domingo, 13 de dezembro de 2015

Colcha de Retalhos C 48


                                    

Acordo do Clima em Paris

 

        Ao contrário do fracasso de Copenhague, em 2009, o Acordo de Paris está sendo saudado com um grande êxito.

        Como declarou o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, "Pela primeira vez, cada país do mundo se compromete a reduzir as emissões, fortalecer a resiliência e se unir  em uma causa comum para combater a mudança climática. O que já foi impensável se tornou um caminho sem volta."

        O próprio Presidente dos Estados Unidos,  Barack Obama ressaltou a qualidade do acordo e seu caráter obrigatório, o que não havia ocorrido em Copenhague.

        Por outro lado, os países ricos se comprometem com o desembolso de pelo menos cem bilhões por ano a partir de 2020 para projetos de redução de emissões nos países emergentes.

        Para o co-fundador da ONG 350.org, e especialista de nomeada na questão, Bill McKibben, o entendimento mostra  que os governos parecem reconhecer agora que a era dos combustíveis fósseis tem que acabar.

       Nesse sentido, McKibben asseverou: "o documento não salvou o planeta, mas salvou as chances para salvarmos.  Mas o poder  da indústria dos combustíveis fósseis está refletido no texto, que estende o período de transição de tal forma que danos sem fim serão causados ao clima. Já que o ritmo é a questão crucial agora, precisamos redobrar esforços para enfraquecer a indústria."

      O fato que Estados Unidos e China hajam mostrado flexibilidade constitui um fato positivo, mas será indispensável que o Império do Meio não continue com a sua política de poluição, como os entornos das megalópolis chinesas  não deixam de apontar.

      Quanto a nós, será necessário menos obaoba no pré-sal, o que antes de vir a ser explotado, já tende a ser taxado de obsoleto, seja por tratar-se de combustível fóssil, seja pelo alto custo de sua exploração, o que não torna rentável o petróleo extraído das camadas do pré-sal sob as condições atuais de mercado do preço médio internacional do barril.

      O carro elétrico deverá ser o veículo do futuro, mas quando terá ele condições de vencer a barreira do sobrepreço, e a sua produção se tornar rentável, tanto para as fábricas, quanto para os usuários ?

      O Brasil que, em má hora, escolheu o modelo feitoria para a sua indústria automobilística, transformando as nossas fábricas em simples sucursais, deverá aproveitar a mudança compulsória da matriz para nacionalizar a produção dos carros elétricos. Para tanto, o governo federal deveria apoiar projetos nesse sentido, para que não fiquemos sempre a reboque das matrizes americanas, europeias e asiáticas.

      Que a Nicarágua e até a Africa do Sul se dissociem do Acordo Global não fará diferença alguma à universalidade dessa legislação supranacional. Terão no caso dois trabalhos: o do voltar atrás e em silêncio cuidar de ajustar à nova realidade. Se não querem virar patética nota de pé-de-página que apenas enfatizaria a respectiva irrelevância.

         De qualquer forma, esperemos que a meta do documento seja cumprida, para que o aquecimento global fique bem abaixo de 2 graus Celsius, rumo ao 1,5 grau Celsius até o ano 2100.    

 

A Esmagadora Vitória da Oposição na Venezuela  

 

           Os resultados foram tão marcantes e a maioria da oposição tão forte e evidente, que não seria possível escamotear a derrota do chavismo.

           A Oposição disporá na Assembleia Nacional de 112 cadeiras contra 55 da Situação chavista.

           Note-se que diante do desgoverno chavista e apesar do voto na Venezuela ser facultativo, a população compareceu em massa, com 74,2% dos eleitores (que é marca parecida com a do Brasil, só que aqui o voto é obrigatório).

          Desta feita, no entanto, cerca de dois milhões de chavistas votaram... na oposição. Isto se deve, sobretudo, ao desgoverno chavista, a distribuição de benefícios e os seus gastos descontrolados, assim como o desrespeito à iniciativa privada. A própria situação da pobreza se agravou, e a responsabilidade foi atribuída à incompetência do governo.

          Por outro lado, "o apoio ideológico ao chavismo desapareceu. Sobrou apenas o voto utilitarista, das pessoas que acham que podem perder algo com o fim do regime, seja um cargo público, seja algum benefício." Esta é a opinião  da cientista política Elza Cardozo, da Universidade Simon Bolívar.

         Até os militares, cujo apoio tinha sido comprado à custa de muitas regalias e de aumentos salariais acima da média nacional, estão insatisfeitos. Assim, a impopularidade do Governo Maduro junto aos militares não difere daquela em pesquisas de opinião do restante da população.

         E tal se compreende facilmente, porque militares e o resto do Povo enfrentam a mesma situação. Assim, tomando 2005 como base, se naquele ano o PIB cresceu 10%, caíu 10% agora. A inflação passou de 17% em 2005 para 220% em 2015; a pobreza avançou de 54% da população para 76%; as reservas internacionais. caíram de 30 bilhões de dólares, para 15 bilhões, o que é até pouco, pelo despencar do preço do barril de petróleo, e pela presumível interrupção do esquema de distribuição para os países-hermanos de petróleo subsidiado. Também o total do desemprego parece duvidoso: caíu de 12% para 14% da população.

           Foi fundamental para assegurar a lisura do pleito e a vitória da oposição, a posição do Ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, que informou à cúpula chavista, em reunião no Forte Tiúna, em Caracas, uma semana antes das eleições, que não daria apoio militar  a qualquer tentativa  do governo de desrespeitar o resultado das urnas.

           Não é que faltassem intentos por parte do poder chavista de estufar as urnas. A tática mais usual consiste em fechar os centros de votação, mas manter as urnas eletrônicas ligadas durante várias horas. Então à noite, quando a população já está recolhida, chegam ônibus fretados e cheios de militantes para votar... em nome dos eleitores que se abstiveram. Desta feita, tal não foi possível, porque a oposição formou vasta rede de observadores em todo o país.  A própria reportagem da revista VEJA testemunhou a coragem dos moradores da favela La Vega, em Caracas, que se reuniram em frente a uma escola para prevenir a fraude.

            Ao cabo, o general Padrino apareceu na televisão, à frente de todo o alto-comando militar, afirmando que os resultados seriam respeitados, e que as Forças Armadas não aceitariam atos de violência nas ruas. O caudillo  Nicolás Maduro entendeu a mensagem e não lhe sobrou alternativa senão  a de recolher os colectivos, as milícias armadas do chavismo, e assumir a derrota.

            Com a caução do poder militar, por enquanto um poder moderador, surgiu nova situação política, não mais deformada pela fraude chavista. A oposição está disposta a levar até as ultimas consequências a sua vantagem. O consenso agora é que a mudança de governo deve ocorrer antes cedo do que tarde. Não parece factível aguardar-se na atual situação de desgoverno até 2019, data das próximas eleições presidenciais.  Entre as opções legais para diminuir o desastroso governo de Maduro, está a realização de um referendo revogatório (que foi tentada contra Chávez), com a capacidade de revogar o mandato de Maduro, e a convocação de nova Constituinte, para encurtar o mandato presidencial.

              Maria Corina Machado, do partido Vente Venezuela, defende a ideia de que Maduro reconheça a sua derrota e renuncie.

              No entanto, além do apego ao poder, funcionaria como razão para nele manter-se o temor de pessoas ligadas ao chavismo, que estariam envolvidas no tráfico internacional de cocaína. Segundo a reportagem da revista VEJA, dentre elas estariam Diosdado Cabello e parentes de Maduro.

             Segundo Carlos Guyon, um ex-chavista "eles sabem que o dia em que serão enviados para uma prisão americana se aproxima, e estão apavorados."

 

( Fontes:  The New York Times, O Globo,  VEJA )   

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