Acuado
pela catastrófica situação econômica do país, com inflação que cresce a cada
ano, e com o petróleo, seu principal produto de exportação, em queda livre no mercado internacional, abaixo
dos trinta dólares, o governo de Nicolas Maduro, apesar de suas
acusações de 'guerra econômica', na verdade demonstra uma sólida incompetência
econômica, como inflação que anda pelas alturas de 270% em 2015 (segundo
cálculos de analistas privados, eis que não há instituto de confiança na
Venezuela[1]).
Maduro decretou ontem, quinze de
janeiro, Estado de Emergência Econômica, com vigor por sessenta dias. Segundo
se alvitra, a medida pode significar a restrição das garantias dos direitos
econômicos, permitindo ao governo chavista estabelecer ainda mais controles no
setor. É previsível que se recorra a mais racionamento - na prática, ele já
existe, pelo desabastecimento generalizado. Especula-se, assim, que Maduro
poderá tentar o que na prática equivaleria a medidas de guerra econômica, como
limitar ou racionar os serviços de consumo e artigos de primeira necessidade
para tentar garantir o abastecimento dos mercados e funcionamento dos serviços
públicos; ou requisitar bens e imóveis de propriedade particular.
Dentro de seu modelo
belicista - já se experimentou no Brasil, posto que com menor gravidade - não
desperta surpresa que continue a tentar lidar com a hiperinflação como se fosse
questão a ser resolvida por decreto. Como se sabe, o seu predecessor Hugo Chávez tratou a época das vacas
gordas no mercado petrolífero como se fosse permanente, e utilizou as sobras
dos lucros do ente petrolífero venezuelano para financiar política externa com
subsídios para seus aliados da Alba (o que para ele seria o
sucedâneo da OEA), bancando, entre outras e em parcela não-negligenciável, a economia castrista de Cuba.
Na Venezuela, o
desabastecimento, a inflação alta e - o que talvez seja ainda pior - a
insegurança econômica, resultado da incompetência do chavismo mas também dos
seus métodos nada convencionais e ainda menos respeitosos das normas do mercado
- não poderiam ter outro resultado, que o que hoje o consumidor venezuelano experimenta,
que é o inferno na economia.
Por ora, é impossível
determinar qual será a reação de Maduro. Dada a sua comprovada incompetência na
matéria, é pouco provável que mude de comportamento, passando a postura mais
adequada, pois, como já aprendemos pelos nossos longos anos de convívio com o
dragão, a carestia não respeita nem fuzil, nem decreto.
De qualquer forma, a
iniciativa está com o señor Maduro. Vejamos que coelho ele vai tirar de sua
cartola.
( Fonte: O Globo )
[1] Oficialmente, a inflação,
segundo o Banco Central da Venezuela, entre janeiro e setembro seria de 108,7%,
mas esse cômputo merece ainda menos confiança do que os dados do congênere, na
Argentina de Cristina Kirchner.
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