sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Carta de Obama ao Povo Americano


                                    
         Em as lágrimas do Presidente, blog postado na quarta-feira, seis de janeiro, procurei mostrar, através de sua emoção, o empenho de Barack Obama para enfrentar o desafio do descontrole na venda de armas nos Estados Unidos, e o quanto isso pode implicar de sofrimento para a cidadania.

          Com a sua postura, o 44º presidente não deixa dúvidas do sentimento, e da íntima convicção da escolha dessa luta,  quando a sua jornada enquanto primeiro-mandatário da Nação já principia a descortinar o fim do caminho.

          Mas o Presidente mostra para tal empresa a disposição de alguém cujo exercício do alto posto e da consequente ainda maior responsabilidade lhe vem ensinando a importância de que o tempo restante - esse dado inelutável porque fugidio - constitui incentivo a empenhar-se ainda mais, na luta difícil e comprida, de fazer com que o bom senso e a amarga experiência sejam os fatores determinantes para condicionar o uso das armas.

           E o bully pulpit de que cuja importância nos falou um distante predecessor de Obama, Theodore Roosevelt,  continua a ter grande relevância para os moradores da Casa Branca. E essa utilidade, que é fator necessariamente finito, não deve ser desperdiçada diante de necessidade de que a Primeira Autoridade da Nação possa valer-se dessa abertura cuja importância não pode ser minimizada.

          Em carta à página de opinião, o presidente bate à porta dos leitores dos jornais.  Considera uma crise a epidemia da violência pelas armas de fogo."Por ano, mais do que trinta mil americanos perdem a vida através das armas (suicídios, violência doméstica,  tiroteios entre gangs, acidentes. E centenas de milhares de americanos perderam irmãos e irmãs, ou enterraram seus filhos. Somos a única nação avançada na Terra que experimenta essa espécie de violência em massa com tal frequência."

          É com tristeza que o Presidente reconhece que "a redução da violência pelas armas será difícil".  É evidente que reforma de bom-senso do uso das armas não acontecerá durante o presente Congresso. Tampouco acontecerá durante a minha Presidência. Sem embargo, há medidas que podemos tomar para salvar vidas. E todos nós - em todos os níveis de governo, no setor privado, e como cidadãos - temos que fazer a nossa parte."

           Além de tomar as medidas de acordo com a autoridade legal de que dispõe, Barack Obama  anuncia medidas para proteger o Povo americano e manter as armas longe de criminosos e de pessoas perigosas. Essas medidas incluem assegurar que qualquer pessoa engajada na venda de armas realiza verificações de antecedentes, a quais terão acesso a tratamentos de doenças mentais bem como incluam a melhoria da tecnologia de segurança nas armas.

              A par das medidas do Presidente, Obama também alude a todas as ações possiveis de um cidadão. Assim, enquanto Cidadão ele não fará campanha, nem votará e nem apoiará qualquer candidato, mesmo no seu partido,  que não apóie a reforma de bom senso no uso das armas. E se os noventa por cento de Americanos que apóiam a reforma de bom senso no uso de armas, elegeremos a liderança que fazemos por merecer.

              O Presidente enfatiza que todos tem um papel a desempenhar - inclusive quem tem a posse de armas. Obama sublinha que, ao contrário de outras indústrias, a indústria das armas é quase inteiramente irresponsável (unaccountable). Graças a décadas de esforços do lobby das armas, o Congresso americano bloqueou que os peritos em segurança possam  requerer que as armas  de fogo atendam às mais básicas medidas de segurança. Tornaram mais difícil que os expertos do governo em saúde pública possam realizar pesquisas  na violência armada. Os lobistas garantiram que os industriais  de armas gozem de virtual imunidade em processos legais, o que quer dizer que eles podem vender produtos letais e raramente responder pelas consequências de seus atos. Como pais, nos  não suportaríamos isto se estivéssemos falando de defeituosos assentos em carros, Porque deveríamos tolerar isso em produtos - armas - que matam tantas crianças por ano?

                Em um tempo quando os industriais gozam de lucros ascendentes, eles deveriam investir em pesquisa para tornar as armas mais seguras e mais informativas, como desenvolver a marcação micro para a munição, a qual permite individuar balas encontradas em cenas de crime, as conectando para armas específicas. E a exemplo das demais indústrias os fabricantes de armas são responsáveis perante seus clientes em serem melhores cidadãos corporativos, através da venda de armas apenas para portadores responsáveis.

                 Em fim de contas, isto nos concerne a nós todos.  Não nos exigem para atingir o heroismo de Zaevion Dobson de Tennessee, que foi morto antes do Natal, enquanto protegia os seus amigos do tiroteio. Nós não somos exigidos para exibir a boa vontade de inúmeras famílias de vítimas, que se dedicam a acabar com essa violência sem sentido.  Mas nós precisamos encontrar a coragem e a vontade de mobilizar-nos, organizarmo-nos e fazer o que um  país forte e sensato faz em resposta a uma crise como esta.

                Todos nós carecemos de exigir líderes suficientemente corajosos para enfrentar as mentiras do lobby das armas. Todos nós carecemos de nos levantar e proteger os nossos concidadãos. Todos nós precisamos exigir que os governadores, prefeitos e nossos representantes no Congresso façam a sua parte.

                 A mudança será difícil.  Não vai acontecer da noite para o dia. Mas assegurar o direito de voto da mulher não aconteceu do dia para a noite.  A liberação dos afro-americanos tampouco aconteceu dessa forma.  Avançando os direitos na América de lésbicas, gays, bissexuais  e transsexuais exigiu o equivalente a décadas de trabalho.

                Tais momentos representam a Democracia americana, e o Povo americano, no que tem de melhor. Enfrentar essa crise da violência das armas vai requerer a mesma incessante focalização, ao longo de muitos anos, em todos os níveis. Se nós podemos confrontar este momento com a mesma audácia, nós realizaremos a mudança que buscamos.  E nós deixaremos um País mais forte e mais seguro para nossos filhos. "

                A declaração, assinada por Barack Obama, Presidente dos Estados Unidos, foi publicada na Página de Opinião de The New York Times"

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