terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Obama e o ISIS


                                             

       O discurso para a Nação americana do Presidente Barack H. Obama, realizado no gabinete presidencial (oval office) sublinhou a relevância da iniciativa do 44º Presidente dos Estados Unidos da América.

       A intervenção presidencial reflete a gravidade do ataque desfechado em San Bernardino, na Califórnia, por um casal de muçulmanos, Syed Rizwan Farook, com 28 anos, e sua esposa, Tashfeen Malik, com 29.

        Diante de reações exacerbadas e mesmo demagógicas, como a de Donald Trump, candidato presidencial pelo GOP, de não mais admitir a entrada nos Estados Unidos de muçulmanos, o discurso de Obama, grave mas sereno, contribui para dar ao episódio a devida relevância, posto que dentro dos respectivos limites do bom senso.

         As informações transmitidas pelo Presidente sublinham que o casal se radicalizara, mas agira de forma isolada, excluindo-se uma iniciativa como a ocorrida em Paris. Nesse sentido, as investigações até hoje afastam qualquer participação do E.I.

         Estabeleceu-se que Farook tinha idéias radicais antes de relacionar-se com a futura esposa. Esta estudou cerca de ano no centro Al-Huda,  escola de viés conservador em Multan, no centro do Paquistão. Al-Huda é uma cadeia de instituições voltada para mulheres com bom nível de estudos e das classes mais favorecidas. Al-Huda recomenda às respectivas alunas que cubram a cabeça e estudem o Corão. Não há até hoje qualquer sinalização de viés jihadista.

          Até o momento, o FBI não estabeleceu qualquer ligação com o E.I. no atentado contra o Centro de Paternidade Planejada, em San Bernardino, onde foram trucidadas catorze pessoas.

          O casal aperfeiçoou a própria capacidade de tiro em sítios de treinamento na região de Los Angeles, inclusive um próximo da área do ataque pelo casal. Essa prática se estendeu até poucos dias antes do atentado.

          Farook nasceu nos Estados Unidos, mas ao contrário de o que se imaginara, já tinha  visão radical antes de casar-se com Tashfeen. Esta obtivera no segundo semestre de 2014, um visto estadunidense K-1, conhecido como visto para noivos, o que a habilitara a interromper seus estudos no Al-Huda e viajar para os Estados Unidos.

           Além da motivação radical, por enquanto tudo leva a crer que o casal atuou de forma isolada, sem seguir instruções de organização jihadista.

             Em sua intervenção televisada, o Presidente Obama deixou claro que nada fora apurado quanto a eventuais laços com o Exército Islâmico.

             Recomendou cautela ao povo americano, e disse que acionará o  Congresso (hoje sob controle da maioria republicana nas duas câmaras) para que modifique a legislação extremamente liberal existente no momento sobre a aquisição e posse de armas de alto poder de tiro. Diga-se, en passant, que é muito pouco provável que Obama logre isso da oposição. Mesmo quando dispunha de maioria no Senado, nada fora obtido, dadas as ligações (e o temor) dos congressistas com a poderosa National Rifle Association (NRA).

             Além de aludir, en passant,  à triste hodierna característicaa na Nação estadunidense dos morticínios causados por elementos isolados, com o seu macabro número de mortos, Obama foi enfático na necessidade de que haja  mais rigorosos registros e condições de acesso a esse tipo de armas de grande capacidade letal,  bastante mais estritos e severos do que os atualmente em vigor.

             Nesse sentido, ao enfatizar que os Estados Unidos tudo farão para neutralizar o Exército Islâmico, sublinhou que não se cairá nos erros anteriores. Assim, se evitarão as campanhas militares através de exércitos, com os desastrosos e onerosos resultados sofridos no passado (V. Vietnam e Iraque), por via de outras estratégias, voltadas à multiplicidade de meios de fazer frente a tal grave ameaça à civilização.

             Acentuou que não se dará facilidades ao E.I., e que ele continuará a ser combatido com os bombardeios e as necessárias alianças, para que venha a ser enfraquecido e afinal dominado, de acordo com a programação que já está sendo seguida. Nesse sentido, Obama mencionou a série de países que adere a esta estratégia, inclusive com a assistência do Ocidente, da Turquia e da própria Rússia.

              Alertou, porém, contra medidas e reações mais ditadas pela xenofobia, do que por real avaliação de desafios e ameaças no terreno. Evitar-se-á que o modo de vida americano possa vir a ser afetado pelos eventuais ataques de indivíduos radicalizados, além de quaisquer outras iniciativas que tenham  estampo terrorista.

 

( Fontes: The New York Times, inclusive discurso de Obama )

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