Recomendo à
leitura a coluna de hoje, cinco de dezembro, de Miriam Leitão, sob o
título "Os pontos de uma Crise".
Talvez o
seu maior acerto, está na inclusão dos dois governos petistas, o de Lula da
Silva, e o de Dilma Rousseff. Não obstante, há excessiva cautela quanto à
corrupção, que é apresentada quase como se fora um ponto isolado fora da curva,
quando ela é nessa era um fenômeno geral, que tudo distorce.
Tampouco
empurrá-la para o décimo, derradeiro ponto do decálogo há de refletir o
verdadeiro enfoque das administrações petistas. Não se pode colocar em último
lugar algo que está na raiz de uma 'filosofia' de governo.
Posto que
as capitalizações, que tanto agradaram a Lula, sejam referidas implicitamente
(transferências de recursos do Tesouro ao BNDES), elas representaram um
problema fiscal, que também contribuíu para a inflação por onerar o Tesouro com
'contribuições' que não se fundavam em impostos, o que contribuía para
incrementar a pressão inflacionária.
Em
detrimento dos portos nacionais, cuja condição é conhecida, foram feitos
empréstimos ruinosos para uma ilha no Caribe, a fim de desenvolver um porto de
primeiríssimo mundo. Não espanta que na inauguração lá estivessem, com olhos
compridos e bocas salivantes, os homens-forte do esquema latino-americano
chavista.
Os erros de
Dilma e também de Lula, este decerto menores, não podem contudo ser
minimizados. Talvez os da pupila - que o chefe partidário fez eleger,
preterindo outros com mais experiência e tino executivo - sejam a catalização
dos desvios ocorridos nos oito anos de seu chefe partidário. Assim, sua
formação e compleição é consequência natural dos oitos anos de lulismo. Um não
existiria sem o outro.
Miriam
Leitão foi forçada a cortar outros ítens, cerceada pela sua procustiana lista.
A nossa política externa foi desvirtuada, com o rebaixamento do velho
Itamaraty, que se descobriu subordinado a diplomacia sindicalista, com tardos
laivos marxistas, de Marco Aurélio Garcia, e a virtual subordinação de
ministros fracos, que sequer são patéticas sombras do Patrono da carreira.
O
rebaixamento dos critérios de ingresso na diplomacia resultou em penosa desfiguração
da instituição, que se vai assemelhando, com poucas exceções, à planície da carreira, que
não fará mossa às dos ministérios de nossos hermanos.
O PT, para
nosso desdouro, fez estória ao revés. De certa maneira, como as Parcas (Cloto,
Láquesis e Atropos) cortou os laços da Casa de Rio Branco com os princípios de
Estado da carreira, aderindo à senda marginal da diplomacia de partido. O que
os militares, por serem carreira de Estado, jamais ousaram, a turma do PT,
movida pelos corcéis da paixão e do pouco conhecimento, não pestanejou, para
tanto se valendo de aliados de ocasião com as naturais e lamentáveis consequências.
Dicionário Mítico-Etimológico de Junito Brandão )
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