Em as lágrimas do Presidente, blog postado na quarta-feira, seis de
janeiro, procurei mostrar, através de sua emoção, o empenho de Barack Obama para enfrentar o desafio
do descontrole na venda de armas nos Estados Unidos, e o quanto isso pode implicar
de sofrimento para a cidadania.
Com a sua
postura, o 44º presidente não deixa dúvidas do sentimento, e da íntima
convicção da escolha dessa luta, quando a sua jornada enquanto primeiro-mandatário da Nação já
principia a descortinar o fim do caminho.
Mas o
Presidente mostra para tal empresa a disposição de alguém cujo exercício do
alto posto e da consequente ainda maior responsabilidade lhe vem ensinando a
importância de que o tempo restante - esse dado inelutável porque fugidio -
constitui incentivo a empenhar-se ainda mais, na luta difícil e comprida, de
fazer com que o bom senso e a amarga experiência sejam os fatores determinantes
para condicionar o uso das armas.
E o bully pulpit de que cuja importância nos
falou um distante predecessor de Obama, Theodore Roosevelt, continua a ter grande relevância para os
moradores da Casa Branca. E essa utilidade, que é fator necessariamente finito,
não deve ser desperdiçada diante de necessidade de que a Primeira Autoridade da
Nação possa valer-se dessa abertura cuja importância não pode ser minimizada.
Em carta à
página de opinião, o presidente bate à porta dos leitores dos
jornais. Considera uma crise a epidemia
da violência pelas armas de fogo."Por ano, mais do que trinta mil
americanos perdem a vida através das armas (suicídios, violência doméstica, tiroteios entre gangs, acidentes. E centenas
de milhares de americanos perderam irmãos e irmãs, ou enterraram seus filhos.
Somos a única nação avançada na Terra que experimenta essa espécie de violência
em massa com tal frequência."
É com
tristeza que o Presidente reconhece que "a redução da violência pelas
armas será difícil". É evidente que reforma de bom-senso
do uso das armas não acontecerá durante o presente Congresso. Tampouco
acontecerá durante a minha Presidência. Sem embargo, há medidas que podemos
tomar para salvar vidas. E todos nós - em todos os níveis de governo, no setor
privado, e como cidadãos - temos que fazer a nossa parte."
Além de tomar as medidas de acordo com a
autoridade legal de que dispõe, Barack Obama
anuncia medidas para proteger o Povo americano e manter as armas longe
de criminosos e de pessoas perigosas. Essas medidas incluem assegurar que
qualquer pessoa engajada na venda de armas realiza verificações de
antecedentes, a quais terão acesso a tratamentos de doenças mentais bem como
incluam a melhoria da tecnologia de segurança nas armas.
A par
das medidas do Presidente, Obama também alude a todas as ações possiveis de um
cidadão. Assim, enquanto Cidadão ele não fará campanha, nem votará e nem
apoiará qualquer candidato, mesmo no seu partido, que não apóie a reforma de bom senso no uso
das armas. E se os noventa por cento de Americanos que apóiam a reforma de bom
senso no uso de armas, elegeremos a liderança que fazemos por merecer.
O
Presidente enfatiza que todos tem um papel a desempenhar - inclusive quem tem a
posse de armas. Obama sublinha que, ao contrário de outras indústrias, a
indústria das armas é quase inteiramente irresponsável (unaccountable). Graças
a décadas de esforços do lobby das armas, o Congresso americano bloqueou que os
peritos em segurança possam requerer que
as armas de fogo atendam às mais básicas
medidas de segurança. Tornaram mais difícil que os expertos do governo em saúde
pública possam realizar pesquisas na
violência armada. Os lobistas garantiram que os industriais de armas gozem de virtual imunidade em
processos legais, o que quer dizer que eles podem vender produtos letais e
raramente responder pelas consequências de seus atos. Como pais, nos não suportaríamos isto se estivéssemos
falando de defeituosos assentos em carros, Porque deveríamos tolerar isso em
produtos - armas - que matam tantas crianças por ano?
Em um
tempo quando os industriais gozam de lucros ascendentes, eles deveriam investir
em pesquisa para tornar as armas mais seguras e mais informativas, como
desenvolver a marcação micro para a munição, a qual permite individuar balas
encontradas em cenas de crime, as conectando para armas específicas. E a
exemplo das demais indústrias os fabricantes de armas são responsáveis perante
seus clientes em serem melhores cidadãos corporativos, através da venda de
armas apenas para portadores responsáveis.
Em
fim de contas, isto nos concerne a nós todos.
Não nos exigem para atingir o heroismo de Zaevion Dobson de Tennessee,
que foi morto antes do Natal, enquanto protegia os seus amigos do tiroteio. Nós
não somos exigidos para exibir a boa vontade de inúmeras famílias de vítimas,
que se dedicam a acabar com essa violência sem sentido. Mas nós precisamos encontrar a coragem e a
vontade de mobilizar-nos, organizarmo-nos e fazer o que um país forte e sensato faz em resposta a uma
crise como esta.
Todos
nós carecemos de exigir líderes suficientemente corajosos para enfrentar as
mentiras do lobby das armas. Todos nós carecemos de nos levantar e proteger os
nossos concidadãos. Todos nós precisamos exigir que os governadores, prefeitos
e nossos representantes no Congresso façam a sua parte.
A mudança será difícil. Não vai acontecer da noite para o dia. Mas
assegurar o direito de voto da mulher não aconteceu do dia para a noite. A liberação dos afro-americanos tampouco
aconteceu dessa forma. Avançando os
direitos na América de lésbicas, gays, bissexuais e transsexuais exigiu o equivalente a décadas
de trabalho.
Tais
momentos representam a Democracia americana, e o Povo americano, no que tem de
melhor. Enfrentar essa crise da violência das armas vai requerer a mesma
incessante focalização, ao longo de muitos anos, em todos os níveis. Se nós
podemos confrontar este momento com a mesma audácia, nós realizaremos a mudança
que buscamos. E nós deixaremos um País
mais forte e mais seguro para nossos filhos. "
A
declaração, assinada por Barack Obama, Presidente dos Estados Unidos, foi
publicada na Página de Opinião de The New York Times"
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