sábado, 16 de janeiro de 2016

Maduro é sobrenome ou previsão?


                                
                 Acuado pela catastrófica situação econômica do país, com inflação que cresce a cada ano, e com o petróleo, seu principal produto de exportação, em  queda livre no mercado internacional, abaixo dos trinta dólares,  o governo de Nicolas Maduro, apesar de suas acusações de 'guerra econômica', na verdade demonstra uma sólida incompetência econômica, como inflação que anda pelas alturas de 270% em 2015 (segundo cálculos de analistas privados, eis que não há instituto de confiança na Venezuela[1]).

                 Maduro decretou ontem, quinze de janeiro, Estado de Emergência Econômica, com vigor por sessenta dias. Segundo se alvitra, a medida pode significar a restrição das garantias dos direitos econômicos, permitindo ao governo chavista estabelecer ainda mais controles no setor. É previsível que se recorra a mais racionamento - na prática, ele já existe, pelo desabastecimento generalizado. Especula-se, assim, que Maduro poderá tentar o que na prática equivaleria a medidas de guerra econômica, como limitar ou racionar os serviços de consumo e artigos de primeira necessidade para tentar garantir o abastecimento dos mercados e funcionamento dos serviços públicos; ou requisitar bens e imóveis de propriedade particular.

                  Dentro de seu modelo belicista - já se experimentou no Brasil, posto que com menor gravidade - não desperta surpresa que continue a tentar lidar com a hiperinflação como se fosse questão a ser resolvida por decreto. Como se sabe, o seu predecessor Hugo Chávez tratou a época das vacas gordas no mercado petrolífero como se fosse permanente, e utilizou as sobras dos lucros do ente petrolífero venezuelano para financiar política externa com subsídios para seus aliados da Alba (o que para ele seria o sucedâneo da OEA), bancando, entre outras e em parcela não-negligenciável,  a economia castrista de Cuba.

                   Na Venezuela, o desabastecimento, a inflação alta e - o que talvez seja ainda pior - a insegurança econômica, resultado da incompetência do chavismo mas também dos seus métodos nada convencionais e ainda menos respeitosos das normas do mercado - não poderiam ter outro resultado, que o que hoje o consumidor venezuelano experimenta, que é o inferno na economia.

                       Por ora, é impossível determinar qual será a reação de Maduro. Dada a sua comprovada incompetência na matéria, é pouco provável que mude de comportamento, passando a postura mais adequada, pois, como já aprendemos pelos nossos longos anos de convívio com o dragão, a carestia não respeita nem fuzil, nem decreto.

                        De qualquer forma, a iniciativa está com o señor Maduro. Vejamos que coelho ele vai tirar de sua cartola.

 

( Fonte:  O  Globo )



[1] Oficialmente, a inflação, segundo o Banco Central da Venezuela, entre janeiro e setembro seria de 108,7%, mas esse cômputo merece ainda menos confiança do que os dados do congênere, na Argentina de Cristina Kirchner.

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