Os jornalões da
segunda-feira são mais discretos com relação aos protestos do domingo.
Como de hábito, a Folha procura acolher todas as
tendências, deixando no leitor o travo, por vezes amargo, de que, em buscando o mínimo
denominador comum, se perde na paisagem.
Assim, estampa na primeira página
foto aérea do boneco inflável 171-Lula, com uma faixa de impeachment e a nada compacta
marcha de manifestantes, encimando a manchete: 40 mil se reúnem no menor protesto anti-Dilma em SP, e logo
abaixo em letras menores: Adesão aos atos
cai depois da deflagração do impeachment.
Logo abaixo, o texto explica que "a primeira onda
de protestos após o início da tramitação do pedido de impeachment de Dilma
Rousseff levou menos gente às ruas do que manifestações anteriores."
Assim, "em agosto, ato contra o governo reuniu 135 mil. Em março, foram
210 mil pessoas. Para organizadores, que marcaram outro ato para treze de março
de 2016, o protesto, convocado às pressas, é uma prévia do que ocorrerá quando
o impeachment for votado".
"Na avaliação do
Planalto, a menor adesão reforça a sua
estratégia de buscar um desfecho rápido para o rito de impedimento e mostra
espaço para disputar a opinião pública com oposição".
"Órgãos de imprensa foram
criticados pelos grupos anti-Dilma durante o ato (sic)." Discursaram os
senadores José Serra e Aloysio Nunes Ferreira. "Um dos discursos mais
aplaudidos foi o de Hélio Bicudo, fundador do PT e autor do pedido de
afastamento da Presidente."
Na página interna (poder), a
apresentação frisa o número total pequeno do reinício das manifestações pelo
Brasil afora. Um mapa do Brasil mostra, no entanto, a capilaridade do protesto
popular que se espalhou em 51 cidades, e em todos os estados, com maiores
índices de manifestações em São Paulo
(onze), Minas Gerais (dez), Paraná (três), Santa Catarina (2) e Rio de
Janeiro (2).
Na manifestação paulistana, o
autor do pedido de afastamento de Dilma, Hélio Bicudo (93 anos) foi muito
aplaudido quando discursou no caminhão
do Vem pra Rua: "Nossos corações transbordam com o sentimento de justiça e na boca do povo
só há uma palavra: impeachment."
O chapa-branca PR, cujos
principais líderes aparecem na tevê em tomadas com declarações otimistas, resolveu
retaliar contra o Senador Magno Malta, defensor do impeachment e excluí-lo do programa que a sigla leva à TV na 5a.
feira. Chapas-branca agora, a medida atende à diretriz do Planalto de não dar
vida fácil a aliados que se mostrem favoráveis à deposição de Dilma...
Por sua vez, rivalizando com vantagem sobre a
Folha, o oposicionista O
Globo publica bela foto da praia de Copacabana tomada pelo povão, que
carrega faixa pró-impeachment. Apesar
do forte calor, há muita gente, a ponto de não se ver nem areia, nem asfalto,
nem calçadão... Só gente que acorreu ao chamado... e ao fundo, o mar de
Copacabana com a silhueta do Pão de Açúcar...
( Fontes: O
Globo, Folha de S. Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário