outras celebridades.  Em 1995 casou-se com Jemina Marcelle Goldsmith, filha de um financista multimilionário e de uma lady britânica.
               No ano seguinte, Khan retornou ao Paquistão e fundou o próprio partido, o Movimento para a Justiça (PTI). Seu objetivo era travar guerra contra a corrupção, que é endêmica no Paquistão, e instituir um Estado social muçulmano.
                Em sua autobiografia, Pakistan: a Personal History, Khan fala muito de religião, ligando a crise de valores à decadência do Paquistão. Aos críticos que o chamam de hipócrita, Khan responde que fez um regresso à terra pobre onde nasceu.
                 Muitos não duvidam de suas intenções, mas desconfiam de seus métodos. As doses de populismo, a religiosidade exacerbada e o conservadorismo latente não seriam sinais de pendores republicanos. A esses detratores, a resposta de Khan será sempre a mesma: "Sou acusado pelos liberais de ser um extremista. E sou acusado pelos extremistas de ser marionete dos americanos. Deve ser um bom sinal."

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

Nenhum comentário: