Como o Uruguai,
tampouco o Brasil irá para as semifinais! Como anda o nosso futebol sul-americano?
Subo à gávea, mas não consigo distinguir nenhuma equipe sul-americana na Copa
da Rússia... Será só falta de sorte?
Vamos por partes, minha gente. Falou-se
muito da Bélgica, de quanto o seu futebol tinha melhorado. Francamente nada de muito assustador. Quando
estava eu pelas Europas, os aficionados diziam maravilhas sobre o futebol
belga, mas sobretudo que corriam muito. Nesse ponto, não vejo que hajam mudado tanto
assim.
O nosso primeiro tempo foi muito
ruim. Levamos dois gols, um dos quais poderia ser atribuído ao rápido
contra-ataque belga. Mas o nosso time colaborou: primeiro com desastrado gol
contra, o beque Fernandinho[1]
cabeceando para trás em um córner. Por mais que me esforce - e olhem que
acompanho o futebol por décadas - não me
lembro de um episódio similar.
Ainda no primeiro tempo, o outro gol
belga, feito por de Bruyne, saiu de
um contra-ataque desta seleção. O Brasil, apesar de estar perdendo, continuou
no mesmo diapasão: o avanço lento por uma série de passes entre os nossos
jogadores. Do outro lado, os belgas formavam um muro que acabaria por tornar
inoperante o ataque.
O craque Neymar lutou muito, mas
foi como que triturado por esse esquema de troca de (muitos) passes no primeiro
tempo. Os belgas não são suiços, mas como tática adotaram um ferrolho helvético
adaptado.
O
tempo passava e o Brasil parecia não ter
pressa. No segundo tempo, tentamos
melhorar um pouco, mas fiquei com a pulga atrás da orelha, porque as
modificações do técnico Tite não atacaram o cerne da questão. Continuamos
lentos, como se tivéssemos todo o tempo do mundo. Havia, porém, um detalhe:
eles tinham ainda um gol de diferença. No segundo tempo, Renato Augusto fez o
único gol do Brasil.
Mas ficamos nisso. Não foi
preparada nenhuma estratégia para vencer esse ferrolho modificado.
Dependíamos exclusivamente de
Neymar. Pelo esquema lento do esquadrão, e ainda por cima em desvantagem no
placar, os belgas, com um bom goleiro e beques lutadores, muitos ataques se
repetiam monotonamente. Neymar avançava e tentava abrir oportunidade para que
outro viesse e completasse. Afora a confusão, o que mais se via era o goleiro
belga acabar defendendo.
Aquelas correrias dos belgas a
que aludi de início continuaram acontecendo, pois é o jogo deles. Pior para
nós, eis que a seleção e de cambulhada o técnico não soube montar um esquema que
mostrasse de novo ao mundo porque temos cinco campeonatos mundiais, e os
celebrados belgas, que ainda não têm nenhum, com as suas correrias, que vem já
do século passado, nos mandaram para casa.
Não vou culpar o juiz, como
é hábito, mas se me perguntassem o que aconteceu, eu tentaria responder
dizendo: talvez o técnico Tite se tenha esquecido das correrias dos belgas e
sobretudo do que elas significam se a equipe canarinho insistir nos seus
ataques com muitos passes, mantendo a sua tática de sempre, e se possível avançando quase em linha sobre a
área do adversário. Só que no primeiro tempo esqueceram de montar uma defesa
decente no próprio campo, para que não levassemos gols das rápidas investidas
de seus atacantes - porque eles costumam vir correndo desabalados, ao perdermos
a bola... Foi o que ocorreu no segundo
gol a favor da Bélgica e marcado pelo já citado de Bruyne. As correrias belgas são decerto antigas. Como não vejo em outros
torneios que elas produzam resultados retumbantes, seria o caso de verificar
como é que franceses e alemães lidam com
esse problema.
(
Fontes: Rede Globo, Folha e Terra)
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