quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Rescaldo do Ano Velho


                              

           O presidente do PT, o Sr. Rui Falcão tem as suas coordenadas, que podem variar segundo as próprias conveniências e o sistema interno de alianças das diversas correntes petistas.

          Ele continua atuando como se o Governo Dilma não enfrentasse avaliação tão baixa de parte da opinião pública, e continuasse surfando na maionese.

          A involução da influência petista é (a) consequência direta do envolvimento de tantos figurões do partido da estrela solitária com o submundo da corrupção - os seus dois últimos tesoureiros estão atrás das grades, por força de circunstâncias que muitos militantes petistas (ativos, sinceros mas vivendo em mundo à parte que semelha negar ou desconhecer os fenômenos do Mensalão (no passado) e hoje do Petrolão; e (b) do pior governo republicano de que se tenha memória, qual seja o Dilma I e o cambaleante Dilma II.

          Rui Falcão está sempre preocupado em opinar, como vem de fazê-lo mais uma vez agora, em que pede ousadia econômica ao Dilma II, e consegue, assim, desagradar a gregos e troianos no definhante estamento  do PT.

          Conheço Sua Excelência somente através da página impressa dos jornalões, e não de hoje. Recordaria o quanto infernizou Erundina, na época Prefeita da Paulicéia, a tal ponto que este antigo quadro petista, na primeira oportunidade, consubstanciada pelo convite de Itamar Franco, preferiu mandar-se do Partido dos Trabalhadores para os braços de outras organizações partidárias.

          Desta feita, sem consultar vivalma - que se saiba - o presidente nacional do PT reentrou na arena política, através de mensagem de fim de ano, em que cobra ousadia na condução da política econômica e ataca a perspectiva de alta da taxa de juros em janeiro p.f.

           Dando a impressão de estar descoordenada com os frenéticos esforços de Jaques Wagner de lidar com os colossais erros dos dois Governos Dilma,  não creio que a voz de Rui Falcão logrará alguma coisa além de causar irritações e até mesmo - em circunstâncias determinadas - exasperações nos inquietos conciliábulos do acuado e declinante poder petista, que muita vez só semelha comunicar-se através de dois ou mais dedos cerrados das mãos respectivas.

           Será precipuamente nisso que residiria o interesse de Sua Excelência? Seria demasiada intromissão ousar interpretá-lo como incomodar se possível, e assim marcar afirmativa e vigorosa presença? Consta, segundo comentam as boas línguas, que o senhor Falcão firmemente acredita ser merecedor dessas atenções reflexas em todos os azimutes (como costumam dizer os gauleses de boa cepa).

               Agora, no caso de tão sopesada estratégia não funcionar, será que  o silêncio traduziria indiferença? Ou quiçá reste a opção da notinha meio atravessada, plantada junto a cupincha jornalista?

                Aguardemos para observar como reage o senhor Presidente do Partido dos Trabalhadores.

                Entrementes, as diferentes e transidas instâncias, tremem.

 

( Fonte: Folha de S. Paulo )

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