A capa da revista VEJA deste fim de semana mostra com rara
felicidade o riso a um tempo provocador e regozijante do Ministro Gilmar
Mendes.
Sua
Excelência não é, decerto, um ministro qualquer do atual Supremo Tribunal
Federal. Inteligente, culto, com o verbo ferino, o Ministro Gilmar é um
personagem, conhecido do público, pelos seus ditos e posições - e, nesse
quadro, foi contestado até em calçada de Lisboa -, e como todas as pessoas pode
ser suscetível a mudanças.
Vamos
por partes. Recordo-me dos tempos do Mensalão,
em que chegou a estranhar com o então nervosismo - na pouco feliz presidência
da Senhora Dilma Rousseff - do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o
teria levado a forçar a participação em discussões relativas ao dito processo,
que representou um claro êxito do então Presidente do Supremo, Joaquim
Barbosa.
Naquele tempo, a despeito de um
relacionamento por vezes difícil com o Ministro Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes não se opôs à Ação Penal
Pública 470, aquela relativa ao Mensalão, e que se tornaria um marco na
jurisprudência brasileira.
Pode-se esperar muitas coisas das intervenções em debates públicos no
STF, além de serem muita vez originais e incisivas. Quanto a concordar com
elas, é uma outra questão.Nesse quadro, os seus votos podem não ser do agrado
geral, mas não me aventuraria a dizer que possam ser vistos como medíocres.
Gilmar Mendes, por exemplo, muita vez se indispôs com o ex-Procurador-Geral
do Ministério Público, Rodrigo Janot, tendo mantido mais de uma polêmica à
distância com o ex-PGR.
De
uns tempos para cá, Sua Excelência terá subido em um diapasão na sua atitude
geral que se vê tornando mais negativa com relação a esse tópico, tão comum e
tão próximo a um número bastante respeitável de brasileiros, que é o
concernente à operação Lava-Jato.
Se
inexistem unanimidades nacionais - e os apoiadores do ex-presidente Lula o
corroboram - a Lava-Jato representou
uma questão muito cara a um número sem dúvida impressionante de brasileiros.
Sua
Excelência Gilmar Mendes ainda - que eu saiba - não a atacou de frente - embora
se possa dizer que muitos de seus pedidos de habeas corpus rocem implicitamente com a Lava-Jato.
Nesse contexto, é bom que se frise que no meu blog - malgrado a década
que atravessou - já apoiei posições
expressas pelo Ministro Gilmar. Há um veio libertário em muitas das ações desse
Ministro, a que não posso me opor, como, de resto, se pode verificar em
muitas de suas polêmicas com o ex-Procurador Geral da República.
Ao se agregar aos votos que soltaram o
ex-Chefe da Casa Civil de Lula, por determinação da Segunda Câmara do STF, Vossa
Excelência acrescentou seu voto contra a posição do respeitado Ministro Edson Fachin.
Mas já me aventuro sobre questões e tópicos que pertencem ao dia-a-dia
do Supremo. Bem sei é que tal já constitui um quase esporte por muitos
jornalistas, mas não vejo que deva fazer parte desse artigo.
( Fontes: Carlos Drummond de Andrade; O Estado de S.
Paulo; Veja )
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