sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O Mercado quer vê-la pelas costas...


                                    

         A Bolsa subiu ontem 3,29% e o dólar americano, vejam só, caíu para R$ 3,749. Quando a economia reage favoravelmente a tropeços da governança petista, dois pensamentos me vêm à mente: (a) a pobre analista financeira que foi despedida sumariamente pela direção de banco espanhol com sucursal no Brasil, em penosa demonstração de sentimentos menos nobres; e (b) nem sempre a má notícia para alta personalidade nacional tenderá a ser vista de forma negativa pelo que se convenciona chamar de 'o mercado'.

          Depois de um longo inverno, o investidor na Bolsa quer acreditar que o anúncio do impeachment seja a boa nova, pelo que essa notícia carrega de ruim para o governo petista de Dilma Rousseff.

          Nesse caso, o salto na Bolsa corresponde à reação de esperança no que possa acontecer politicamente com a Presidenta. Essa crise econômico-financeira que o Brasil atravessa é toda ela da feitura de Dilma. Embora a administração petista diga o contrário - posto que seja provável que muitos simpatizantes do Partido dos Trabalhadores ou a ele vinculados não terão coragem de negar ao próprio travesseiro quem, por especial incompetência, é o principal motor dessa inacreditável conjunção de erros - o que é indubitável é a categoria, o simbolismo e o peso da petição que requer o impeachment  de Dilma Rousseff.

         Desmerecer da autoria deste documento é erro grosseiro (e nesse adjetivo cabe mais de uma característica a ser atribuída àqueles que na ânsia de derrubar o que acreditam lhes ameaça o futuro partem para juízos e ofensas que mais próprios estariam em outros colégios menos nobres).

         Todos nós sabemos quão preza a verdade a Exma. Senhora Dilma Rousseff. Por outro lado, quem colocou o Senhor Eduardo Cunha na presidência do Congresso não foi o Povo Brasileiro, mas o plenário da Câmara, em votação livre e não submetida a contestações. O PT apresentou um bom candidato, o deputado Arlindo Chinaglia, mas faltou profissionalismo à Casa Civil de então para ensejar-lhe a vitória.

         Por outro lado, a petição do impeachment é da autoria do Dr. Hélio Bicudo e de outros juristas de nomeada.  Hélio Bicudo é exemplar raro do petista de antigamente, com conduta irreprochável.  Ao ensejo do Mensalão, o primeiro grande escândalo que sacudiu o PT e o seu presidente, o Dr. Bicudo não hesitou em sair do partido.

         Mais uma vez, ele se dispôs a intervir de persona, ao julgar que a iniciativa do impeachment, já validada pelas pedaladas condenadas unanimemente pelo TCU, se justifica de forma plena.

         Será a segunda vez que, sob a Constituição de 1988, o Congresso se reunirá para avaliar e decidir sobre processo de impeachment.

         Em termos de força política, a Presidente Dilma Rousseff é muito diversa de seu antecessor, Fernando Collor. Este era apoiado por pequeno partido. Ela tem às suas costas um grande partido, embora a presente força do PT, combalido pela Operação Lava-Jato e o magno escândalo do Petrolão, nos indique que a sua presente bancada está inchada e desproporcional diante da atual realidade política. Creio que nem um energúmeno hoje se aventuraria a asseverar que a representatividade do PT na sociedade continua a mesma, se comparada com aquela que saíu do pleito de 2014.

            Foi essa falta de representatividade que corroeu o segundo governo de Dilma, tanto que o próprio Ajuste Fiscal, proposto por tributarista competente como o Ministro Joaquim Levy não se traduziu em realidade.

           Por falar em realidade, ela é a maior inimiga de quem gosta de que a chamem de Presidenta. No exercício da Presidência, Dilma tem sido um verdadeiro desastre. Quem o afirma é o Povo brasileiro que depois de elegê-la por pequena diferença de Aécio Neves, teria logo depois o chamado estalo do Padre Vieira, e acordaria para um juízo severo, implacável mesmo da Primeira Mandatária da Nação.

           Não só por faltar-lhe qualidades de liderança, mas também pela gestão ruinosa da economia, Dilma nos trouxe a inflação de volta (e estamos agora numa de dois dígitos), e de cambulhada mais outra recessão, que os expertos não excluem se possa transformar em depressão.

            Compreende-se, por conseguinte, que em razão das descaradas mentiras nos debates eleitorais, e o vexame na economia,  sua popularidade haja despencado, caindo  para cerca de 10% da opinião pública, que compete com os índices mais baixos de nossa história.

             Fundados na esperança de vencer com a força do passado a ameaça presente, os partidários de Dilma  já demonstraram que têm pressa em termos de procedimento. Para eles, quanto mais rápido, melhor.

             Quem já administrou tantos desastres - e o último foi o de Mariana, para o qual a Senhora só achou tempo para visitar cerca de uma semana depois - a pressa será sempre inimiga da perfeição e de resultados que correspondam ao verdadeiro sentir da Nação.

              Assim, é importante que o debate seja amplo e não de afogadilho.  A Nação deseja igualmente dele  participar.  Negar-se a tanto equivaleria a cortejar mais um resultado  não  conforme ao sentir da opinião pública.

              Calma, por conseguinte, se pede a quem até há pouco parecia bem que fosse diferida a apresentação da petição do Dr. Hélio Bicudo. O processo de impeachment é coisa séria, que demanda debate e aprofundamento, e não soluções precipitadas.

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