A luta
contra a corrupção entra em nova fase. A
Lava-Jato,
que é a operação geral, conduzida pela Polícia Federal e o Ministério Público,
entra agora na Triplo X.
A
criatividade nas designações de suas operações é bem conhecida. A Erga omnes (para todos) foi a que
prendeu os presidentes das maiores empreiteiras (inclusive o próprio Marcelo Odebrecht, que ainda está
trancafiado na cadeia em Curitiba). Ou então, faz advertência com a Nessun dorma (que ninguém durma), ária da
opera Turandot, de Puccini.
A ironia pode igualmente estar
presente, como frisa Merval Pereira:
"Que País é esse?", impropério do ex-diretor da Petrobrás, o
arrogante Renato Duque, ao ser preso
pelos agentes federais (teria liminar do Ministro Teori Zavascki, que depois
foi revogada)
Já se
aproximando del capo dei tutti i capi
(chefe de todos os chefes), a 22ª Operação, a Triplo X, que pode ser referência ao triplex, que é atribuído a
Lula da Silva, no edifício Solaris, na praia de Guarajá.
Há muitas
suspeitas de que este caso se origine do escândalo envolvendo a Bancoop, e que
Lula da Silva tentou parar na Justiça, havendo sido derrotado em tal propósito.
Vejam só
essa estória: cooperativa de trabalhadores, a princípio presidida por Ricardo
Berzoini - que a fundou em 1996 -, e, mais tarde por João Vaccari Neto - ela
faliu devido à corrupção. Deixou então
literalmente à míngua mais de três mil pessoas, que lá tinham colocado suas
economias.
Após a
aludida fundação pelo citado Berzoini, que é ex-presidente do PT e agora ocupa
a Secretaria de Governo da Presidência, a cooperativa dos bancários vem sendo
investigada pelo Ministério Público de São Paulo a partir de 2007, por crimes
de lavagem de dinheiro, com desvio de recursos para o Caixa Dois do Partido dos
Trabalhadores, o qual controla a máquina sindical dos bancários.
Como se
refere, os fundos de pensão controlados igualmente pelos tentáculos do PT
perderam muito dinheiro investindo na Bancoop.
Diante da situação das contas, a pedido de Lula da Silva, consoante se
assinala, assumiu o dito empreendimento a empreiteira OAS, de acordo com
denúncias que estão sendo apuradas.
Tal
explicaria a incôngrua presença da OAS no Edifício Solaris, e por feliz
coincidência apenas esse dito edifício, sito na Praia de Guarujá, teve a obra
terminada. Nele, e também por
coincidência, Lula da Silva e a esposa
Marisa tinham apartamento, além de o próprio João Vaccari Neto, parentes seus,
e até Freud Godoy, ex-segurança de Lula, e envolvido no Escândalo dos
Aloprados.
Eis que
o triplex de Lula da Silva, o 164-A, é incluído pela Polícia Federal entre os imóveis com "alto grau de
suspeita quanto à sua real titularidade". Segundo transcreve do relatório
oficial, citado pela coluna de Merval Pereira, "manobras financeiras e
comerciais complexas envolvendo a empreiteira OAS, a Cooperativa Bancoop e
pessoas vinculadas a esta última e ao PT apontam que unidades do condomínio
Solaris podem ter sido repassadas a título de propina pela OAS, em troca de
benesses junto aos contratos da Petrobrás".
Não é
segredo, de resto, que a Operação Lava-Jato tenha chegado ao presente estágio
justamente na semana em que o Ministério Público de S. Paulo considera já ter provas
suficientes para denunciar o ex-Presidente Lula e sua mulher Marisa, por ocultação
de propriedade, eis que as duas investigações estão sendo compartilhadas.
Terá
sido o promotor de Justiça de S.Paulo Cássio Conserino menos cauteloso que os
procuradores da Lava-Jato ? Por sua vez,
esses procuradores somente ontem, 27 de janeiro de 2016, incluíram o
apartamento atribuído à Lula quando perguntados diretamente. Mesmo assim, assinalaram que todas as
unidades que teoricamente pertencem à OAS serão investigadas.
Além
disso, os promotores paulistas já têm depoimentos de pessoas que estiveram com
o ex-presidente e sua família durante a reforma do apartamento, financiada pela
OAS. De acordo com as revelações do site "O Antagonista", sabem
inclusive onde as cozinhas foram
compradas, por quem, e quanto custaram, possibilitando, nesse sentido,
interessante cruzamento com um sítio em
Atibaia, que também é afirmado pertencer a Lula da Silva, posto que esteja
em nome de outros proprietários, muito provavelmente laranjas. De resto, as mesmas cozinhas foram compradas
na mesma loja, pela mesma pessoa, ligada à
OAS, e no mesmo dia.
( Fontes: O Globo - coluna de Merval Pereira)
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