A 24 de agosto último, escrevia blog sob o título acima, só que
obviamente sem a numeração. Nessa data azíaga na história brasileira, em 1954,
a saga de um dos nossos maiores presidentes terminaria, por decisão própria.
Agora, reincido no título, e com
respeito à Presidente Dilma Rousseff. Como não é o único com a expressão de
Carlos Drummond de Andrade, confesso o quanto me marcou o tropo desse grande
poeta.
A situação da Presidenta, mesmo sob
vistas estrangeiras, não melhora muito.
Todo primeiro mandatário em funções,
por pior que seja, terá direito a opiniões discrepantes, e até favoráveis.
Contudo, por mais unilateral e partidística que seja a postura, é forçoso convir
que a atual chefe de estado, e por uma série de fatores, restringe de muito a
eventual capacidade alheia de dar opinião positiva acerca de seu governo.
Se alguém mereceria o título de gestora
temerária, nela encontraremos presidente
que faz por amplamente merecê-lo por sua ineptidão nas escolhas.
Dentre as principais acusações, avultam
o desfazimento do Plano Real, com a volta da inflação, o desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal (que é a chave da abóbada da
construção do Real), a utilização de
meios espúrios, como a conta-movimento (dos tempos do dragão), sem falar nas pedaladas de Guido Mantega e Arno Augustin,
por ela aprovadas, conforme sentença unânime de condenação pelo colendo
Tribunal de Contas da União.
As escolhas de Dilma - v.g., a tentativa de ativar a economia
pelo crédito tributário produziu enormes déficits nas contas fiscais, sem que
houvesse o crescimento econômico correspondente - foram as mais das vezes erradas, como o suposto "trem
bala" que sequer saíu do papel, além do discutido desvio do Rio
S.Francisco e de um clientelismo desvairado. Num país, que sofre por seus maus
portos (seja por sindicalismo demagógico, seja por falta de terminais
portuários) se dispenderam enormes somas para montar o Porto de Mariel, em
Cuba, a cuja festiva inauguração acorreram todos os chavistas e neo-chavistas
das vizinhanças, com olhos compridos e pratos estendidos na esperança de mais
empréstimos do BNDES - banco que deveria privilegiar o Brasil cujas exportações
- aquelas que escapam da sufocante burocracia tributária de Pindorama -
semelham muito precisadas de bons terminais.
Por onde se examine a Administração
Dilma, ela está tisnada de maléfica mistura entre ineficiência (dada essa
construção arrevezada que é talvez o pior ministério na História Pátria) e a
própria corrupção, a que venho dedicando tantas análises que, se não podem
resolver esse magno problema, tentam aproximar-nos de uma melhor compreensão
deste desafio para a Terra de Santa
Cruz.
A possibilidade de piorar é uma das
'qualidades' da Administração Dilma II (é evidente, de resto, que o Dilma I
corresponde à grande pedra inaugural de um governo desastroso).
Infelizmente, os governos petistas
de Lula da Silva (2003-2009) e Dilma Rousseff (2010-2016) ainda são
interrogações, e não quadros na parede (na imagem do poeta). Quanto a Lula da
Silva, os jornais desta manhã - O Globo: Investigado, Lula terá de explicar tríplex e sítio; Folha:
Nota fiscal de barco reforça elo de Lula
com sítio em SP - mostram que o nosso sistema investigativo e judiciário
cumpre com o seu recado constitucional.
Quanto ao impeachment de Dilma Rousseff, posto que a melhor solução teria
sido a mais breve, sobram indicações de que falta ainda muito para a solução. A
última intervenção do Supremo mostrou mão pesada, eis que foi um 'ponto fora da
curva' pelo voto do Ministro Luis Roberto Barroso, ao desrespeitar o artigo 2°
da Constituição Cidadã.
Há esperanças que pelo recurso de
embargos de declaração - me referi à questão no blog "Nesga de Luz para
o Impeachment?", de catorze de janeiro corrente - dois tópicos sejam
passíveis de mudanças, e.g., a
maneira de determinar a composição da Câmara especial, que deveria ser pelo voto secreto (que é o modus faciendi constitucional, como
assinala o renomado jurista e ex-presidente do STF Carlos Velloso) e (b) a
própria candidatura avulsa, que deve ser regra interna corporis, como sublinhou o Ministro Dias Toffoli.
De qualquer forma, pela sua atuação confusa
e contraditória, não faltam motivos para o Economist
ser tão pessimista, quanto o demonstra no seu artigo de capa (que foi objeto do
meu blog de ontem).
Se D. Dilma Rousseff permanecer no
Palácio do Planalto, o Brasil sofrerá mais um anticlímax. Depois de estar com
um solitário dígito em avaliação favorável, é impossível saber como evoluirá o
quadro, e se eventual piora (eis que tal possibilidade existe sempre) tornar a
continuação de seu segundo mandato ainda mais problemática, a esperança é que
se possa reconstituir em breve tempo o governo nacional, para o qual o Povo
Soberano exigiria três condições pelo menos: espírito democrático, integridade
pessoal e competência nas matérias respectivas. Tampouco, mesmo em excesso, prejudicaria que o
futuro morador no Alvorada tenha curso superior completo, experiência política
e boa cultura.
São instrumentos que, se não
garantem o êxito que todos nós deveríamos desejar, tenderiam a assegurar menos
vexames - e até menor grau de azias - para o público leitor das respectivas
entrevistas de Suas Excelências.
( Fontes: O
Globo; Folha de S. Paulo; Carlos Drummond de Andrade )
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