O discurso para a Nação americana do Presidente
Barack H. Obama, realizado no gabinete presidencial (oval office) sublinhou a
relevância da iniciativa do 44º Presidente dos Estados Unidos da América.
A intervenção presidencial reflete a
gravidade do ataque desfechado em San Bernardino, na Califórnia, por um casal
de muçulmanos, Syed Rizwan Farook, com 28 anos, e sua esposa, Tashfeen Malik,
com 29.
Diante de reações exacerbadas e mesmo
demagógicas, como a de Donald Trump,
candidato presidencial pelo GOP, de não mais admitir a entrada nos Estados
Unidos de muçulmanos, o discurso de Obama, grave mas sereno, contribui para dar
ao episódio a devida relevância, posto que dentro dos respectivos limites do
bom senso.
As informações transmitidas pelo
Presidente sublinham que o casal se radicalizara, mas agira de forma isolada,
excluindo-se uma iniciativa como a ocorrida em Paris. Nesse sentido, as investigações até hoje
afastam qualquer participação do E.I.
Estabeleceu-se que Farook tinha idéias
radicais antes de relacionar-se com a futura esposa. Esta estudou cerca de ano
no centro Al-Huda, escola de viés conservador em Multan, no centro do
Paquistão. Al-Huda é uma cadeia de instituições voltada para mulheres com bom
nível de estudos e das classes mais favorecidas. Al-Huda recomenda às respectivas
alunas que cubram a cabeça e estudem o Corão.
Não há até hoje qualquer sinalização de viés jihadista.
Até o momento, o FBI não estabeleceu
qualquer ligação com o E.I. no atentado contra o Centro de Paternidade
Planejada, em San Bernardino, onde foram trucidadas catorze pessoas.
O casal aperfeiçoou a própria capacidade
de tiro em sítios de treinamento na região de Los Angeles, inclusive um próximo
da área do ataque pelo casal. Essa prática se estendeu até poucos dias antes
do atentado.
Farook nasceu nos Estados Unidos,
mas ao contrário de o que se imaginara, já tinha visão radical antes de
casar-se com Tashfeen. Esta obtivera no segundo semestre de 2014, um visto
estadunidense K-1, conhecido como visto
para noivos, o que a habilitara a interromper seus estudos no Al-Huda e
viajar para os Estados Unidos.
Além da motivação radical, por enquanto tudo
leva a crer que o casal atuou de forma isolada, sem seguir instruções de
organização jihadista.
Em sua intervenção televisada, o
Presidente Obama deixou claro que nada fora apurado quanto a eventuais laços
com o Exército Islâmico.
Recomendou cautela ao povo
americano, e disse que acionará o
Congresso (hoje sob controle da maioria republicana nas duas câmaras) para que modifique
a legislação extremamente liberal existente no momento sobre a aquisição e posse de armas
de alto poder de tiro. Diga-se, en passant, que é muito pouco provável que
Obama logre isso da oposição. Mesmo quando dispunha de
maioria no Senado, nada fora obtido, dadas as ligações (e o temor) dos
congressistas com a poderosa National Rifle Association (NRA).
Além de aludir, en passant, à triste hodierna característicaa na Nação estadunidense dos morticínios
causados por elementos isolados, com o seu macabro número de mortos, Obama foi
enfático na necessidade de que haja mais rigorosos registros e condições de
acesso a esse tipo de armas de grande capacidade letal, bastante mais estritos e severos do
que os atualmente em vigor.
Nesse sentido, ao enfatizar que os
Estados Unidos tudo farão para neutralizar o Exército Islâmico, sublinhou que não
se cairá nos erros anteriores. Assim, se evitarão as campanhas militares
através de exércitos, com os desastrosos e onerosos resultados sofridos no
passado (V. Vietnam e Iraque), por via de outras estratégias, voltadas à multiplicidade
de meios de fazer frente a tal grave ameaça à civilização.
Acentuou que não se dará
facilidades ao E.I., e que ele continuará a ser combatido com os bombardeios e as
necessárias alianças, para que venha a ser enfraquecido e afinal dominado, de acordo com a programação
que já está sendo seguida. Nesse sentido, Obama mencionou a série de países que adere a esta estratégia, inclusive com a assistência do Ocidente, da Turquia e da própria Rússia.
Alertou, porém, contra medidas e
reações mais ditadas pela xenofobia, do que por real avaliação de desafios e ameaças no
terreno. Evitar-se-á que o modo de vida americano possa vir a ser afetado
pelos eventuais ataques de indivíduos radicalizados, além de quaisquer outras
iniciativas que tenham estampo
terrorista.
( Fontes: The New York Times, inclusive discurso de
Obama )
Nenhum comentário:
Postar um comentário