Infelizmente, há casamentos incompatíveis e a união política entre Dilma
Rousseff e Joaquim Levy deu no que tinha que dar.
Não vou
repetir a velha estória do escorpião, mas a separação era inexorável e
inevitável.
A Presidenta
está demasiado imbuída das próprias ideias que, apesar de confusas, serão
artigo de fé para ela.
Se se
detivesse um tantinho só e olhasse em torno, ela se daria talvez conta do
estrago que já fizeram, não só ao famoso mercado, mas a toda gente brasileira,
que sentiu fundo a volta à inflação, com todos os males a que o dragão pensa
ter direito.
Levy chegou
com a segurança dos que sabem o dever de casa, mas inebriados, seja pelos
eflúvios do poder, seja pela própria confiança de quem domina o mister, não se
deu conta de que havia entre o céu e a terra outro fator sobre o qual não
dispunha de controle durável.
No início, a
despeito e talvez um pouco por causa de sua imensa culpa em cartório, a
Rousseff afrouxou as rédeas, cedendo por muito pouco tempo a iniciativa ao
Ministro.
A quebra
dessa obediência de circunstância não poderia durar muito,
porque a Presidenta não tem ideias firmes mas convicções inabaláveis no acerto
de sua visão econômica. E fundada no
diploma de economista, não haverá desgraça, tropeço ou mesmo vexame que a
convença do contrário.
E a nossa
sorte - desfazimento do Plano Real e da Lei de Responsabilidade Fiscal são as
suas duas maiores anti-realizações - e as Pedaladas pelas quais foi condenada
por unanimidade pelo colendo Tribunal de Contas da União estão aí para garantir
não o seu renome mas a sua triste passagem à frente do Erário.
Enquanto o
poder estiver em suas despreparadas mãos, o resultado será o mesmo.
E foi por isso
que o famoso mercado não poderia dar fé ao substituto de Joaquim Levy. Nelson
Barbosa é petista de carteirinha, e já tinha sido domado quando curvou a cabeça
diante daquela reprimenda pública que lhe pespegou a Senhora Presidenta,
tomando-lhe satisfações sobre os inaceitáveis
supostos novos critérios para o
cálculo da atualização do Salário Mínimo. Até aquele momento, Barbosa pensava
que as rédeas da Fazenda Pública as tinha o Levy. A chamada pública e o carão
mesmo com que ela visitou o Ministro do Planejamento lhe terá aclarado as
idéias. Não terá sido o estalo de Padre Antônio Vieira, porque o nosso grande orador sacro depois dele
mostrou-nos maravilhas. Já o Barbosa voltou cabisbaixo da bronca pública
levada, para que ninguém mais ousasse pensar que ela toleraria qualquer mexida
nos seus critérios sacrossantos, mesmo que inflacionários (como no caso, com a
atualização dos corretores do salário mínimo até pelos dados do crescimento
econômico). E não me venha com o contra-argumento que com Dilma não há
crescimento, porque para ela estará garantido, junto com a inflação, a inchação
do salário mínimo... Ela acredita tanto em tais fetiches, que na prática, com
carestia ou não, ela trata de aumentar os salários, mesmo que o efeito seja
contrário...
Por isso,
talvez seja melhor não espichar demais essas linhas, porque o fim da missão de
Joaquim Levy estava anunciado desde o começo.
Como todos
os energúmenos (aquele que segundo o grego antigo está possuído por demônios ou
energias sobre as quais não tem controle), ela não tem dúvidas, mas firmes,
inabaláveis certezas.
Que alguém
com tal personalidade (e levíssima bagagem doutrinária) logre chegar à
presidência de um grande país, acarreta mais cedo do que tarde tristes
consequências para a população que, como rebanho de carneiros, abaixou a cabeça
e seguiu o palpite da vez do coronelão político.
Triste é a
sorte de um Povo que se pauta por tais tão destrambelhadas diretivas. E como o dragão que está de volta, regredimos no
tempo, e só para contentar gente que não está preparada para o mando da nave
Brasil.
Nesse
contexto, como mercado e o brasileiro estão cansados de fazer papel de bobo,
quem poderia meter-se na cachola que um apparatschik
petista como Nelson Barbosa, o das propostas orçamentárias com enormes
déficits (a secreta fórmula de Dilma que deu no que deu), vá nos aprontar outra
coisa senão mais notas negativas das agências de classificação de risco e o que
é muito pior, a volta reforçada da inflação?
( Fontes: O Globo,
Folha de S. Paulo )
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