É um acinte à Justiça e aos direitos
humanos o sistemático descumprimento de reunir muitos dos imigrantes ilegais
aos próprios filhos. Na fascistóide política de tolerância zero, 2551
crianças - segundo a Justiça, entre abril e junho últimos -foram enviadas para
abrigos sem os pais. Dentre as
crianças brasileiras, pelo menos cinco continuavam isoladas dos pais até a
quinta-feira desta semana.
Como é óbvio, o não-cumprimento do
prazo tende a multiplicar ações judi-ciais e pedidos de indenização contra o
Governo americano. Nesse sentido, a União Americana pelas liberdades civis
(ACLU) já ajuizou algumas delas.
O problema da separação das famílias
parece longe de ser resolvido, uma vez que 711 delas não se encaixam no
critério de elegibilidade do Governo e não há um novo prazo para as reuniões.
Uma das situações mais
dramáticas é a das 463 crianças cujos pais foram deportados. Vê-se que a
perversidade no governo Trump não é gratuita, mas sistemática. Aqui se têm
presentes métodos cruéis, que beiram aqueles do nazi-fascismo. O ambiente
kafkiano comparece em outros casos, onde os pais não foram autorizados a
recuperar seus filhos, pois não conseguiram provar que não têm antecedentes
penais ou são realmente pais das crianças. O futuro dessas crianças é, por
conseguinte, incerto. É incrível, mas por má-fé a Administração Trump não utiliza
métodos de DNA...
É verdade que o Juiz federal
Dana Sabraw, da Califórnia, ordenou a reunificação. Contudo, Sua Senhoria não
estabeleceu nenhuma sanção em caso de descumprimento. É provável que peça à
ACLU que proponha uma punição ao Governo Trump - a entidade já processa o
governo em outros casos de separação de famílias. Com o fim do prazo, ainda
havia pelo menos 5 crianças brasileiras retidas em abrigos nos
Estados Unidos - 4 em Chicago e 1 em Houston.
Tem-se acaso presente o(s) trauma(s) que tal procedimento brutal e es-túpido
causará em crianças e mesmo jovens? Os
quatro casos de Chicago atingiam 2 crianças com menos de cinco anos, uma de
nove e outra, adolescente, de 16. Em todos os casos, as mães foram separadas
dos filhos na fronteira, no Texas ou no Arizona, e as crianças foram enviadas a
abrigos em outros estados. Dois desses casos, com crianças de 9 e 5 anos, foram
os mais difíceis de resolver, afirma a Sra. Natalícia Tracy, diretora
do Centro do Imigrante Brasileiro (CIB) em Boston. Mesmo com a determinação da
Justiça, os centros não queriam liberar as crianças.
Segundo o New York Times, em
um dos centros onde as famílias estão detidas, em Port Isabel, no Texas, o
governo considerou que alguns pais estavam soltos, mas ainda estavam sob
custódia (!). Nos quase dez anos que trabalha no CIB, Natalícia disse nunca ter
visto algo parecido em termos de burocracia e falta de transparência sobre como
devem ser os processos: "Antes, se sabia como as coisas, as leis funcionavam.
Agora, não. É um sistema de quase
ditadura, caos. Não é por acidente, é
para oprimir, destruir as pessoas e desencorajar outras a vir", disse ela.
Natalícia afirma ter ouvido de imigrantes brasileiras que em abrigos do
Arizona cerca de noventa mães foram mantidas em uma sala com capacidade para
trinta pessoas, separadas por um corredor de vidro de seus filhos. Mães e
filhos batiam no vidro, mas eram impedidos de ficar juntos. No meio da noite, conta ela, algumas crianças
eram escolhidas e levadas para abrigos em outros Estados.
A Sra. Natalicia Tracy afirma que
mães e crianças ficaram traumatizadas. Em alguns casos, as crianças ficam
com medo de sair de perto da mãe e sentir fome ou sede novamente. A brasileira explicou que seu centro
fornecerá serviços de assistência social e de psicólogos para essas
famílias.
Em outro caso, testemunhado por sua organização, Natalícia disse que uma
brasileira presa havia 11 dias antes do início da aplicação da política de tolerância
zero teve seu filho separado dela assim que a medida passou a valer.
Ela teve o pedido de fiança negado duas vezes porque o governo alegou que ela
representava um risco à segurança. Ela agora está acionando o governo por danos
morais.
É impressionante como um demagogo do nível de Donald Trump possa causar
tanto mal a pessoas inocentes, como demonstrado pelas linhas acima. A chamada política
de tolerância zero dá engulhos não só pela própria hipocrisia e pelo mal que
causa a criaturas inocentes como crianças e menores, sem esquecer o desrespeito
pelas mães e pais. E tudo isso por sórdida demagogia! Tolerância zero é o que
deverá merecer essa corrupta Administração Trump quando o Procurador Robert Mueller chegar ao fim de sua investigação, com as
consequentes medidas de impeachment do cruel demagogo Donald Trump.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário