O procurador-especial,
que investiga o envolvimento russo nas eleições americanas de 2016, indiciou
doze espiões russos, que foram acusados de hackear
o sistema da campanha de Hillary Clinton
e, por conseguinte, sabotar as eleições dos EUA.
É a primeira vez que a investigação
do Procurador Robert Mueller III envolve diretamente funcionários do governo
russo. Essa medida é divulgada a três
dias da reunião entre o presidente Donald Trump e Vladimir Putin, marcada para
realizar-se em Helsinque, na Finlândia.
No indiciamento, o Procurador
Mueller alega terem sido os agentes do
Departamento Central de Inteligência da Rússia (GRU) que "hackearam,
tiveram acesso e divulgaram o grande número de e-mails e documentos do Comitê Nacional Democrata (DNC), do Comitê
Democrata de Campanha do Congresso (DCCC) e de diversas campanhas de Hillary
Clinton, funcionários, e também do presidente da campanha, John Podesta.
Os e-mails e documentos foram
publicados durante a campanha de 2016 por três sites. Dois deles, o Guccifer 2.0, o DCLeaks "foram criados e controlados por esses oficiais da
agência de inteligência da Rússia", sinaliza Mueller. O terceiro site, o WikiLeaks, de Assange, recebeu os e-mails
furtados do Comitê Democrata dos espiões. Assinale-se que o Procurador Mueller
não acusa o WikiLeaks de nada.
O indiciamento por Mueller nomeia
os doze oficiais do GRU.O mais importante deles é Viktor Borisovich Netyksho,
oficial graduado que estaria no comando de unidade cuja responsabilidade
exclusiva era hackear computadores.Outros funcionários do GRU tinham vários
outros papéis no furto de documentos on-line
e para encobrir os rastros dos papéis
antes de as informações serem vazadas.
A conclusão de Mueller é a de que os
espiões agiram de modo intencional e coordenaram a divulgação de informações
prejudiciais para influenciar o resultado da eleição nos Estados Unidos. O
Subprocurador-geral Rosenstein disse aos repórteres não estar claro se os
esforços dos espiões mudaram o resultado da eleição.
A par disso, a acusação
apresenta evidências técnicas sobre como os indivíduos hackearam documentos,
inclusive comunicações eletrônicas e transferências de informações entre as
várias figuras envolvidas. Não há nenhuma alegação de envolvimento americano ou
da campanha de Trump.
Até o presente, 32 pessoas e três empresas
foram indiciadas ou se declararam culpadas na investigação. Note-se que entre os russos deste grupo havia
empresários próximos a Putin. Três integrantes da campanha de Trump foram
indiciados. O presidente americano também é investigado pela equipe de Mueller
por possível obstrução de Justiça.
Ontem, o advogado de Trump no caso, o ex-prefeito de New York Rudolf
Giuliani, comemorou o indiciamento."As acusações anunciadas por Rod
Rosenstein (o vice-Procurador-Geral) são boas notícias para todos os
americanos", disse ele. E dentro de sua linha advocatícia, contratado que
foi para inocentar Trump de qualquer malfeito: "Pegamos os russos. Nenhum
americano está envolvido. Hora de Mueller acabar com essa caça às bruxas e dizer que o presidente Trump é completamente
inocente."
Giuliani vem travando uma
guerra contra Mueller, alegando que a investigação está manchada pela
parcialidade. A declaração de Giuliani ecoa uma estratégia dos aliados de
Trump, de sustentar que a investigação não tem a ver com o presidente. Mas o
subsecretário de Justiça e vice-procurador-geral, Rod Rosenstein, deixou claro
que a investigação ainda não terminou.
Observadores políticos
americanos afirmaram que Mueller pode
haver escolhido o momento para divulgar o indiciamento às vésperas do encontro com Putin, para forçar o
presidente estadunidense a confrontar seu colega russo. Até hoje, a Casa Branca
se tem esquivado de condenar a Rússia por qualquer envolvimento no caso em
tela.
"É possível que
Mueller tenha divulgado essas acusações apenas porque ficaram prontas",
escreveu no site americano Vox o
analista de risco político Alex Ward. "Mas é difícil acreditar que não
tenha sido intencional."
De acordo com
Rosenstein, o momento da divulgação das acusações "ocorreu em função da
coleta dos fatos, da evidência e da Lei, no exato momento em que era preciso
apresentar a acusação."
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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