sábado, 5 de dezembro de 2015

Novo ataque contra a Lava-Jato?

                      

        Desperta estranheza nos meios jurídicos um novo ataque contra a Lava-Jato. O ministro-relator da operação, no Superior Tribunal de Justiça, Ribeiro Dantas, votou a três do corrente a favor da revogação das prisões preventivas de Marcelo Odebrecht, presidente da construtora Odebrecht, e de Márcio Faria, um dos executivos da empreiteira preso por envolvimento no esquema de corrupção na Petrobrás.

        Como se sabe, o aludido Ministro Ribeiro Dantas fora citado em conversa gravada pelo filho do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró. Esse depoimento contribuíu, outrossim, para a prisão do Senador Delcídio  Amaral (PT-MS), e surpreende, assim, que com essa nova detenção do Senador Amaral - de resto, abandonado por todo o alto comando petista - o relator do STJ da Operação Lava-Jato se proponha liberar um dos principais  detidos pela Justiça penal de Curitiba, sob a atenção direta do Juiz Sérgio  Moro.

         É de notar-se, no entanto, a ausência de consenso no colegiado para a efetivação dos pedidos de  relaxamento da prisão de ambos os executivos, que foram suspensos por dois pedidos de vista dos respectivos processos.            

          Qual é a base da denúncia e prisão de Marcelo Odebrecht  e Márcio Faria? A dupla foi presa por denúncia de crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e corrupção ativa no esquema de desvios em contratos com a Petrobrás.

           Procurado (pela reportagem do Estado de S. Paulo), a defesa do Ministro Ribeiro Dantas afirmou que seu cliente não iria comentar a citação de seu nome nas conversas gravadas por Bernardo, filho de Nestor Cerveró. Um dia antes da prisão de Delcídio e Esteves, o mesmo relator da Lava-Jato no STJ já votara pela liberdade do presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques Azevedo. A esse respeito, o relator obtemperou que não é razoável que Odebrecht e Faria permaneçam presos até que todo o esquema seja revelado.

             Contudo, o propósito do relator da Operação Lava-Jato no Superior Tribunal de Justiça, o Ministro Ribeiro Dantas, de relaxar a prisão decretada pelo Juiz Sérgio Moro dos dois acusados (Marcelo Odebrecht e Márcio Faria) não levou, por enquanto, à liberação dessa dupla de réus da Lava-Jato.

             Em medida que não é incomum nos recursos jurídicos dos tribunais colegiais - como é o caso em tela - um pedido de vistas (que interrompe os prazos do processo ou da providência determinada por um juiz) pode ser fundamentado pelo interesse de informar-se melhor sobre o processo em tela, mas também por vezes reflete dúvidas do juiz-membro impetrante quanto ao acerto da medida proposta. Nesse sentido, o ministro Jorge Mussi solicitou mais tempo para a análise do caso de Marcelo Odebrecht. Por sua vez, o ministro Felix Fischer, presidente do colegiado, pediu vista no caso de Márcio Faria.

               Por fim, um dia antes da prisão de  Senador Delcídio Amaral (PT-MS) e do banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, o aludido relator da Lava-Jato no STJ votara pela liberdade do presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques Azevedo.

               Assinale-se, por oportuno, que desde tempo considerável, os presos na Operação Lava-Jato por determinação do Juiz Moro  continuam presos. A exceção que confirma a regra da manutenção prisional é dada pela situação do ex-diretor da Petrobrás, Renato Duque (havido como íntimo de José Dirceu). O relaxamento da prisão de Renato Duque fora a princípio decretado pelo ministro Teori Zavascki, do STF, que é, como se sabe, relator da Lava-Jato no Supremo. Mais tarde, com base em novos elementos de prova o ex-diretor da Petrobrás teve revogado o relaxamento de sua prisão, voltando ao cárcere de Curitiba, onde até hoje se encontra.

                Dada a importância que revestem as questões em tela, vamos acompanhar o destino do intentado relaxamento de prisão dos réus Marcelo Odebrecht e Márcio Faria, assim como  a situação do presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques Azevedo, em favor de cuja liberdade se manifestara o Ministro Ribeiro Dantas.

 

( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

      

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