Sem cobertura na imprensa, o
infeliz usuário do transporte coletivo no Rio de Janeiro topou nesta
segunda-feira, com mais um aumento nas passagens. Concedido em silêncio pela
administração Eduardo Paes, os concessionários deste péssimo serviço ao carioca
impõem uma alta de quarenta centavos nos bilhetes para o transporte
metropolitano.
Rio de
Janeiro, a dita Cidade Maravilhosa, tem maltratado singularmente os usuários
desse transporte. Se o senhor Prefeito e sua claque deles se servissem - o que
é a regra em muitos países - eles sentiriam mais de perto a maneira brutal com que a indiferença por
qualquer respeito a condições mínimas de conforto é escrachada diante de passageiros sem
escolha.
A antiga
Cidade Maravilhosa vem ficando mais quente a cada verão. Mais do que
surpreender, revolta que o número de ônibus com ar condicionado continue
ridiculamente baixo.
Passar de
quarenta minutos a mais de uma hora em veículo em que a temperatura ambiente é ainda
mais alta do que a da rua não é um acaso para o carioca.
Que se venha
onerar ainda mais o usuário, para repetir a expressão, mais do que uma
besteira, é uma violência contra esse público que tem de utilizar ônibus em
estado deficiente de conservação, e ainda por cima transformados em verdadeiras
saunas rodantes.
É imoral e
antiético que a Prefeitura do Senhor Paes, tão preocupado com os seus lances
publicitários (tipo Paes, o taxista simpático, ou Paes, o anfitrião olímpico)
não encontre tempo para corrigir uma jogada deplorável e tão desconfortável
para o passageiro - obrigado pelo trabalho diário a servir-se desses sonoros
calhambeques que constituem a maior parte da frota do transporte coletivo no
Rio - do que forçá-lo a atravessar e
muita vez ficar parado no trânsito, como agora é comum na Lagoa, dentro de
condições de temperatura (acentuada pela costumeira superlotação) que não são
compatíveis com uma administração que se quer moderna.
Qual a
razão de deixar os ônibus
climatizados em um número ridículo, o que caracteriza o tokenismo [1](estão
aí para inglês ver), quando deveriam ser a regra. Nesse aspecto, grita aos céus
a necessidade de modernizar a frota dos ônibus, hoje coleção de
calhambeques, saunas que tornam os longos trajetos, em que a ZN, o
ponto de embarque dos coletivos, está bastante afastada do Centro e da Zona
Sul, aonde desembarcam os usuários.
Agora ao
invés de uma atualização no conforto e no respeito ao seu público, o serviço de
ônibus, essa concessão da municipalidade, chega mais cara ao usuário, com o
mesmo velho e cínico desconforto, enquanto em São Paulo o Senhor Fernando
Haddad, do PT - e ele pensa reeleger-se! - também aumenta o transporte coletivo.
Onde estás,
espírito das passeatas de junho de 2013, que não mais te vejo?
( Fonte: Folha de S. Paulo _
[1] Palavra de origem inglesa,
que reflete a tentativa de iludir o usuário com o emprego esporádico de um
recurso, para dar-lhe a impressão de que o parcial seria, a realidade, quando,
na verdade, não passa de uma exceção à regra do desserviço habitual..
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