A Bolsa subiu ontem 3,29% e o dólar americano, vejam só,
caíu para R$ 3,749. Quando a
economia reage favoravelmente a tropeços da governança petista, dois
pensamentos me vêm à mente: (a) a pobre analista financeira que foi despedida
sumariamente pela direção de banco espanhol com sucursal no Brasil, em penosa
demonstração de sentimentos menos nobres; e (b) nem sempre a má notícia para
alta personalidade nacional tenderá a ser vista de forma negativa pelo que se
convenciona chamar de 'o mercado'.
Depois de um
longo inverno, o investidor na Bolsa quer acreditar que o anúncio do impeachment seja a boa nova, pelo que
essa notícia carrega de ruim para o governo petista de Dilma Rousseff.
Nesse caso,
o salto na Bolsa corresponde à reação de esperança no que possa acontecer
politicamente com a Presidenta. Essa crise econômico-financeira que o Brasil
atravessa é toda ela da feitura de Dilma. Embora a administração petista diga o
contrário - posto que seja provável que muitos simpatizantes do Partido dos
Trabalhadores ou a ele vinculados não terão coragem de negar ao próprio
travesseiro quem, por especial
incompetência, é o principal motor dessa inacreditável conjunção de erros - o
que é indubitável é a categoria, o simbolismo e o peso da petição que requer o impeachment
de Dilma Rousseff.
Desmerecer da
autoria deste documento é erro grosseiro (e nesse adjetivo cabe mais de uma
característica a ser atribuída àqueles que na ânsia de derrubar o que acreditam
lhes ameaça o futuro partem para juízos e ofensas que mais próprios estariam em
outros colégios menos nobres).
Todos nós
sabemos quão preza a verdade a Exma. Senhora Dilma Rousseff. Por outro lado,
quem colocou o Senhor Eduardo Cunha na presidência do Congresso não foi o Povo
Brasileiro, mas o plenário da Câmara, em votação livre e não submetida a
contestações. O PT apresentou um bom candidato, o deputado Arlindo Chinaglia,
mas faltou profissionalismo à Casa Civil de então para ensejar-lhe a vitória.
Por outro
lado, a petição do impeachment é da
autoria do Dr. Hélio Bicudo e de outros juristas de nomeada. Hélio Bicudo é exemplar raro do petista de
antigamente, com conduta irreprochável.
Ao ensejo do Mensalão, o
primeiro grande escândalo que sacudiu o PT e o seu presidente, o Dr. Bicudo não
hesitou em sair do partido.
Mais uma vez,
ele se dispôs a intervir de persona,
ao julgar que a iniciativa do impeachment,
já validada pelas pedaladas condenadas unanimemente pelo TCU, se justifica de forma plena.
Será a
segunda vez que, sob a Constituição de 1988, o Congresso se reunirá para
avaliar e decidir sobre processo de impeachment.
Em termos de
força política, a Presidente Dilma Rousseff é muito diversa de seu antecessor,
Fernando Collor. Este era apoiado por pequeno partido. Ela tem às suas costas
um grande partido, embora a presente força do PT, combalido pela Operação
Lava-Jato e o magno escândalo do Petrolão, nos indique que a sua
presente bancada está inchada e desproporcional diante da atual realidade
política. Creio que nem um energúmeno hoje se aventuraria a asseverar que a
representatividade do PT na sociedade continua a mesma, se comparada com aquela
que saíu do pleito de 2014.
Foi essa
falta de representatividade que corroeu o segundo governo de Dilma, tanto que o
próprio Ajuste Fiscal, proposto por tributarista
competente como o Ministro Joaquim Levy
não se traduziu em realidade.
Por falar
em realidade, ela é a maior inimiga de quem gosta de que a chamem de Presidenta. No exercício da Presidência,
Dilma tem sido um verdadeiro desastre. Quem o afirma é o Povo brasileiro que
depois de elegê-la por pequena diferença de Aécio Neves, teria logo depois o
chamado estalo do Padre Vieira, e acordaria para um juízo severo, implacável
mesmo da Primeira Mandatária da Nação.
Não só por
faltar-lhe qualidades de liderança, mas também pela gestão ruinosa da economia,
Dilma nos trouxe a inflação de volta (e estamos agora numa de dois dígitos), e
de cambulhada mais outra recessão, que os expertos não excluem se possa
transformar em depressão.
Compreende-se, por conseguinte, que em razão das descaradas mentiras nos
debates eleitorais, e o vexame na economia, sua popularidade haja despencado, caindo para cerca de 10% da opinião pública, que compete com os índices mais baixos de
nossa história.
Fundados
na esperança de vencer com a força do passado a ameaça presente, os partidários
de Dilma já demonstraram que têm pressa
em termos de procedimento. Para eles, quanto mais rápido, melhor.
Quem já administrou tantos desastres - e o último foi o de Mariana, para o qual a
Senhora só achou tempo para visitar cerca de uma semana depois - a pressa será sempre inimiga da perfeição e de
resultados que correspondam ao verdadeiro sentir da Nação.
Assim, é
importante que o debate seja amplo e não de afogadilho. A Nação deseja igualmente dele participar. Negar-se a tanto equivaleria a cortejar mais
um resultado não conforme ao sentir da opinião pública.
Calma,
por conseguinte, se pede a quem até há pouco parecia bem que fosse diferida a
apresentação da petição do Dr. Hélio Bicudo. O processo de impeachment é coisa séria, que demanda debate e aprofundamento, e
não soluções precipitadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário