terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Que fazer de Corrupção e Subdesenvolvimento ?


                         

          Que me releve o leitor a insistência. Não há negar, porém, que o fenômeno da corrupção não preocupa à toa ao brasileiro. Tal qual uma hidra, ela sufoca a economia e, por conseguinte, muito mais que o desenvolvimento.

          Enquanto deparamos a seus próceres - pois eles, e não é de hoje, se localizam em pontos chaves da câmara das grandes decisões, aquilo que os italianos chamam la stanza dei bottoni[1] -, vemos a opinião consternada e angustiada por tal avanço e, em consequência, essa não tão lenta sufocação dos anseios e propósitos  da comunidade nacional.

         Se incha a insolência e a audácia dessas tristes personalidades que escolheram uma outra via para alcançar a riqueza que nelas é afrontosa opulência, pois que a tudo que está escrito nos livros e nos códigos de nossos maiores contrariam, e o que é pior, para muitos dão a impressão de que lograrão os seus torpes objetivos, a Nação brasileira por vezes recua, ao não ver refletidos à sua frente o exemplo e o perfil que devem constituir a norma e não a exceção nas altas curuis.

        Pode-se acaso desmerecer da sombria importância de tais símbolos, em que a audácia se dá as mãos com a insolência? Que lição se pode esperar dessa triste coorte, cujas carantonhas escrevem com grossas e atrevidas linhas o que significa o poder ser empolgado por essa gentalha?

        O Brasil não é Nigéria, nem deve adentrar nesse triste submundo em que tudo se falsifica, do remédio que deveria salvar vidas às posturas insolentes dos manda-chuvas de plantão, que podem arrotar e até arremedar  o gesto do líder autêntico, mas jamais a ele chegarão aos pés em exemplo, respeito e autoridade.

        Por uma série de circunstâncias, que nos atazanam a vida, já há muito soou a campainha de que é mais do que hora de livrar-nos dos falsos líderes e de uma torpe filosofia que pensa possível locupletar-se com a riqueza da Nação, enquanto se orquestra a opera bufa [2] com cujos trajes tentam vestir a democracia.

        A Sociedade Civil vê avançar o trabalho da Lava-Jato, e de todos os intentos que se propõem limpar o pátio (e o quintal!) deste Brasil, para que nos livremos dessa escória que se insinuou e crê ter-se apossado dos comandos de nossa Terra. Já decerto soou a hora de que está vencido o prazo das legislações adulteradas e mercantilizadas (como essas MPs que foram transformadas em ignóbeis balcões de negociata), assim como dessa súcia de partidos que em muitos casos são deboches quadrienais que nos visitam a cada pleito, nessa chusma de legendas de aluguel e de partidos com grandes ganâncias e projetos nenhum.

        O Brasil deveria livrar-se igualmente da sarcina do subdesenvolvimento. A corrupção não corrompe apenas aqueles que dela se locupletam, enquanto vendem na sua porta os ouropéis da riqueza e todas as canalhices do 171 e do restante vasto arsenal elencado pelo Código Penal.

          Ela distorce e desfigura a Nação, ao tentar torná-la exposta e indefesa a todo tipo de enfermidade e desgraça.

          Vejam, senhores passageiros, o quão ameaçados estamos todos nós, embarcados no bonde Brasil. Dizem que aqui faltam remédios, medicamentos e vacinas, mas o que mais carecemos é de atenção, cuidado, empenho e limpeza.

          Desde muito deblateramos contra um mosquito, e a ouvir quem assim fala, pode-se ter a impressão de que se trata de verdadeiro monstro.

          Na verdade, o monstro somos nós todos, Povo e Autoridades que deviam não só presidir, mas liderar pelo exemplo e a ação efetiva.

           Dizem que um mosquitinho, como o Aedes Aegypti  não poderia ter sobre nós tanto poder, nem acarretar tanta miséria, doença e morte.

           A verdade é que se o exemplo viesse de cima, e a consequente vontade se tornasse nacional pela seriedade, empenho, e, sobretudo, persistência, Nós poderemos vencer mais essa batalha, livrar-nos do vetor e, por conseguinte, desta enfermidade que é consequência da negligência, da preguiça, da ignorância e do estúpido egoismo coletivo.

           Somos apenas a Nação ou País do Futebol - e será que ainda somos depois do sete a um do Mineirão? - ou vamos afinal desmentir aos nossos detratores, e mostrar que somos mais fortes que um mosquito?   



[1] a câmara dos botões (de comando)
[2] ópera cômica.

Nenhum comentário: