Acordo do Clima em Paris
Ao contrário do
fracasso de Copenhague, em 2009, o Acordo de Paris está sendo saudado com um
grande êxito.
Como declarou
o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban
Ki-moon, "Pela primeira vez, cada país do mundo se compromete a
reduzir as emissões, fortalecer a resiliência e se unir em uma causa comum para combater a mudança
climática. O que já foi impensável se tornou um caminho sem volta."
O próprio
Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama ressaltou a qualidade do
acordo e seu caráter obrigatório, o que não havia ocorrido em Copenhague.
Por outro
lado, os países ricos se comprometem com o desembolso de pelo menos cem bilhões
por ano a partir de 2020 para projetos de redução de emissões nos países
emergentes.
Para o co-fundador
da ONG 350.org, e especialista de
nomeada na questão, Bill McKibben, o entendimento mostra que os governos parecem reconhecer agora que
a era dos combustíveis fósseis tem que acabar.
Nesse sentido,
McKibben asseverou: "o documento não salvou o planeta, mas salvou as
chances para salvarmos. Mas o poder da indústria dos combustíveis fósseis está
refletido no texto, que estende o período de transição de tal forma que danos
sem fim serão causados ao clima. Já que o ritmo é a questão crucial agora,
precisamos redobrar esforços para enfraquecer a indústria."
O fato que
Estados Unidos e China hajam mostrado flexibilidade constitui um fato positivo,
mas será indispensável que o Império do Meio não continue com a sua política de
poluição, como os entornos das megalópolis chinesas não deixam de apontar.
Quanto a nós,
será necessário menos obaoba no pré-sal, o que antes de vir a ser explotado, já
tende a ser taxado de obsoleto, seja por tratar-se de combustível fóssil, seja
pelo alto custo de sua exploração, o que não torna rentável o petróleo extraído
das camadas do pré-sal sob as condições atuais de mercado do preço médio
internacional do barril.
O carro elétrico
deverá ser o veículo do futuro, mas quando terá ele condições de vencer a
barreira do sobrepreço, e a sua produção se tornar rentável, tanto para as fábricas,
quanto para os usuários ?
O Brasil que, em
má hora, escolheu o modelo feitoria para a sua indústria automobilística,
transformando as nossas fábricas em simples sucursais, deverá aproveitar a
mudança compulsória da matriz para nacionalizar a produção dos carros elétricos.
Para tanto, o governo federal deveria apoiar projetos nesse sentido, para que
não fiquemos sempre a reboque das matrizes americanas, europeias e asiáticas.
Que a Nicarágua
e até a Africa do Sul se dissociem do Acordo Global não fará diferença alguma à
universalidade dessa legislação supranacional. Terão no caso dois trabalhos: o
do voltar atrás e em silêncio cuidar de ajustar à nova realidade. Se não querem
virar patética nota de pé-de-página que apenas enfatizaria a respectiva
irrelevância.
De qualquer
forma, esperemos que a meta do documento seja cumprida, para que o aquecimento
global fique bem abaixo de 2 graus Celsius, rumo ao 1,5 grau Celsius até o ano
2100.
A Esmagadora Vitória da Oposição na Venezuela
Os resultados
foram tão marcantes e a maioria da oposição tão forte e evidente, que não seria
possível escamotear a derrota do chavismo.
A Oposição
disporá na Assembleia Nacional de 112
cadeiras contra 55 da Situação chavista.
Note-se que diante do desgoverno
chavista e apesar do voto na Venezuela ser facultativo, a população compareceu
em massa, com 74,2% dos eleitores
(que é marca parecida com a do Brasil, só que aqui o voto é obrigatório).
Desta feita,
no entanto, cerca de dois milhões de chavistas votaram... na oposição. Isto se
deve, sobretudo, ao desgoverno chavista, a distribuição de benefícios e os seus
gastos descontrolados, assim como o desrespeito à iniciativa privada. A própria
situação da pobreza se agravou, e a responsabilidade foi atribuída à
incompetência do governo.
Por outro lado, "o apoio
ideológico ao chavismo desapareceu. Sobrou apenas o voto utilitarista, das
pessoas que acham que podem perder algo com o fim do regime, seja um cargo
público, seja algum benefício." Esta é a opinião da cientista política Elza Cardozo, da
Universidade Simon Bolívar.
Até os
militares, cujo apoio tinha sido comprado à custa de muitas regalias e de
aumentos salariais acima da média nacional, estão insatisfeitos. Assim, a
impopularidade do Governo Maduro junto aos militares não difere daquela em
pesquisas de opinião do restante da população.
E tal se
compreende facilmente, porque militares e o resto do Povo enfrentam a mesma
situação. Assim, tomando 2005 como base, se naquele ano o PIB cresceu 10%, caíu
10% agora. A inflação passou de 17%
em 2005 para 220% em 2015; a pobreza
avançou de 54% da população para 76%; as reservas internacionais. caíram de 30
bilhões de dólares, para 15 bilhões, o que é até pouco, pelo despencar do preço
do barril de petróleo, e pela presumível interrupção do esquema de distribuição
para os países-hermanos de petróleo
subsidiado. Também o total do desemprego parece duvidoso: caíu de 12% para 14%
da população.
Foi fundamental
para assegurar a lisura do pleito e a vitória da oposição, a posição do
Ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir
Padrino López, que informou à cúpula chavista, em reunião no Forte Tiúna,
em Caracas, uma semana antes das eleições, que não daria apoio militar a qualquer tentativa do governo de desrespeitar o resultado das
urnas.
Não é que
faltassem intentos por parte do poder chavista de estufar as urnas. A tática
mais usual consiste em fechar os centros de votação, mas manter as urnas
eletrônicas ligadas durante várias horas. Então à noite, quando a população já
está recolhida, chegam ônibus fretados e cheios de militantes para votar... em
nome dos eleitores que se abstiveram. Desta feita, tal não foi possível, porque
a oposição formou vasta rede de observadores em todo o país. A própria reportagem da revista VEJA
testemunhou a coragem dos moradores da favela La Vega, em Caracas, que se
reuniram em frente a uma escola para prevenir a fraude.
Ao cabo, o general Padrino apareceu na
televisão, à frente de todo o alto-comando militar, afirmando que os resultados
seriam respeitados, e que as Forças Armadas não aceitariam atos de violência
nas ruas. O caudillo Nicolás Maduro entendeu a mensagem e não lhe
sobrou alternativa senão a de recolher
os colectivos, as milícias armadas do
chavismo, e assumir a derrota.
Com a
caução do poder militar, por enquanto um poder moderador, surgiu nova situação
política, não mais deformada pela
fraude chavista. A oposição está disposta a levar até as ultimas
consequências a sua vantagem. O consenso agora é que a mudança de governo deve
ocorrer antes cedo do que tarde. Não parece factível aguardar-se na atual
situação de desgoverno até 2019, data das próximas eleições presidenciais. Entre
as opções legais para diminuir o desastroso governo de Maduro, está a
realização de um referendo revogatório (que foi tentada contra Chávez), com a
capacidade de revogar o mandato de Maduro, e a convocação de nova Constituinte,
para encurtar o mandato presidencial.
Maria
Corina Machado, do partido Vente Venezuela, defende a ideia de que Maduro
reconheça a sua derrota e renuncie.
No
entanto, além do apego ao poder, funcionaria como razão para nele manter-se o
temor de pessoas ligadas ao chavismo, que estariam envolvidas no tráfico
internacional de cocaína. Segundo a reportagem da revista VEJA, dentre elas
estariam Diosdado Cabello e parentes de Maduro.
Segundo
Carlos Guyon, um ex-chavista "eles sabem que o dia em que serão enviados
para uma prisão americana se aproxima, e estão apavorados."
( Fontes:
The New York Times, O Globo, VEJA
)
Nenhum comentário:
Postar um comentário