sábado, 9 de janeiro de 2016

Parabéns, Brasil !

                                  

         Noticiam os jornais que Joaquim Levy acaba de ser escolhido para Diretor Financeiro do Banco Mundial!

         Mas, afinal de contas, quem é esse Joaquim Levy? É o mesmo que saíu escorraçado do ministério da Fazenda de Dilma Rousseff II, depois de sofrer uma das mais longas frituras da história da infeliz república lulo-petista?

         E por que a malta da ala esquerda que alegadamente 'apóia' o governo da Dilma miraculosamente reeleita queria ver pelas costas esse senhor, formado pela escola de Chicago, tendo ocupado diretoria no Banco Interamericano de Desenvolvimento, e mais recentemente no Bradesco ?

         Surpreende até que diante da fraqueza da 'economista' Dilma Rousseff, e havendo perante nós o real descalabro de seu primeiro quadriênio, em que logrou reacordar a inflação - de que o brasileiro pensara estar livre por causa do Plano Real - e que, ao contrário de sua popularidade, a mais rasteira da República, chegando até ao recorde dos nove por cento, conseguira em pífio quadriênio redespertar o dragão, que voltou a alimentar-se da poupança da gente miúda brasileira, e a infernizar o nosso dia-a-dia ?!

         Pois nós brasileiros comuns não gozamos das benesses dos serviços e dos profissionais liberais, que sem nenhuma hesitação mais do que reajustam os respectivos honorários, enquanto correm a sua alva e particular pia, para lavar as mãos, com crocodilares lágrimas, pelos aumentos que se julgam forçados a repassar aos seus pobres clientes ?

         E,  mal saídos da dança infernal da carestia, não nos foi dado gozar por muito do plácido mar das economias dos países do circuito de Elizabeth Arden - e até alguns da periferia sul-americana ! Foi por isso, pela sua gestão demencial no primeiro quadriênio que a sólida aliança do Bolsa Família com as esquerdas (que julgam a inflação como pretextuosa empulhação da imprensa burguesa), além de boas porções de mentiras oficiais a que os opositores não podiam desmentir pela blindagem nas instâncias competentes, conseguiram uma vitória no photo-chart, sobre o candidato da oposição!   

        Ainda de acordo com a velha receita, após ouvir os asnos da vez, a reeleita Presidenta resolveu convocar um promissor jovem diretor do Bradesco, Joaquim Levy! Assim, a mentira de ontem  - recordam-se do filmete de Santana em que se denunciava a autonomia do Banco Central como plano das elites para tirar a comida da mesa da classe C. Marina não pôde sequer valer-se de direito de resposta, conforme determinou um juiz do TSE? - pode tornar-se a verdade do pós-eleição!

         Com o que não contou o pobre Levy foi a fritura - decerto a mais longa da República - que lhe foi adrede e quase carinhosamente preparada na Fazenda. Pois dona Dilma - que criara toda aquela confusão - terá pensado que bastava que ele lá ficasse, como carranca no velho São Francisco, para afastar os efeitos do cocktail da burrice mais improvidência, que é basicamente a receita da ex-discípula de Lula da Silva.

          Depois de engolirem em silêncio as asneiras econômicas de Dilma Rousseff (desonerações fiscais de bens de consumo durável, como automóveis v.g.), o consequente aquecimento do consumo e os déficits fiscais decorrentes, e toda a sofisticada construção financeira dos técnicos Mantega & Arno Augustin, a ficção fiscal voltou à moda, assim como as inevitáveis pedaladas, que acabaram no que deram, i.e. o prato feito para o impeachment. Entrementes, as tentativas da equipe de Joaquim Levy - foram incontáveis as suas idas ao Congresso para tenta trazer luzes a quem só está habituado a trabalhar em meio às trevas.

          Se me perguntarem quem derrubou Joaquim Levy, foi a própria Dilma, que pensara no seguinte quadro salvador: bastaria trazer para a Fazenda alguém formado pela escola de Chicago - isto lhe foi dito por alguém que conhece o assunto que, obviamente, não é o caso da pupila do apedeuta - que tudo se resolveria. Homens da categoria de Carlos Lupi e outros luminares como Rui Falcão iriam facilitar-lhe a tarefa!

           Se V. quer prover um ministério trazendo para ele uma cavalgadura das que normalmente são indicadas para postos adjetivos, desses inventados para abrigar legendas de aluguel, será essa a estratégia a ser corajosamente seguida.

          Mas se se trata da Fazenda, um ministério-chave (sempre no pressuposto de vê-lo como instrumental para sanear as contas e, por conseguinte, a imagem da instituição além-fronteiras - como nas Agências de Classificação de Risco), se a Presidenta preza o seu segundo mandato, estaria no seu interesse preservar um Ministro da Fazenda honesto, conhecedor de seu mister, e portanto competente, porque ao sustentá-lo, através de uma boa gestão, estaria defendendo o próprio interesse e afastando as incursões inimigas que só pensam naquilo, i.e., o impeachment.

           Sem embargo, Dilma Rousseff mostrou a qualidade de seu tirocínio, eis que deixou progredir as hostes de Lula da Silva (hoje defendendo a heterodoxia, como antes, no Planalto, apoiara a ortodoxia de Palocci !) que defendiam todas as teses que aprofundem a ruina da Fazenda pública, porque, em não estando no Governo, tal lhes aproveitava. E a mesma atitude a tomava o intemerato Joaquim Falcão, preconizando teses da chamada esquerda dita demagógica, que levam à ruína da fazenda pública!

           Assim, a tragédia de  Joaquim Levy começou na manhã em que a Rousseff aplicou um público puxão de orelhas no Ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. Ele pensara que os mínimos seriam ora calculados não por índices inflacionários, mas por critérios mais conformes a quem deseja controlar a carestia. Assim, ele julgara que o tal índice de adequação ao desenvolvimento econômico do ano passado - mesmo no caso em tela, quando tal coisa não ocorreu, pelo descalabro nas finanças ! - de toda forma D. Dilma mandou que o cálculo continuasse seguindo as velhas normas (justamente aquelas que tinham criado a confusão nas contas...) A ordem podia ser confusa - como, de regra, as determinações da Presidenta o são, mas dava para entender o seu sentido profundo, i.e., as determinações de Levy não eram para ser levadas a sério...

           Outros erros houve, outras manifestações da pouca conta em que na verdade dona Dilma tinha o seu Ministro da Fazenda (v.g., o déficit no orçamento, e a consequente rebaixa pela Agência de Wall Street), tudo para repisar para os bons entendedores que a Rousseff queria livrar-se do pobre Levy. Nesse sentido, tudo valia: as demagógicas queixas de Lula, as exigências insustentáveis da esquerda - a temporada da caça contra o infeliz Levy estava afinal aberta! Nunca se viu tantos energúmenos a perseguirem um quadro competente, e o que é pior, terem o ouvido da Presidenta que na verdade não sabe bem o que quer...

                De qualquer forma, o Brasil não poderia estar melhor. Na Fazenda teremos alguém que não nos faça esquecer a Joaquim Levy, enquanto a reeleita Dilma vai navegando o seu sinuoso curso - aqui, os baixios da ameaça de impeachment de que o bom Ministro Luis Roberto Barroso (aquele do artigo um ponto fora da curva) cria o voto salvador, que por um de vantagem, consegue que tudo fique como está no quartel de Abrantes.  Entrementes, as instâncias dormitam, até que o esquema do STF jogue a causa nas fauces do Senado, debaixo da intemerata curul de Renan Calheiros.

                E não nos esqueçamos que por uma vez mais as instâncias do Norte maravilha homenageiam a filhos de nossa Terra, com o bom Joaquim Levy, que poderá mostrar a própria competência que dona Dilma, em verdade, não queria muito ver.

               Entrementes, essa senhora terá de cuidar de o que foi a ameaça do impeachment. Mas será que é pra valer? E é pensando nisso que Marina Silva, aquela tão temida pela gente do PT, com o grande estadista Lula da Silva a encabeçar a lista, não é que agora a distinguida acreana recomende tentar o Tribunal Superior Eleitoral, em que foram encontradas grossas irregularidades na vencedora chapa Dilma-Temer!

               E, assim, no passo judicial,pela ação corre naquela instância desde janeiro de 2015 será examinada e julgada a sorte do desgoverno de turno, vale dizer,  se os dois preclaros integrantes da chapa PT-PMDB são passíveis de cassação !

 

 ( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )

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