Nesta feita, o Presidente Barack Obama dá a impressão de alguém que, de alguma maneira, não se resigna a ficar
de lado. Terá dificuldade em sentir que o centro das atrações principie a
transferir-se do salão presidencial da Casa Branca, o célebre Oval Office?
É a impressão que se colhe de sua
entrevista, hoje divulgada pelo New York
Times.
A sua assertiva de que a política nos
Estados Unidos se tornou mais mesquinha, mais raivosa do que quando ele assumiu
a presidência, é tão óbvia que quase dispensa maiores explicações.
Para ele, os pré-candidatos
republicanos - e pensa notadamente em Donald
Trump e o Senador Ted Cruz -
oferecem aos eleitores expressão de frustração e raiva, de que os eleitores ao
cabo de tudo irão afastar-se.
Nesse sentido, a diferença entre o
seu rival em 2008 - John McCain e os pré-candidatos do GOP em 2016 - é muito grande. "Se McCain era um conservador, mas ele estava no
centro da corrente principal tanto do Partido Republicano, quanto igualmente
dentro do comum diálogo político".
Agora, segundo frisou o Presidente
Obama, os votantes terão de julgar "o
grau em que se moveu a retórica e a visão republicana, não só na direção da
direita, mas na verdade para lugar que é irreconhecível."
Nesse contexto, Obama expressou a
esperança que os votantes tanto em Iowa, quanto em disputas ulteriores
"possam redirigir-se para o centro".
O
Presidente também falou longamente sobre a disputa no Partido Democrata
entre Hillary Clinton e o Senador Bernie Sanders. Seria, no
entanto, preferível que como o Presidente que conseguiu ganhar a nomination após longa luta com leal
adversária que, no final, contra o ponto de vista de seu marido e ex-Presidente
Clinton, reconheceu a derrota (que se prefigurava, mas não era certa), Obama não tivesse optado por fazer descrição dos dois protagonistas no campo
democrático, que qualquer observador com
módico entendimento, não poderá não aperceber-se de quem é o seu real favorito.
Barack chega a comparar Sanders com
ele próprio, e à medida que ele se embrenha em tal matagal, lhe fica mais
difícil dissimular para onde pendem as próprias simpatias: "Bernie entrou
com o luxo de ser um completo 'long
shot' (tentativa arriscada em que há pequena possibilidade de êxito) e por isso
pode dizer francamente o que pensa".
Como se tal não bastasse acrescentou que Mr Sanders "tem a virtude
de dizer exatamente o que ele acredita, e grande autenticidade, grande paixão,
e não tem medo."
Não se pode afirmar que o elogio
à Sra. Clinton deixe a desejar, embora na sua construção há algumas frestas em
se possa discernir para onde pendem as simpatias presidenciais.
Nas palavras de Obama a Sra. Clinton
entrou na disputa de 2016 com o "privilégio e o fardo" de estar na
dianteira. "A sua longa experiência
no Governo, como senadora e Secretária de Estado, é ao mesmo tempo força e fraqueza." Acrescentou que sendo 'maldosamente esperta'
acerca da política "pode fazê-la mais cautelosa e a sua campanha mais
prosa do que poesia."
Talvez consciente de que tenha
carregado um tanto nas tintas mais sombrias, ele tratou de dizer que tais
experiências significam "que ela pode governar e começar daqui (o salão
presidencial) como o Dia Um, mais experimentada do que qualquer não-vice
presidente tenha sido entre os aspirantes a este cargo."
Concluíu Obama com um hino de
doces memórias de seu tempo em Iowa, a que chamou "o período político mais
satisfatório" na sua carreira, especialmente por causa dos jovens
ajudantes de campanha que tanto se esforçaram em prol de sua causa.
( Fonte: The New York Times )
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