Em manchete
de primeira página, o ex-diretor da Petrobrás, Nestor Cerveró, em delação
premiada, declarou que o então Presidente
Lula lhe deu um cargo público, como forma de agradecimento.
O motivo - sempre segundo Cerveró - foi pela
ajuda prestada para quitar um empréstimo de R$ 12 milhões (considerado
fraudulento pela Lava-Jato). É a primeira vez que um delator do caso envolve
Lula diretamente no episódio.
Consoante noticia a Folha, em
2004, o fazendeiro José Carlos Bumlai
obteve empréstimo do Banco Schahin, e diz
ter repassado R$ 6 milhões para o empresário de Santo André (SP) Ronan
Maria Pinto, que, segundo a dita Operação Lava-Jato, detinha informações comprometedoras sobre o PT na região (de outra fonte, tais informações diriam respeito ao intento
de extorsão sobre o assassínio do Prefeito
Celso Daniel).
Anos depois -
segundo o artigo na página Poder da Folha - sob o comando de Nestor
Cerveró, a diretoria internacional da Petrobrás aceitou contratar a Schahin
Engenharia para o fornecimento de um navio-sonda, o Vitória 10.000, estimado em
US$ 616 milhões.
De acordo com
as investigações, o contrato seria uma forma de o PT retribuir o grupo Schahin
pelo empréstimo.
Cerveró ficou na diretoria entre 2003 e
2008 e, em seguida, foi nomeado diretor financeiro e de serviços de uma
subsidiária da Estatal petrolífera, a BR Distribuidora.
O
delator contou que Lula "decidiu
indicar" seu nome para o novo
cargo, "como reconhecimento da ajuda do declarante (Cerveró)'', ou seja,
por ele "ter viabilizado a contratação
da Schahin como operadora da sonda". A atuação também rendeu a Cerveró "um sentimento de gratidão do
PT".
No termo de
colaboração, não consta que Cerveró tenha sido indagado diretamente pelos
investigadores se Lula sabia da finalidade do empréstimo concedido pela Schahin
ou do sistema de "quitação" da dívida por meio do navio-sonda.
Em seu
depoimento, Bumlai admitira que o empréstimo contraído no Banco Schahin fora
usado para quitar dívidas do PT, mas isentou de participação no negócio. Esse
empréstimo, segundo o pecuarista, nunca foi pago. A contratação do navio sonda implicou no
pagamento de propina estimada em US$ 25 milhões a funcionários da Petrobrás,
políticos e lobistas.
No
mesmo depoimento, de sete de dezembro, Cerveró também asseverou que
Lula
atribuíu ao então senador José Eduardo Dutra (PT/SE)" missão de participar
do esvaziamento
da CPI da Petrobrás", instalada no Congresso em 2009.
Dutra, morto em outubro último, tinha
"facilidade de diálogo, inclusive com a oposição", segundo
Cerveró. Dutra havia sido presidente da
Petrobrás, e deixara a chefia da BR Distribuidora em 2009. O argumento para a
saída divulgado na época foi sua candidatura à presidência do PT. Ele foi
escolhido para presidir a sigla a partir de 2010.
Quanto a Collor de Mello, Cerveró no
seu depoimento, também atribuíu a Lula decisão de ter "concedido
influência sobre a BR Distribuidora", ao senador e ex-presidente Fernando Collor
(PTB-AL). Poder similar teria sido igualmente dado ao alagoano pela presidente DILMA ROUSSEFF, conforme o delator alegou ter ouvido do
senador.
Nesse contexto, Cerveró em setembro de
2013 teria sido chamado para uma reunião com Collor na Casa da Dinda. Na
ocasião, o Senador disse ter falado com Dilma "a qual teria dito que
estavam à disposição de Fernando Collor a presidência e todas as diretorias da
BR Distribuidora."
Cerveró foi mantido no cargo de
diretor financeiro. Para ele, tal ocorreu
para que "não atrapalhasse os negócios conduzidos" por Collor
na dita Estatal.
Senador
Renan Calheiros.
Segundo o Declarante Nestor Cerveró,
em 2012 ele foi chamado ao gabinete de Renan Calheiros no Senado Federal. Nesta
ocasião, Renan Calheiros reclamou da falta de repasse de propina por parte do
declarante. A esse respeito,
Cerveró explicou que não estava arrecadando propina na BR Distribuidora. Então, Renan Calheiros disse que a partir
daquela data deixava de prestar apoio político ao declarante. Não
obstante isso, Nestor Cerveró permaneceu
na Diretoria da BR Distribuidora.
( Fonte: Folha de S. Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário