A insolente
punição de Vladimir Putin, por causa da derrubada pela revolta popular da praça
Maidan do regime corrupto pró-Rússia do presidente Viktor Yanukovich, da Ucrânia, em
janeiro de 2015, foi a anexação da península da Criméia.
Coordenadas pelo presidente Obama
foram aplicadas sanções pontuais contra a Rússia, em especial em tudo que se
reporte ao território da província da Crimeia, que integrava o território da
Ucrânia, e que foi insolente e provocativamente anexado manu militari por destacamento do exército russo, ajambrado com uniforme apátrida, e contando
com a fraca, quase invisível, reação da pobre Ucrânia, mesmo diante de uma invasão de fancaria,
com um exército que sequer teve a ombridade de vestir o uniforme da imperialista
Rússia.
Por disposição da Assembleia Geral, de
que vergonhosamente se dissociou a
diplomacia de Dilma Rousseff que teve a ignara e estúpida ideia de manchar
toda a nossa tradição diplomática de respeito aos tratados, máxime no que tange
ao cumprimento do traço das fronteiras entre os Estados, ao ponto de recomendar
aos representantes diplomáticos que indicara como nossos representantes nessa
Conferência das Nações a triste, vergonhosa instrução de abster-se sobre a
Recomendação da AGNU - pela presença da Rússia no Conselho de Segurança a
decisão no caso só poderia ir para a Assembléia Geral, onde não há resoluções
mandatórias, mas fracas, suasórias recomendações. E
mesmo em tais condições - por ignorância, ou por menosprezo da tradição de Rio
Branco - nossa delegação manchou o próprio nome assentindo a uma vexaminosa
abstenção. Nenhuma nação com a tradição do Brasil de respeito aos tratados e às
fronteiras consequentes pode conspurcar o nome dos próprios delegados e de sua
tradição juridico-diplomática, omitindo-se dessa forma diante de um crime
imperialista como o praticado então pelo ditador Vladimir V. Putin. Não terá sido decerto por ignorância, mas sim
por abjeta vontade de agradar a ditadura moscovita essa mancha na
nossa diplomacia, determinada por uma presidente que dissociou-se de uma
tradição multissecular de respeito às fronteiras e à terminante renúncia à
rapacidade das anexações de territórios de países vizinhos. A esse propósito, há
também uma página a que prestamos a devida homenagem, de professores da
Fundação Getúlio Vargas que escreveram sobre a verdade e o respeito ao direito
internacional público, quando a presidente e o ministro desrespeitavam os nossos maiores, a
começar pelo Barão de Rio Branco, o paradigma imortal de nossa diplomacia.
A propósito da Crimeia anexada, o Estado de S. Paulo fez reportagem que
confrange, pela tibieza dos habitantes daquela península, mais preocupados em
nada dizer, do que expressar qualquer reação contra a invasão pela Rússia. A
esse respeito, se entenderá melhor o temor que o domínio russo inspira, se
tivermos presente o que reserva aos
países que com a dita Nação tem delicados confins, a ponto de que faça
legislação que, coberta apenas por um leve véu de frágil respeito à
independência alheia dos países que têm
a má sorte de ombrear com o urso russo, tal legislação se veste de
somente sombra de suavíssimo respeito à
suposta soberania do país limítrofe através da aparentemente anódina expressão
"estrangeiro próximo".
Dada a repressão a que os
habitantes da Crimeia estão hoje submetidos, ninguém quer falar de Ucrânia.
Todos nessa grotesca versão do medo mais do que inspirado, possivelmente
infligido pelo poder colonial russo, todos os crimeanos sempre torceram
"desde garotinhos" pela Rússia, e sequer se lembram de qualquer coisa
que recorde a presença ucraniana entre eles...
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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