sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Que fazer do fator Dilma?


                                   
       Chegamos afinal a 2016, e a profusão dos fogos no entorno marítimo de Copacabana nos mostrou duas coisas importantes: que podemos quebrar a monotonia dos anos anteriores, com momentos de especial beleza e, mesmo, originalidade.

       Os dois milhões de pessoas, turistas e locais, responderam com ainda maior entusiasmo, mostrando uma vez mais que o belo, ainda que fugaz, se ainda por cima vestido com os atavios da originalidade - que será sempre ocasional, e, portanto, evitando a monotonia, será sempre bem-vindo.

       A exibição dessa primeira, monumental noite de 2016, nos mostra a estranha relevância do espoucar de fogos de artifício. Para enfeitar - ou disfarçar - as verrugas e os dissabores do dia-a-dia, o passageiro mostra que é também relevante.

        Neste novíssimo ano, que apenas sai dos cueiros da sua já sovada representação, todas as (boas) esperanças são admissíveis.

        Já é mais do que tempo de nos vermos livres desse estranho fator Dilma, que Lula da Silva, com a sua facúndia costumeira, passou ao povo brasileiro desde 2010. Se é triste o reconhecimento objetivo da constrangedora falta de razões fortes e substanciais para que o Povo soberano sufragasse essa candidatura dita oficial, temos de admitir que enquanto subsistirem no Brasil grandes bolsões de pobreza e mesmo de miséria, Pindorama tenderá a ser presa fácil dos caprichos dos coronelões, como Lula da Silva, que a impingiu à maioria dos brasileiros, contra candidato, com fé de ofício imensamente superior.

        Como se vê, não é só no Nordeste e no Norte, onde o assistencialismo desvairado floresce, que os ditos coronelões imperam. A turma do PT, que chegou pela cegueira ou hübris coletiva a formar maioria em nosso Congresso das quartas-feiras, sofreu a circularidade conhecida, passando a acreditar na sua própria desvairada propaganda.

        Que a sociedade civil tenha encontrado na Operação Lava-Jato, e no Juiz Sérgio Moro a manifestação de antes recônditas aspirações - que prevaleça o bem e o jeitinho maldito (que o brasileiro não topa nem nas conduções, nem nas condições do trabalho do dia-a-dia) que vão aos poucos se desfazendo (com a lentidão própria dos arraigados maus-hábitos da turma do sabe com quem está falando?), se não é ainda suficiente, a sua presença e os êxitos acumulados (diretores de empreiteiras na cadeia não era nada comum na terra do sabe com quem está falando?) não são mais indícios esparsos, mas uma corrente do bem que, como os ventos da manhã, dissipam os nevoeiros da dúvida e do cinismo.

         Sob os olhares escarninhos dos profissionais da descrença, sopram os ventos da justiça, gente graúda vai parar em nossos infames presídios - o que por fim fornece dupla razão: que presídios como os de Porto Alegre e do Maranhão desapareçam, para abrirem lugar para cadeias  que não sejam mais avatares da corrupção que jogou os presos nessas enxovias, e que tenhamos Ministros da Justiça que, realmente, sejam instrumentais nesse campo, alocando as dotações necessárias para criar estabelecimentos penais  para todos, e não apenas para o subproletariado do mal.

          Por isso, a despeito de dúbias sentenças que são resultado da inépcia do Congresso (um dos mais bem pagos do mundo, e que só trabalha dois dias se tanto por semana), não creio que a sorte de dona Dilma esteja lançada com os dados de estranhas maiorias, construídas de repente, e na aparência esquecidas da vontade do Povo soberano.

          São tantos os campos em que se acumula, impávida e insolente, a dílmica incompetência que é mais do que tempo para darmos a essa senhora, com o respeito que lhe é devido, menos por suas realizações que são esgarçadas e poucas, do que pelo sentir nacional que a gente brasileira não faz por merecer o desemprego da crise por ela tão dedicada e entusiasticamente construída - com os tijolos mal cozidos da pressa, e com a areia no cimento das construções sem o alicerce da realidade.

           Por uma vez, na terra em que tudo se esquece, tenhamos presente a urgência da missão do Povo brasileiro. Basta de assistencialismos que transformem a miséria de cada dia em fonte de poder. O Brasil, que hoje até na diplomacia - porque delegada a figuras do passado, que ainda pensam em luta de classes e padrões marxistas para os herdeiros do Barão - acumula erros e vexames. Tratemos de dar com todo o respeito o bilhete azul para dona Dilma e, sobretudo, a toda a chusma que em torno dela enxameia, para reconstruirmos um novo Brasil, amparado na seriedade de um povo que trabalha, e no respeito que devemos à Justiça, não aquela amiga do Poder, mas a aberta e sem adjetivos.

            É preciso dar um basta ao PT, a seus líderes (Lula à frente) e à sua atual representante, Dilma Rousseff.  Mas não substituamos seis por meia-dúzia. Se for para eleger alguém do PMDB, o meu candidato é o deputado Jarbas Vasconcelos (PE).

 

( Fontes:  O  Globo, Folha de S. Paulo )

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