Hoje os grandes jornais
estadunidenses, como o New York Times, transmitem ao leitor a própria
perplexidade.
A pergunta que encima este artigo
de certa forma reflete o descorçoamento que motivou o summit de Trump e Putin.
Trump, ao lado de seu 'amigo'
Putin, não parece encarnar o presidente dos Estados Unidos.
Dá a impressão de alguém que foi
parar em reunião com poderoso líder estrangeiro, e por sentir-se sob a sua
sombra, perde a própria habitual irreverência e até mesmo descortesia, de que,
aliás, tem feito uso abundante na sua presente visita à Europa.
Multiplicara descortesias e mesmo grosserias. Começou com um ataque à Alemanha de Frau Angela Merkel que, seja
dita de paso, não perde ocasião de tratar mal, como se dela tivesse inveja pela ascendência que colheu ao
longo de seu trabalho como Chanceler da Alemanha.
Atacou a Organização do Tratado do
Atlântico Norte de uma forma que espalhou o mal-estar na reunião a que comparecera,
e que se reunira para, de um certo modo, homenagear o irmão mais velho da
Aliança. Nessa mesma linha, maltratou a sua suposta amiga Theresa May, a quem
chegou a censurar pelo seu tratamento dado a Boris Johnson e à turma do Brexit. O que mais impressiona nesse episódio - e confrange - é
a docilidade da Primeira Ministra, que pareceu uma subordinada que sofre a
repreensão do chefe e não reage.
Fustigado pelo Povão inglês no
boneco inflável do Bebê Trump, ele conseguiu ser descortês com a Rainha em mais de uma
oportunidade. Na sua longa trajetória como Soberana do Povo inglês, Elizabeth
terá decerto perguntado aos próprios botões como no seu reinado só agora tenha tido a infeliz
oportunidade de receber alguém que leva a grosseria e a falta de educação ao
ponto em que manifestou, em mais de uma oportunidade, e de forma gratuita à Sua
Majestade.
Mas dentre os pontos censuráveis em sua tournée do Velho Continente, sob prisma
político a sua atuação no chamado Summit
com Vladimir Putin esteve abaixo de qualquer expectativa. O que se quer dizer
com isso é que Trump lograria surpreender mesmo àqueles que dele esperavam uma
postura comprometedora.
Nunca presidente americano terá
dado a impressão de assumir eventual atitude subalterna com relação ao seu
suposto amigo Vladimir Putin. Ali presente não se viu o
chefe da Superpotência. Viu-se
amiúde a aparência de alguém que não era o líder do mundo livre, mas sim o
chefe de governo que parecia interessado sobretudo em satisfazer ao presidente russo. Putin
no caso a quem estivesse despertando de um longo sono pareceria ser o
todo-poderoso chefão, e o seu acólito, Mr Trump.
A
sua atitude pareceu a muitos altamente comprometedora, a ponto de contraditar
as informações recebidas dos respectivos serviços de segurança. A ouvi-lo, e
dar-lhe eventual crédito, não houve hakeamento
do comitê nacional democrata, nem da candidata Hillary Clinton !
Ver
um presidente americano ir contra o que lhe dizem os seus órgãos de segurança é
assistir à performance inédita na História
dos Estados Unidos. Tal não é, por certo, episódio de petite histoire. Trata-se de qualquer coisa, ainda talvez indefi-nida,
mas de despertar espécie, e sobretudo muita inquietude.
E o que dizer então de tentar desacreditar
esses serviços na frente de gospodin Putin e da contrafeita mídia?
(Fontes:
The New York Times, O Estado de S. Paulo )
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