Aos habitantes do bairro de Monimbó, na
cidade de Masaya, a 30 km de Manágua, estavam
reservados momentos de angustia e terror, diante da boçal violência e da fúria
sanguinária dos policiais e paramilitares
mascarados.
Desde o fim da tarde de terça,
dezessete, magotes de tais indivíduos irromperam em Monimbó, a que passaram a
controlar, em patrulhas, enquanto lhe percorriam as ruas em patrulhas, montados
em caminhonetes, armados todos com fuzis de cano longo.
As barricadas, levantadas com
concreto retirado do pavimento das ruas, foram destruídas ou abandonadas.
Nos confrontos em Masaya, na
terça-feira pelo menos nove pessoas morreram, segundo a Associação Nicaraguense
pró-direitos humanos (ANPDH): 5 paramilitares, três manifestantes e um
policial. A par disso, um jovem está internado em estado grave.
Segundo ambulante, de 38 anos, ela
foi submetida a torturas para revelar o paradeiro dos rapazes. Cortavam-lhe a pele das pernas, enquanto lhe diziam:
"Fala ou te matamos".
Ainda consoante a testemunha,
eram dois de camisa azul (paramilitares) e um vestido de preto (policial).
A mulher, no entanto, não podia falar
o que não sabia, malgrado a violência que sofria. O seu filho, estudante do
ensino médio, fugira a pé, quatro horas antes, levando apenas uma jaqueta.
Segundo a ANPDH, o filho dessa
mulher pode estar entre os sessenta moradores de Masaya desaparecidos desde o
confronto da terça.
Ontem, quarta-feira dezoito,
foi dia de enterrar os mortos. Assim, a despedida do operário têxtil Eric
Jimenez, de 34 anos, foi no cemitério do próprio bairro. Na verdade, às seis da
manhã, os paramilitares e a polícia de choque estavam por todo Monimbó.
Conta a tia Nelly Lopez que
Jimenez saíra para comprar mantimentos, quando começou o tiroteio perto da casa deles. "Uma vizinha chegou tremendo e disse que
meu sobrinho estava caído diante do portão. Saí no meio do tiroteio. Eu o
levantei e abracei, dizendo: mataram o meu sobrinho".
(
Fonte: reportagem de Fabiano Maisonnave, correspondente da Folha)
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