segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

O Zica e as Olimpíadas


                                          

         O virus zika, que é transmitido por esse mega pequeno mosquito, o Aedes Aegypti, ressalta, na verdade, a sofisticação extrema do Aedes, pois não é  comum que um inseto seja assim tão polivalente quanto o Aedes.

          Isso lhe ressalta o âmbito de ataque - além da dengue, transmite igualmente o virus zika, febre amarela e chikungunya, o que lhe aumenta a respectiva periculosidade. Voa de dia, não faz barulho audível na hora da picada, e os ovos da fêmea, tem menos de um cm e é estriado de branco e preto. Os ovos são extremamente resistentes, durando por várias estações até encontrarem a situação propícia para desenvolver os mosquitos.

          A par disso, o Comitê Olímpico Britânico (lembrem-se que foi em Londres a última Olimpíada, em 2012) incluíu no treinamento de seus atletas orientações para evitar picadas de mosquito, além de disponibilizar  informações sobre a doença. O surto de zika, de resto, está sendo monitorado de perto pelos dirigentes britânicos.

           Sublinhando essa preocupação,  porta-voz do Comitê assinalou que o órgão está consultando regularmente a London School of Tropical Medicine.

           Disse outrossim o porta-voz que "o comitê vai monitorar a situação nos próximos meses". Manteremos contato tanto  com a Rio  2016, quanto com o Comitê Olímpico Internaciona (COI), o que já é normal numa competição desse porte.

           Recado para o Senhor Prefeito Eduardo Paes.

            Se o senhor tem juízo, deve afastar do visor qualquer idéia de lidar com esse grande problema (apesar de originário de um mosquitinho) na maneira habitual das autoridades, quando há ameaças sanitárias graves que possam virar o caldo dos festejos olímpicos.

            Ainda que não seja provável que venham atletas grávidas para disputar o magno certamen, penso que deveria ter muito presente de nunca recorrer ao tokenismo para demonstrar o forte interesse da autoridade que hospeda essa grande ocasião. Mesmo que não lhe conheçam a denominação, é isso em geral que as autoridades de Pindorama fazem por ocasião de um certame como a Olimpíada. Como nós nunca hospedamos essa enorme competição - que é de resto a maior de todas, dando ao país que a organize a oportunidade de assinalar-se no esporte internacional - não podemos ficar em demonstrações token (pequenas e localizadas) se pretendemos que não ocorra nenhum desastre na Olimpíada brasileira do Rio de Janeiro.

              Ora, o que tenho visto nos jornais são atividades muito diminutas - como a foto por exemplo de um agente que "atua contra foco de mosquito no Complexo do Alemão".

               A coisa tem que ser intensa e abrangente, e por isso não limitar-se a ataques pro-forma contra o mosquitinho, às vésperas do mega-certamen. Em outras palavras, tem de começar desde já, ser sério e abrangente (envolvendo inclusive a própria população das áreas próximas aos sítios da competição).

               Por fim, não é sensato - seja pelo surto do zika, seja por outras atitudes das autoridades, não mais cumprindo o que tinham prometido sobre a despoluição da baía de Guanabara e, ao que parece, até da Lagoa Rodrigo de Freitas - fazer cara de pau e ir em frente com ações para inglês ver que, na verdade, nada resolvem. O combate ao aedes aegypti não pode ser deixado para a última hora, o que seria, além de faltar com a palavra, dar prova de incompetência burra, porque não se resolve um problema desses no gogó.             

 

( Fonte:  O Globo )

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